
Set ainda era conhecido como Lucas Galhardo quando se interessou pelo rap. Isso, ainda no ensino médio, a partir dos enigmas da literatura e a forma como ela atinge a cada um de uma forma. “Mas eu não imaginava que um dia ia fazer isso”, afirma. Foi através do rap que ele viu que, de certa forma, também poderia fazer isso. “O rap foi o caminho que encontrei para fazer arte.” E assim ele fez. Em 2020, lançou seu primeiro EP, o “Coisas da vida assim”. Agora, retratando uma outra pessoa, mais amadurecida, de acordo com ele mesmo, Set lança o “20 anos nunca mais”, seu segundo EP, com a produção de ALIBI.
Foi depois de uma viagem a Salvador, com o movimento estudantil (ele é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora), que Set teve sua mente mais aberta às composições, a partir de um contato com o novo, o até então desconhecido. Foi a inspiração suficiente para escrever algumas das músicas presentes em “Coisas da vida assim”.
Depois desse EP, as inspirações começaram a ser outras: “No começo do meu trabalho, escrevia muito sobre amores que dão certo ou não. Mas queria mudar isso. Comecei a observar outros aspectos. Eu vi que minha vida estava mudando e queria documentar isso de alguma forma. Comecei a olhar para minha própria vida e as responsabilidades, até com medo, e foi quando comecei a escrever sobre isso”. Esse é o mote principal de “20 anos nunca mais”.
“É um retrato sobre o meu amadurecimento”, ele afirma, sobre o EP. Para isso, ele contou com parcerias que acabaram por contribuir tanto na sonoridade quanto na identidade de seu trabalho. Na faculdade, Set conheceu pessoas importantes no desenvolvimento de sua carreira, como Ever Beatz, que possibilitou sua primeira música, e ALIBI, que assina a produção. Já para a identidade, ele contou com João Paulo Brum, que assina o clipe de “Nada normal”, disponível no YouTube, assim como a foto da capa.
Sobre a capa, inclusive, sua principal referência foi a capa de “Araçá azul”, de Caetano Veloso. Ele recupera o conceito, mas insere aspectos mineiros que confirmam sua identidade. Mesmo no rap, Set acha importante beber de outros gêneros. “Todos os gêneros impactam meu trabalho porque eu quero fazer de tudo. No “20 anos nunca mais”, eu estava ouvindo muito MPB e low-fii. E eu me guiei por esses gêneros. É bom para eu ter uma unidade sonora”, acredita.
O artista independente, para ele, aprende fazendo. E a produção não para. Ainda em novembro, Set tem a previsão de lançar o projeto “Complexo guache”, junto com BRK Mallone. Cada uma das oitos faixas recebe o nome de uma cor, que guiou a construção das músicas. Eles iniciam o projeto com “Azul”.