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Conheça a ‘tia Carol’, ilustradora e professora da Grimorium Escola de Artes

Carol
Carolina é formada em Design Gráfico, já atuou como social media, tem experiência em edição de vídeo e, também, já ilustrou e diagramou livros infantis. (Foto: Arquivo pessoal)
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Carolina Magalhães, carinhosamente conhecida como “Tia Carol” pelos seus alunos, é professora e diretora na Grimorium Escola de Artes, fundada pelo seu pai, Alberto Pinto. Nascida e criada em Juiz de Fora, a jovem de 25 anos é formada em Design Gráfico, já atuou como social media, tem experiência em edição de vídeo e, também, já ilustrou e diagramou livros infantis.

Sua paixão pela arte vem desde sua infância. “Eu sempre estive desenhando e colorindo, sempre gostei de coisas relacionadas à arte, música, poesia, escrita”, relembra. Seus pais, por sua vez, sempre incentivaram o lado artístico e cultural de Carolina, levando-a a eventos de leitura e de contação de história.

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“Não tem como eu falar do começo da carreira sem falar do meu pai”, expressa a professora. Alberto, ilustrador, chargista e cartunista, tornou o desenho uma parte integral na vida da jovem. Influência essa que, não apenas moldou seu talento, como também a paixão pela arte que, agora, é transmitida para seus alunos.

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Sua carreira como professora começou cedo, aos 16 anos, quando seguiu os passos de seu pai. “Desde pequena eu o acompanhava em palestras, workshops e oficinas. Ele tinha um vasto acervo de livros, revistas e materiais didáticos que levava para esses eventos. Isso me ajudou a perder o medo de palco e a me familiarizar com o ensino”. Alberto, ao perceber a dificuldade de conciliar todas as atividades, convidou seus alunos mais avançados, incluindo sua filha, para ajudar com suas aulas. “Assim, formamos uma equipe de ex-alunos que começou a desenvolver um método pedagógico próprio, que usamos até hoje na Grimorium”, completa a professora.

Assumindo a direção da escola de artes em 2019, Carolina busca explorar e se adaptar às novas demandas tecnológicas e estéticas. “Trabalhar na Grimorium é uma paixão para mim. Como diretora, cuido da organização e gestão da escola, mas também continuo a dar aulas de arte, ensinando crianças e adolescentes sobre criação de personagens, anatomia e composição.”

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Abordagem inclusiva

“Formamos uma equipe de ex-alunos que começou a desenvolver um método pedagógico próprio, que usamos até hoje na Grimorium”, destaca Carolina (Foto: Arquivo pessoal)

No cargo, Carolina viu uma oportunidade de implementar uma filosofia diferente de trabalho. “Eu queria criar um ambiente que priorizasse as pessoas, fosse os alunos ou os funcionários. Nossa metodologia valoriza o respeito, a individualidade e a liberdade de expressão,” diz Carolina. Ela destaca a importância de respeitar a diversidade de estilos e interesses dos alunos. 

Magalhães enfatiza que na Grimorium não existe “desenho feio”. “O que importa é a comunicação. Um desenho é bom se ele transmite a mensagem que o artista quer passar. Sempre digo aos alunos que se eles conseguem representar suas ideias no papel, eles são grandes artistas, independentemente da perfeição técnica”. Ela cita o exemplo de Picasso para ilustrar seu ponto. “Picasso desenhava de uma forma que muitos consideram feia, mas ele fazia isso de propósito para transmitir uma mensagem.”

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Segundo ela, essa abordagem inclusiva e encorajadora faz parte do diferencial da Grimorium. “Queremos que a escola seja um lugar onde os alunos possam ser eles mesmos, fazer amigos e se desenvolverem sem medo de julgamentos”. A professora acredita que o desenho é uma forma de expressão pessoal e que cada aluno deve ter a liberdade de explorar seu próprio estilo e visão.

Cultura pop e anime

Uma das poucas escolas da região a oferecer especialização em mangá, cartoon e história em quadrinhos, a Grimorium atrai um público jovem. “Muitos de nossos alunos são nerds que gostam de cultura pop e anime. Queremos criar um ambiente onde eles se sintam acolhidos e possam desenvolver suas habilidades sem medo de bullying ou discriminação”, afirma Carolina, reforçando o compromisso com a inclusão e o respeito.

“O cartoon é um estilo estilizado e exagerado, feito para fugir um pouco da realidade, enquanto o mangá faz isso à moda japonesa. Entre o realismo e o cartoon, conseguimos abranger a maior parte dos estilos de desenho que nossos alunos querem aprender”. A professora observa que, apesar do valor do realismo, muitos jovens de hoje, influenciados pela forte presença de animes, buscam por esses estilos mais dinâmicos e imaginativos. “Estamos sempre tentando nos manter atualizados com o que está saindo, para falar a linguagem dos alunos”, completa.

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Mercado masculino

Trabalhar em um mercado predominantemente masculino é algo desafiador para Carolina. “Eu tenho receio de que as pessoas não me levem a sério, especialmente quando não sabem que eu tenho mais de dez anos de experiência ensinando e lidando com alunos”, diz ela, visto que, muitas vezes, pessoas julgam pela aparência e subestimam suas habilidades e conhecimentos, criando um preconceito inicial que precisa ser superado.

Além disso, o mercado de ilustração, assim como o setor nerd de games e animação, é majoritariamente masculino. Desde criança, Carolina enfrentou estigmas por gostar de anime e outros hobbies considerados “de menino”. “Parece que precisamos nos provar constantemente e fazer o dobro só porque somos mulheres,” comenta ela. Atualmente, Carolina é a única mulher em sua equipe, mas por trabalhar entre amigos, tem um ambiente acolhedor. Apesar dos desafios, ela acredita que essa situação é comum a muitas mulheres em diferentes mercados, exigindo sempre um esforço adicional para serem reconhecidas e respeitadas.

Motivação

A motivação principal de Carolina e de toda a equipe vem do desenvolvimento dos alunos. “É muito gratificante ver um aluno que chega tímido no primeiro dia de aula se desenvolvendo ao longo do semestre”, conta. No ambiente de sala de aula a troca de experiências entre alunos e professores é valorizada. 

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“A gente sempre tenta motivar os alunos, direcionando suas energias para o desenho e o desenvolvimento artístico”. Dessa forma, o objetivo é evitar métodos tradicionais que priorizam notas e provas, optando por avaliar o desenvolvimento individual de cada aluno. “O desenho não é melhor ou pior, ele é uma forma de comunicação. Cada aluno desenvolve seu próprio traço e técnica”, enfatiza.

Para aqueles que sonham em ser artistas, Carolina incentiva-os a seguir seus interesses e construir seus caminhos, enfatizando que não existe um talento inato para desenhar, mas sim uma habilidade que se desenvolve com prática e dedicação. Ela destacou a importância de cursos especializados e mentoria para aprimorar as habilidades e adaptá-las às demandas do mercado. 

Futuro

Sobre o mercado de ilustração e design, Carolina Magalhães desmistifica a ideia de saturação, reforçando a diversidade de estilos e crescente demanda por criatividade em empresas de jogos e animação. Destacando a importância de buscar referências e adaptar seus trabalhos aos nichos desejados, a professora encoraja os jovens a construir portfólios com suas produções.

Para a Grimorium, a diretora pretende transformar o lugar para além de um espaço de ensino de arte, de modo a expandi-la para um centro cultural e de eventos para a comunidade nerd. Carolina deseja, ainda, estar, entrar para o mercado digital, oferecendo aulas gravadas e explorando projetos em jogos, quadrinhos e animação.

*Estagiária sob supervisão do editor Marcos Araújo

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