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Livros para reduzir a desigualdade social

criancas manuseiam livros de biblioteca comunitaria implantada em santa luzia (mg)

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Crianças manuseiam livros de biblioteca comunitária implantada em Santa Luzia (MG)
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Crianças manuseiam livros de biblioteca comunitária implantada em Santa Luzia (MG)

Enquanto em 2007 o Brasil apresentava 95,6 milhões de leitores, em 2011, este número caiu para 88,2 milhões, o que representa uma queda de 5%. Os dados foram levantados recentemente pelo Ibope, em parceria com a Fundação Pró-livro, através de uma pesquisa. Segundo o levantamento, quase metade dos leitores (46%) que afirmaram ler livros em geral admitiu que cultiva esse hábito uma vez ao mês apenas, sendo que 21% dessa faixa de entrevistados disseram que folheiam um exemplar diariamente. Insatisfeita com as estatísticas, uma turma de amigos resolveu criar uma ideia simples, mas que pode render mudanças grandiosas.

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Sem receber qualquer quantia pelo trabalho, a trupe encabeçada por André Lara Resende, presidente da ONG Crescendo Feliz, apoia a abertura de bibliotecas comunitárias em áreas carentes do país com o objetivo de incentivar a leitura em crianças e jovens. A crença é no investimento em educação para reduzir a desigualdade social. Desde que a primeira semente foi plantada, em 2009, o trabalho chegou a oito regiões, seis no estado do Rio de Janeiro e duas em Minas Gerais. Em Juiz de Fora, a iniciativa será implantada, até dezembro, no Bairro Retiro, na Casa da Criança Jacinta e Francisco. “O grande ponto é envolver a comunidade na abertura da biblioteca durante todo o processo de construção.

Queremos que a população sinta que faz parte de um projeto construtivo, que as pessoas saibam reutilizar as coisas. Muitos leem um livro e nunca mais olham para ele. Queremos criar a cultura de fazer o livro rodar”, diz André, destacando que a organização recebe doações de móveis, estantes, computadores, entre outros objetos.

Quando surgem interessados em implantar uma biblioteca, a equipe faz uma primeira visita, apura quem são os responsáveis e parte para a prática. Antes, é preciso estudar o território. Saber qual é o público-alvo, idade e que tipo de livro arrecadar. Se você, leitor, gostou da ideia, basta entrar no site www.umpedebiblioteca.org e clicar no selo “Eu quero uma biblioteca na minha cidade”. “Já montamos uma biblioteca em locais onde não há nada. Demolimos uma cozinha. Há casos em que ela já existe, está desatualizada, e só a melhoramos. Quando é preciso, vou à lojinha de material de construção e peço doação”, afirma André.

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“A gente percebeu que Juiz de Fora tem uma demanda forte. Toda política pública é complexa. É difícil fazer com que um pai que nunca teve acesso à leitura e educação tenha que pegar um transporte público para ir até a Biblioteca Murilo Mendes, no centro da cidade, como acontece em Juiz de Fora. Por isso, queremos implantar unidades menores nos bairros. Esperamos que cada região tenha uma unidade que possa ir aumentando com o tempo. A ideia é descentralizar, facilitar para as pessoas”, opina a arquiteta Lívia Daibert, recém-integrante da ONG. Há aproximadamente dois meses, ela é responsável pela consultoria técnica sustentável da iniciativa. “O objetivo é avançar para outras áreas, fazendo com que o ‘Pé de biblioteca’ seja interessante, também, na área ambiental. Estamos planejando a criação de um protótipo, que pode ser replicado e que tenha uma identidade visual”, completa Lívia.

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Desafio é ampliar projeto

Se antes a intenção era alcançar a marca de dez bibliotecas em 2014 (hoje já são 12), atualmente, o projeto está em uma fase mais ousada. “Pretendemos chegar a cem até dezembro de 2015 e queremos fazer com que a ONG seja autossustentável e nacional. Temos vários parceiros estratégicos”, planeja o presidente, que não abre mão do caráter voluntário da empreitada, que oferece, também, capacitação de professores e profissionais através de oficinas. “As pessoas que se envolvem com este tipo de trabalho são as mais ocupadas. O desafio da modernidade é saber como encaixar o trabalho voluntário no seu dia a dia. Muita gente prefere ficar em casa com a família. Nos Estados Unidos, o pessoal gosta de voluntariar. No Brasil, é o contrário”, observa André.

Belo-horizontino, André morou em Juiz de Fora dos 13 aos 24 anos, deixou a cidade, mas mantém vínculo com ela, pois a mãe, o padrasto e o irmão mais novo residem aqui. Gerente de uma metalúrgica, função que exige dedicação de 44 horas semanais no mínimo, ele reserva dez horas por semana ao projeto social. Como ele, o diretor Caetano Altafin pretende passar o bastão assim que a iniciativa estiver profissionalizada. “Sempre gostei de ajudar os outros, não faço porque preciso. Quero colocar jovens para cuidar do projeto, e vou ser um conselheiro. Estou envolvido com um projeto bem maior, que vai ajudar iniciativas como esta a serem melhores.”

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