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Perfil: Quem é Júlia Costa, a Rainha do Carnaval 2024

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“Tenho certeza que vai ser incrível, pretendo ser uma pessoa que vai agregar muito, influenciar outras mulheres e cativar crianças com a minha história”, diz Júlia (Foto: Arquivo pessoal)
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Júlia Costa, eleita a Rainha do Carnaval 2024 de Juiz de Fora, possui uma grande trajetória, resultado de sua dedicação e paixão pelo que faz. Coroada na madrugada do domingo (28), juntamente com a nova Princesa, Greicy BomBom, e o Rei Momo, John Mello, a jovem, de 20 anos, traz, não apenas beleza, mas, também, sua voz como instrumento em prol da representatividade e da luta por causas sociais. Suas raízes do universo carnavalesco vieram na infância. “Eu cresci mesmo no mundo do samba, na roda de pagode. Minha família sempre esteve muito ligada à folia”, destaca a juiz- forana.

Da mesma forma, seu envolvimento com a moda começou cedo, aos 8 anos. A decisão de inscrevê-la em uma agência foi um esforço de sua mãe para desenvolver um lado mais feminino e vaidoso em Júlia, que era muito “moleca” na época. “Depois disso aí, eu comecei a ganhar meus primeiros cachês, meus primeiros trabalhos e nunca mais saí”, relembra a modelo.

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Em 2019, um momento ainda de desenvolvimento pessoal, amadurecimento e autoconhecimento, principalmente sobre o que queria ser, Júlia conheceu o trabalho de Júlia Horta. Inspirada pela miss, a jovem se identificou e decidiu tentar entrar nesse mundo. “Desde criança sempre falei para minha mãe que eu queria ter uma coroa. Meu sonho era ser princesa e, no mundo de Miss, eu consegui me tornar. Eu descobri que ter a coroa leva muito mais do que simplesmente ter a coroa. Tem a questão da preparação, oratória, tudo que eles me exigem, que era um mundo que eu não sabia”, completa.

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Ainda no mesmo ano, ela se inscreveu no Miss Teen Juiz de Fora, seu primeiro concurso na categoria de idade e, mesmo sem altas expectativas, ela foi a ganhadora do concurso. “Eu dei tudo de mim, mas, na época, com pouco recurso, fui despreparada. Não via a possibilidade de ganhar, mas Deus quis e colocou a coroa na minha cabeça.”

Diante da vitória, Júlia recebeu o convite para ser aclamada Miss Zona da Mata Mineira e, posteriormente, para participar do Miss Brasil. Na época, ela já havia fundado seu projeto social, dedicando toda sua oportunidade de fala contra o racismo. Com dois pontos de diferença da vencedora, Júlia Costa chegou à 1ª Princesa do concurso. “Apesar de não ter sido a Miss Brasil dessa vez, eu me senti muito vencedora. Eu ganhei muitas outras coisas e consegui que o meu projeto social chegasse a lugares, alcançasse as pessoas e eu já me senti vitoriosa por isso.”

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Sua jornada como Miss continuou ainda no Miss Grand Rio de Janeiro, quando foi amadrinhada e mentorada por Júlia Horta, que deu todo o apoio e ajuda financeira necessária. Concorrendo com mulheres mais velhas e experientes, Júlia Costa conseguiu o top 3 e ganhou o Miss Grand Simpatia do concurso.

Preparação para posto real

Entre as mudanças para São Paulo e Rio de Janeiro, Júlia voltou para Juiz de Fora e, no início de 2024, se sentiu pronta para tentar o carnaval. “Tive três semanas para me preparar para o concurso, foi muito rápido. Esse processo foi algo de muita dedicação e esforço”.

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Sua mãe, Juliana Costa, eleita Rainha do Carnaval em 1996, ajudou a filha em todo o processo de preparação para o concurso. Assim, representando a Escola do Vale do Paraibuna, a jovem conseguiu a sonhada coroa, honrando o carnaval e a história de sua mãe. “Eu cresci vendo as fotos, ouvindo ela contando as histórias de como foi. Era um sonho da minha família que a minha mãe fosse rainha e, a partir do momento que ela engravidou, veio o sonho de que a filha dela se tornasse, também, rainha. E, a partir da minha mãe, o sonho foi se tornando meu também”.

Júlia afirma ter sentido uma pressão e uma necessidade de se esforçar mais pelo peso de ser filha da rainha de 1996. Ambas, mãe e filha, foram eleitas em sua primeira participação no concurso, com 19 anos de idade. “Foi coincidência do universo”, destaca Júlia.

O Rainha do Carnaval 2024 foi algo desafiador para a miss, que saiu de sua zona de conforto e abraçou o desafio com garra e dedicação. Agora em seu reinado, suas expectativas são as melhores possíveis. “Eu tenho certeza que vai ser incrível, pretendo ser uma pessoa que vai agregar muito, influenciar outras mulheres e cativar crianças com a minha história. O meu projeto social, em tudo no meu reinado, é algo que eu vou levar no peito, em toda oportunidade de fala. Porque eu acho que a gente de fora peca muito quando o assunto é racismo. Muitas coisas ainda acontecem, infelizmente são anuladas”.

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Desde sua preparação, Júlia já refletia sobre o significado da coroa, visto que “as pessoas esquecem a essência da Rainha, o poder de voz que ela tem e que muitas delas não usam isso ao seu favor”. Ela afirma, ainda, que ter beleza e samba no pé é fácil, por isso, é importante ter a preocupação e buscar agregar temas sociais e relevantes em seu posicionamento enquanto rainha.

Sua pauta sobre o racismo vem de experiências próprias vivenciadas na época do colégio e, também, de histórias que destacam essa realidade. “Dando palestra eu já escutei casos de criança que tentou, no banho, passar a bucha para esfregar e tentar tirar a cor dela de pele mesmo. São casos que me marcaram bastante e eu vou lutar para isso como uma estudante que já passou por situações dessas e que não quer que isso se repita”.

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Juliana Costa, eleita Rainha do Carnaval em 1996, ajudou a filha Júlia em todo o processo de preparação para o concurso de 2024 (Foto: Arquivo pessoal)

Coroa passada por gerações

A mãe de Júlia, emocionada, compartilha que a vitória da filha representa a continuidade de um sonho que começou quando estava grávida. A tradição familiar no Carnaval agora é continuada por ela, proporcionando uma conexão única. “Me senti honrada e contente por ter tido a oportunidade de estar ensinando, educando, passando a coroa para ela e mostrando esse mundo do carnaval”, expõe Juliana.

A Rainha do Carnaval de 1996 acredita que, principalmente pela informatização, é perceptível uma mudança na apresentação das mulheres no carnaval, que, antes era mais sobre mostrar uma beleza, um samba, e, hoje, elas têm o poder da fala e da escuta. “A gente não tinha essa abertura de fala, não existia isso. Era só mais um personagem”.

Esforço e dedicação é a chave

Para aquelas que sonham com o título de Rainha do Carnaval, Julia afirma que a palavra é dedicação e esforço. “Se dê tempo, tenha tempo, paciência para conseguir vivenciar tudo e se preparar, tanto mentalmente, quanto fisicamente. Eu gosto de me preparar para concursos e já me ver como ganhadora”.
Juliana reforça, ainda, a ideia de que não é apenas carregar uma coroa, “você é rainha pra sempre, vai carregar o título e representar, não só uma cidade, mas, também, a sociedade”.

*Estagiária sob supervisão do editor Marcos Araújo

 

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