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Para fazer o bolo crescer

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Caravana de Histórias está em atividade desde 2015. Foto: divulgação
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Quando a questão é saber como formar um público que torne a ida ao teatro uma regra e não uma exceção, muito se pensa em criar espaços, descentralizar os espetáculos, oferecer ingressos gratuitos ou a preços mais acessíveis. Pouco se pensa, no geral, em fazer com que esse público tenha uma imersão mais profunda no ofício da arte, não se apegando apenas à questão da presença ou da mera diversão passageira.

E é justamente para incentivar nesta audiência a voz ativa, com autonomia crítica, criativa e interpretativa, que o grupo Caravana de Histórias inicia, nesta segunda-feira (3), às 19h, na Praça CEU, em Benfica, o projeto “Formação de espectador”, com a apresentação do espetáculo “Se bicho eu pudesse ser”, de contação de histórias e com a participação das alunas do curso de magistério da Escola Estadual Presidente Costa e Silva. A entrada é franca.

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O projeto é um desdobramento da pesquisa do diretor do Caravana de Histórias, Cristiano Fernandes, em seu mestrado profissional em artes na UFMG, em que busca desenvolver ações pedagógicas e formativas com o professores e alunos antes da apresentação, a fim de que se forme nas instituições públicas de ensino a consciência da importância artística e cultural da contação de histórias.

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Ao mesmo tempo, busca-se criar entre o público uma nova visão a respeito do teatro como expressão artística, com uma postura mais imersiva em relação ao que acontece no palco.

Despertar a crítica

“Essa pesquisa veio ao encontro da minha necessidade como produtor de fazer a arte ficar mais próxima do público. É muito voltado para a prática, para os professores de escola pública. Foi meu orientador de mestrado quem sugeriu que fôssemos além, que pensássemos no espectador e numa pesquisa que refletisse sobre a importância do papel do espectador, que é algo que vem desde a década de 60”, explica Cristiano.

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“Nossa principal pesquisa é a formação do espectador, algo que vem diminuindo durante os anos. É preciso que o público perceba que não é passivo, que pode e deve ter consciência de uma autonomia crítica da obra teatral, perceber os elementos com que ele dialoga, não apenas a história.”

Foi questão, então, de desenvolver o projeto com os integrantes do Caravana de Histórias, em atividade desde 2015 e formado por professores, a partir de “Se bicho eu pudesse ser”, marcado por um diálogo entre várias linguagens artísticas, em que a contação de histórias é o carro-chefe, e há várias histórias interligadas por elementos teatrais, musicais e da literatura. “Também brincamos com lendas, cantigas de roda, jograis, para construir um diálogo entre as histórias, sem interrupções.”

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Para a apresentação desta segunda-feira, eles fizeram uma preparação antecipada com as alunas da Escola Estadual Presidente Costa e Silva após apresentarem a proposta e o conceito de contação de histórias. “Desenvolvemos alguns jogos teatrais, levamos elementos cênicos, fotos das apresentações e pedimos que elas construíssem algumas cenas, histórias, com esses elementos, para que tenham autonomia para essa contação.

Depois do espetáculo, vamos ter um bate-papo com essas alunas e o público para ver os resultados. É fundamental mostrar que existe essa interação entre o espectador e a obra de arte, que ele tem a autonomia de entender como é importante nesse processo. É um trabalho de longo prazo, de mostrar que não é somente entretenimento.”

O trabalho não pode parar

De acordo com Cristiano, o trabalho desenvolvido pelo grupo já vem sendo reconhecido não apenas pelo público das escolas, onde se concentra a maior parte das apresentações, como também por parte da classe artística, além de já terem recebido convites para se apresentar fora da cidade até o final do ano. Já o projeto “Formação de espectador” está com a agenda fechada até outubro e deve prosseguir como objeto de pesquisa de Cristiano até março de 2018.

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“Queremos manter o trabalho mesmo com o final do projeto de pesquisa, é uma vontade nossa continuar a formar público. Queremos conquistar não apenas o aluno, mas os professores também. Fazer com que eles realizem atividades depois das apresentações, que não seja uma mera interpretação, que isso possa ter um desdobramento maior. Que não seja visto como um passeio ou algo meramente pedagógico, mas também artístico.”

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