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Mais de 200 anos de história da tradicional Família Assis são reunidos em livro

Visita do presidente de Minas Gerais Antonio Carlos a Fazenda da Floresta com a Familia Assisdestacada1927
Familia Assis Fazenda Floresta 1910
Família Assis reunida na Fazenda da Floresta, em 1910 (Foto: Arquivo pessoal)
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São distintas e muitas as histórias das famílias que corroboraram para o desenvolvimento de Juiz de Fora. Os Mascarenhas, os Arcuri, os Ferreira Lage e os Assis têm sua trajetória de mais de 200 anos agora compilada no livro “Memórias de uma família mineira: os Assis de Juiz de Fora” da Editora Ouro Azul. O lançamento ocorrerá, nesta sexta-feira (01), às 18h, na Planet, Rua Morais e Castro, 218 – Alto dos Passos.

Escrita pela historiadora Graça Salgado, a obra contempla um vasto e plural acervo fotográfico e documental, também repleto de entrevistas que traçam narrativas sobre um legado que se iniciou em 1807, ano de nascimento do patriarca Francisco de Assis Ribeiro do Vale. Natural do Turvo, localidade que foi rebatizada posteriormente como Andrelândia, ele veio tentar a sorte, anos depois, em Chapéu d’Uvas, atualmente conhecido como Paula Lima, onde se estabeleceu como fazendeiro e alterou seu nome para Francisco Ribeiro de Assis.

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Morto em 1873 durante uma viagem a Barbacena, Francisco deixou a Fazenda da Floresta, que pertence à família até os dias de hoje, e se destaca como um dos cartões postais de Juiz de Fora. No século XIX, a família Assis ampliou suas atividades econômicas para além da tradicional plantação de café e foi explorar lugares como os empreendimentos em fábrica têxtil, essa que funciona até hoje, a implantação do serviço de bondes, de telefonia e também a Companhia Mineira de Eletricidade.

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Mantendo a chama da memória aquecida

Eternizar na escrita a história da família partiu de Regina de Assis há mais de 10 anos, quando percebeu que sua mãe e sua Tia Carolina, duas pessoas que carregam esse legado do sobrenome, estavam envelhecendo. A proposta foi discutida em uma reunião que contava com a presença dos sete ramos descendentes de Francisco de Assis.

Com o intuito de contar essa história e preservar as memórias, a família contratou a historiadora Graça Salgado, que já havia escrito outra biografia ligada aos Assis: “Fé e razão – A trajetória de Joaquim Ribeiro de Oliveira” (2017), sobre um líder católico de Juiz de Fora e descendente de Francisco. A escritora é amiga da família desde os anos 1970, época em que começou a frequentar a Fazenda da Floresta.

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“Tive à disposição um fantástico acervo de imagens, além de recortes de jornal. É um material muito rico e interessante e, com ele, pude reconstituir também as raízes seculares da cidade. É um projeto que deu muito trabalho, mas foi prazeroso, pois engloba cinco gerações da família, incluindo os tataranetos de Francisco, que com certeza têm uma visão de mundo diferente da que ele tinha”, destaca.

Tradição memorialista

Para a historiadora, o livro prestes a ser lançado é dotado de discussões interessantes e pertinentes para os leitores e leitoras, uma vez que se erige a partir da linha de tradição memorialista de Pedro Nava, na qual se promove um enlaçamento entre a memória afetiva da família com a história da cidade. “Além disso, a Fazenda da Floresta tem essa coisa icônica de ser um resumo do que foi a passagem de uma unidade agrária exportadora para industrial, com um complexo industrial e econômico interessantíssimo, a partir da diversificação dos recursos auferidos com a venda do café”, acrescenta. “Eu ficava muito impressionada com isso, pois eles eram ligados à modernização urbana de Juiz de Fora. Sempre sentia na fazenda uma presença do passado quase impossível de não se debruçar sobre ele”.

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A fazenda também foi palco de recepção de figuras proeminentes da região, como relembra Regina de Assis. Entre elas, destaca-se o inventor do avião, Santos Dumont. “Encontramos imagens preciosas do arquivo do meu pai, Júlio (já falecido), como uma foto do meu avô Teodorico com o Santos Dumont.”

Um livro, todos os públicos

Ao se deparar com o livro em mãos, as tantas contribuições que dão forma a história estão expressas em suas páginas e estrutura. Na orelha da obra, outra descendente de Francisco Ribeiro de Assis, a professora da UFJF Christina Musse se expressa. “A história contada neste livro constitui-se em documento precioso para conhecer e interpretar a vida privada das famílias brasileiras ao longo de dois séculos. São detalhes que não constam dos compêndios da História oficial, mas que demonstram ser imprescindíveis para o conhecimento da sociedade humana”, escreve.

Para além, ela argumenta que este trabalho de incursão em lembranças é importante para entender a história de Juiz de Fora “É mais que uma biografia memorialista, é igualmente uma biografia histórica. E não podemos esquecer da Fazenda da Floresta, que guarda a memória da família e de parte da história da cidade e do país.”

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Regina de Assis, que esteve presente em cada etapa do processo de elaboração do projeto, ao receber os exemplares contou que o sentimento de tê-los em mãos é de gratidão. “O livro é uma declaração de agradecimento a Juiz de Fora, onde a maioria de nós nascemos, crescemos, estudamos”, afirma. “É maravilhoso ver meus pais e avós ali, essa família que é enorme, e que conseguimos reunir por conta dos afetos e pela crença que valia a pena colocar na palavra escrita a saga da nossa família, das cinco gerações e dos sete ramos dos Assis. É uma alegria imensa não só pela história, mas também pelo amor enorme que tenho pela Fazenda da Floresta, pois minhas raízes estão ali.”

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