O sucesso da banda Roupa Nova é inegável. O que comprova são os mais de 40 anos em plena atividade, promovendo shows sempre lotados e percorrendo todo o Brasil. É ainda um dos poucos grupos brasileiros que mantém a mesma formação: Cleberson Horsth, Ricardo Feghali, Kiko, Nando, Serginho Herval e Fábio Nestares, que assumiu os vocais, no lugar de Paulinho, que morreu em 2020. São gerações que são atravessadas pelas composições amorosas. Inclusive, 35 delas foram temas de novela, o que faz permear, ainda mais, o imaginário brasileiro.
Nesta sábado (3), o Roupa Nova chega a Juiz de Fora para mais um show, que vai acontecer no Ginásio Municipal Jornalista Antônio Marcos, com os portões sendo abertos às 19h. Além deles, completa a noite a banda Radio Taxi, formada também nos anos 1980 e com colecionáveis sucessos. Os ingressos podem ser adquiridos neste link.
Cleberson Horsth, tecladista do Roupa Nova, conversou com a Tribuna sobre a trajetória da banda, suas manutenções e continuações em vista de tantos anos com a mesma formação, além das maneiras de fazer com que a memória do Paulinho seja sempre preservada, sobretudo nos shows.
Tribuna de Minas: Primeiro, como é possível manter uma mesma formação por tantos anos?
Cleberson Horsth: Eu acredito que a nossa formação de mais de 40 anos, como já foi dito, se deva ao fato de uma amizade muito grande que nós temos, porque 40 anos juntos não é um tempinho. Então, a gente tem uma ligação muito forte de amizade e até mesmo de pensamento, apesar de sermos seis pessoas diferentes. Mas na hora, por exemplo, de fazer o arranjo, uma composição, o que uma canção pede, que tipo de letra, esses 40 anos contam muito. Acho que se deve a esse fato, principalmente, de nós sermos muito amigos.
Como é possível fazer músicas tão eternas?
O que torna uma coisa efêmera, na minha concepção, é ela não ter conteúdo, é uma coisa feita pra ser usada e pra ser consumida rapidamente. Isso pra mim torna uma coisa efêmera. E o que a gente procura é que o nosso trabalho não seja efêmero, quando a gente não se liga a modismos, não importa o que está na moda, importa o que tá na nossa cabeça, o que a gente quer fazer.
Eu acho interessante é que vocês, mesmo com tantos anos de estrada, não pararam de apostar em novidades. Queria que falasse sobre isso.
O que acontece é justamente o grande medo que nós temos de estagnarmos, de ficarmos parados no tempo, é justamente o que nos move e faz com que nós estejamos na estrada direto, graças a Deus, em uma média de três, quatro shows por semana, às vezes dois, cerca de 120 shows por ano. A gente procura manter a fidelidade àquilo que foi criado, porque eu acredito que o público vai ao show para cantar junto. Sonoramente, você inovar e visualmente também, sem descaracterizar os arranjos. Então, o que nos faz continuar produzindo é justamente porque a gente ama o que faz. Não sabemos e nem queremos viver de outra coisa que não seja a música, e isso faz com que a gente, por amar o que faz, esteja sempre procurando se atualizar. Hoje em dia, por exemplo, com relação a computadores, essas coisas: hoje a música não vive mais sem o computador. Eu sou contra o computador substituir o músico. Isso, não. Mas o computador auxiliar, eu sou completamente a favor.
Ouça o último álbum ao vivo do Roupa Nova:
O Roupa Nova perdeu o Paulinho. Como foi para vocês superar esse momento e como é, hoje em dia, honrar a memória dele?
Olha, falar do Paulinho vai ser para o resto da vida. Porque não acaba na cabeça de ninguém uma amizade de mais de quarenta anos. Quando a gente era jovem, às vezes , o Paulinho passava, e eu estava tocando violão na porta do meu prédio. Nem nos conhecíamos direito e ficávamos lá cantando Beatles, Roberto Carlos, Erasmo, que eram as músicas da nossa época. Depois o Paulinho foi pra um lado, eu fui pra outro, nunca mais nos vimos e fomos nos reencontrar no grupo Os Famks, que eram as iniciais dos nomes de pessoas de um grupo que já existia. Então fomos nos reencontrar nesse grupo e daí foi indo, e formou-se o Roupa Nova e só de Roupa Nova já são 44 anos. Então é uma amizade muito forte. O Paulinho jamais será esquecido, Deus sabe todas as coisas, todo mundo tem sua hora, mas o Paulinho jamais será esquecido por nós. Nos shows a gente faz uma homenagem ao Paulinho. E a gente está sempre falando sobre ele, nos shows, com essa homenagem, e em entrevistas, como agora eu estou falando. Paulinho será inesquecível, além de ser um grande amigo, era um excelente cantor, uma pessoa maravilhosa.
O show de vocês é sempre um espetáculo. Como chegaram nesse modelo?
Na nossa concepção, hoje em dia, e eu acho que na concepção de todo mundo do cenário pop rock, é diferente de você ir a um recital que é maravilhoso, um recital de ópera, de música clássica, de um recital mesmo, que a pessoa estar ali. Porque, nesse caso, o público está completamente calado, em silêncio, para ouvir. No cenário musical pop rock, a coisa é diferente, o público quer ver alguma coisa além de alguém só tocando, quer curtir, quer cantar junto, dançar, mas quer ver alguma coisa mais. A gente sempre teve isso na cabeça e é uma coisa que você vê lá fora também.
Juiz de Fora tem muito carinho por vocês. Queria que adiantasse como vai ser o show.
A recíproca é verdadeira, pois a gente sempre teve uma profunda interação com juiz-foranos, desde que tocávamos nesse grupo que eu te falei, que se chamava Os Famks. A gente fazia baile na época e nós tocamos muito em Juiz de Fora, muitas vezes, na FEA, por exemplo. E também com o Roupa Nova, já tocamos diversas vezes na cidade. Então, a recíproca é verdadeira, eu sou mineiro, então já tenho um amor por Minas Gerais de graça. O Ricardo é outro mineiro também. Então é isso: a gente tem um amor muito grande por Juiz de Fora, sempre fomos muito bem recebidos e esperamos poder fazer o nosso melhor para o público, que, mais uma vez, esperamos que seja um show como sempre participativo da galera cantando conosco, participando e brincando muito, tá? Se Deus quiser vai ser um showzaço.