Na mudança de minha família pra cá, uma das grandes promessas e expectativas era ter um futuro profissional promissor para mim e meu irmão, afinal a cidade é universitária. Só que existe uma parte entre a infância e a carreira brilhante que eu fui entendendo na prática. Eu percebi que eu era de fora em Juiz de Fora quando vi que o pensamento província infelizmente é real, de quem você é filho? Onde você estudou? Você é amigo de beltrano? A terra da indicação e do contatinho. Com o centro de tantas galerias onde todo mundo se esbarra e todo mundo conhece todo mundo, quanto mais a gente se afasta dele, mais se afastam as possibilidades.
Por sorte, com o passar do anos, incorporei algo em minha vida: o “ali” de mineiro. O que era longe foi transformado em logo ali. E nesse tempo eu sempre arrumei um jeito de comer um cigarrete na esquina da Getúlio com a Halfeld. Tive uma adolescência ótima na cidade, com pais despreocupados com a cabeça tranquila no travesseiro, uma jovem vida feliz e muitas histórias! Tentei seis vestibulares na UFJF, não passei, mas com cursinho popular e bolsa entrei numa instituição particular, me formei em Publicidade.
Com o tempo, as portas foram se abrindo, mais caminhos foram se cruzando nas galerias, aprendi a entender a cidade, a curtir as coisas boas, conviver com as coisas chatas e fazer o possível para mudar as que precisam ser mudadas. Outra coisa que aprendi foi que o hino é: “eis a bela Juiz de Fora” e não “Isabela Juiz de Fora”. Acontece. Risos.
Sigo comendo cigarrete na esquina da Getúlio com a Halfeld, ponto final do Monte Castelo, mas tenho visto cada vez mais gente de fora cada vez mais dentro de Juiz de Fora, mas ainda falta muita gente pra entrar.
Denylu Costa, publicitária