Gênero americano por natureza, o jazz cruzou o Oceano Atlântico e foi mais uma vez parar na Europa. Mais precisamente na Holanda, onde músicos do Brasil e da Grécia uniram a vontade de fazer boa música para formar o trio de jazz instrumental Canvas, que lançou o álbum “Common ground”. Formado pelo juiz-forano Pedro Ivo Ferreira no contrabaixo e os gregos Nick Thessalonikefs (bateria) e Orestis Petrakis (piano), o Canvas entrega um trabalho independente e totalmente autoral, em que os temas se estendem de acordo com a disposição dos músicos em expandir os limites da boa música.
O trio instrumental é mais um dos projetos que Pedro Ivo desenvolve desde que se mudou para a Europa, em 2012. Antes disso, em 2011, ele chegou a lançar no Brasil um CD com o grupo InBloco. A primeira parada no Velho Continente foi na França, especificamente em Paris, onde estudou no CRR (Conservatoire à Rayonnementt Régional). Ele se mudou para a Holanda em 2014 a fim de terminar seu bacharelado no Conservatorium van Amsterdam. Antes do CD do Canvas, ele ainda participou de outros projetos. “Gravei um disco com um grupo chamado Nefertiti, de Paris, e com outro grupo chamado Beltway Bandits, de Amsterdã.”
O Canvas começou sua trajetória no final de 2014, segundo Pedro Ivo, quando os três entraram na faculdade. “Nos conhecemos fazendo uma jam e logo na semana seguinte já estávamos tocando material próprio. Tocamos juntos desde então, sempre enfatizando composições originais de nós três”, conta. O resultado surgiu em 2015, quando eles ganharam o “Incentive Prize” de uma competição de jazz local, chamada Keep an Eye Jazz Awards, que permitiu a eles pagar os custos do estúdio. “Pagamos os custos de prensagem e distribuição com as economias do trio provindas dos concertos”, acrescenta.
Influências
As gravações de “Common ground” ocorreram em janeiro e outubro de 2016, com o lançamento em maio deste ano. O trabalho foi produzido pelo próprio grupo. “O repertório é uma seleção das nossas músicas, optamos por fazer só autorais para valorizar as qualidades de composição de cada um. Nossas influências podem ser bem diferentes, até porque os outros integrantes são gregos, mas acho que o que a gente encontrou em comum foram artistas como Wayne Shorter, Brad Mehldau e Harmen Fraanje (professor do Conservatório de Amsterdã)”, lista o músico juiz-forano.
A recepção do CD, de acordo com Pedro, tem sido muito boa. “Estamos ainda no começo, logo depois do lançamento, entramos de férias e por isso não fizemos muitos shows ainda. Mas temos algumas datas já confirmadas no segundo semestre e estamos tentando organizar uma turnê na Europa até o fim do ano.” Além do trabalho com o Canvas, ele desenvolve outras atividades ligadas à música.
“No momento estou trabalhando num projeto meu com uma grande formação, nove músicos no total, o Noneto Desconcertante, em que escrevi alguns arranjos de músicas do Guinga, um dos meus favoritos no momento, e outros arranjos de composições próprias. O que eu tento fazer com esse projeto é exatamente o que ele faz com sua música: trazer uma sonoridade moderna mas sempre com respeito à tradição.”