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Knorr lança dois livros no Espaço Manufato

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Para Knorr, a concisão liga os dois títulos, separados por 27 anos: “Um é da boca para dentro e o outro é da boca para fora”. (Foto: Fernando Priamo)
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Eu, tu, ele, nós, vós, eles. Para construir seu “Narcisos”, o poeta Knorr focou-se na primeira pessoa do singular (eu). Para relançar “Narcisos”, nesta sexta, às 19h30, focou-se na terceira pessoa do plural (eles). O título concebido, inicialmente, como trabalho de conclusão de curso, em 1990, recebeu tiragem de 300 exemplares e encontrava-se esgotado há muitos anos. Repaginado e incluindo elogios de leitores como Manoel de Barros e José Paulo Paes, Knorr publica o livro com tiragem maior, de 500 exemplares, lançando mão do financiamento coletivo, que mobilizou 130 pequenos mecenas. Da meta de R$ 8.500, o escritor alcançou R$ 9.200, 8% a mais. Um trunfo para a poesia.

“Fiquei, em vários momentos, emocionado por ver a disponibilidade das pessoas em ajudar. Também me emocionou redescobrir amigos antigos, do segundo grau, que me apoiaram. É possível movimentar a cidade sem dinheiro público, o que é muito importante. O financiamento coletivo é uma grande ideia”, comemora o poeta, que também lança “O livro dos verbos”, financiado pela Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura. “Um trata do amor próprio e é da boca para dentro, o outro, ‘O livro dos verbos’, é da boca para fora.”

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Escrito num iPad, à noite, ao longo de quatro anos, o livro no qual Knorr cria verbos para palavras conhecidas parte primeiro da reflexão para depois tornar-se poema. “Pensava em qual seria a ação da palavra formiga se ela fosse verbo. Não queria verbalizar a palavra, mas fazer com que o poema traduzisse o sentido verbal da palavra, mesmo ela pertencendo a outra classe”, conta ele, que, como em títulos anteriores, acaba por inaugurar um dicionário particular, que conserva o existente dando-lhe novo sentido.

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A concisão como elo

O que liga os dois títulos lançados numa mesma noite é a concisão, caráter que fundamenta a produção do escritor cuja carreira inicia-se na década de 1980, em movimentos literários locais como o que resultou na Revista D’Lira. “Revendo o ‘Narcisos’, vejo que foi um norte que surgiu na minha produção. A concisão vem dali e ele continua muito atual”, pontua Knorr, referindo-se à obra que serve como marco na carreira de mais de três décadas.

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“Quando vê o novo livro, é um mesmo filho com a roupa mais bonita. O que antes parecia um traje de gala passa a ser a roupa de brincar”, ri o autor que, com destreza, transita entre o lúdico próprio do universo infantil e o experimentalismo dos adultos. “Narcisos”, que esgarça texto e forma, volta à cena com quatro inéditos poemas, que não couberam na primeira edição. “É um livro mais completo, tanto graficamente quanto em conteúdo, com aquilo que tive que cortar no primeiro”, pontua Knorr, que traz a precisão na ponta da língua, fruto da afinidade com o verbo “cortar”.

 

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