Acontece, nesta terça-feira (1º), o lançamento de quatro curtas-metragem que compõem o evento “Curtas Juiz de Fora Cidade Negra”. O Museu Ferroviário, localizado na Avenida Brasil 2001, sediará, a partir das 18h30, a mostra das produções audiovisuais. O grupo de pesquisa do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (Labhoi-UFJF/Afrikas) é quem organiza o encontro. A entrada é gratuita para todos os públicos, contando também com acessibilidade em Libras.
Segundo o Labhoi-UFJF, a construção do projeto aconteceu entre 2021 e 2022 a partir de encontros mensais entre diferentes pesquisadores da cena local e a nível nacional. A série de curtas almeja promover debate sobre o lugar de Juiz de Fora dentro do cenário de cidades escravistas do século XIX. A produção também resgata e evoca narrativas acerca das trajetórias negras fundantes da cidade, com a coleta e junção de importantes materiais que fazem repensar o olhar de uma Juiz de Fora imigrante.
No primeiro curta, que marca a inauguração da série “Juiz de Fora Cidade Negra”, o projeto é apresentado, com seus objetivos e discussões. O momento irá contar com docentes de diversas áreas sobre os desafios da implementação da Lei 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” no ensino básico.
O segundo curta aborda pesquisas que debatem o processo histórico da formação de Juiz de Fora, com objetivo de visibilizar a cidade negra desde sua gênese.
A população negra nos caminhos da cidade enquanto constituinte fundamental é apresentada no terceiro curta. As pesquisadoras Rita Felix e Cleunisse Oliveira, esta integrante do Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva, fazem parte da parte da produção so curta, versando sobre a importância da população negra para a História de Juiz de Fora.
No último curta da série, as falas que discutem o silenciamento sobre as memórias negras na cidade são protagonistas. Tais afirmativas abordam pesquisas e trajetórias pessoais atreladas a pensar os espaços de memória, representações e as mobilizações do movimento negro.
Mestranda em História e pesquisadora pelo Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi/Afrikas), Jéssica Mendes atesta sobre a pertinência dessa discussão na atualidade enquanto forma de subverter o sistemático silenciamento da população negra na cidade.
“Esses curtas poderão ser utilizados nas escolas da rede básica de ensino como material didático para construir conhecimento, junto de professores e alunos. A importância deste lançamento é trazer para dentro da cidade e das escolas a abordagem da temática racial na produção dos espaços em Juiz de Fora. Cabe destacar também que a metodologia da pesquisa se amparou na história oral, que consegue captar um pouco dessas narrativas de pessoas que outrora não puderam contar sobre suas vivências”.