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‘Na corda bamba de sombrinha’ ganha novas datas em Barbacena

ponto de partida divulgacao
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Lá se vão mais de dois anos desde que a pandemia de Covid-19 fez com que atrizes, atores, diretores e todos os profissionais envolvidos com teatro ficassem distantes do palco – e, por consequência, do público. Ainda que a pandemia não tenha chegado ao fim, o reencontro entre artistas e plateia já é realidade, e o desejo de matar a saudade é forte – é o caso, por exemplo, do grupo Ponto de Partida, que estreou na última quinta-feira, em Barbacena, o espetáculo “Na corda bamba de sombrinha”, primeiro projeto presencial desde 2020. O sucesso foi tão grande que os quatro dias de apresentações tiveram ingressos esgotados, e por isso a peça terá duas datas extras na próxima sexta-feira (3) e sábado (4), às 20h, no Estação Ponto Partida.

O novo espetáculo do grupo foi desenvolvido a partir de pesquisas sobre as letras de música e crônicas de Aldir Blanc (1946-2020), resultando em uma dramaturgia própria. O público teve uma prévia desse novo trabalho no final do ano passado, quando o texto foi apresentado na internet, dando continuidade à investigação de linguagem para o teatro digital feita pelos integrantes do Ponto de Partida, no período de isolamento e distanciamento impostos pela pandemia. “Na corda bamba de sombrinha” tem direção de Regina Bertola, e elenco formado por Ciro Belluci, Lido Loschi, Renato Neves e Ronaldo Pereira. Os cenários e figurinos são de Alexandre Rousset e Tereza Bruzzi, a iluminação é de Rony Rodrigues, enquanto a sonoplastia ficou a cargo de Pitágoras Silveira. A direção musical é de Pablo Bertola.

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“Aldir Blanc para iniciantes”

A diretora Regina Bertola afirma que a peça, além de uma homenagem, é também uma ode ao jornalismo e mostra a importância de um jornalista consciente, lúcido, que, além de saber lidar com as palavras, tem consciência do momento histórico que vive e da importância da escolha que ele faz das palavras.

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Por isso mesmo, os personagens da peça são quatro jornalistas inspirados em parceiros de Aldir, que estão fechando uma edição do jornal quando o editor pede que escrevam mais três matérias. “A história se passa nos anos 70, então fica muito presente a questão da censura, sobre como era difícil escrever pois tudo passava pela censura, ou a censura interna mesmo”, explica. “Estão lá representadas a morte do (Vladimir) Herzog, as prisões, a paixão do Aldir Blanc pelo Vasco. Relembramos a realidade desses anos sombrios e como algumas dessas coisas se repetem nos dias de hoje.”

A ideia de “Na corda bamba de sombrinha” surgiu pouco depois da morte de Aldir Blanc e da proposta da lei que leva o nome do artista. “Percebemos que a grande maioria das pessoas não sabia quem era o artista Aldir Blanc, então quisemos investigar isso”, diz. “Como trabalhamos muito com musical, nos interessa muito o letrista, pois é por onde o ator ‘ataca’ a música. A pesquisa fez aflorar o grande poeta e cronista que ele era, o jornalista sarcástico; o espetáculo é a cara dele, que era irreverente e sensível, derrubava os padrões, era desbocado.”

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Ponto de Partida criou seu novo espetáculo a partir da obra de Aldir Blanc, morto em 2020 (Foto: Divulgação)

Obra reconfigurada

Segundo a diretora, o espetáculo é um musical completamente diferente do que o Ponto de Partida costuma fazer, pois parte das palavras de Aldir Blanc e só então a peça passa a ser construída a partir do método utilizado pelo grupo, em que o elenco apresenta ideias, improvisações, que são desenvolvidas até se chegar ao que vai ao palco.

“É a partir do improviso dos atores que entra a dramaturgia, quando ‘amarro’ esses improvisos, e depois vem a direção musical. Foi uma experiência muito rica, com as músicas da peça construídas a partir de pedaços das letras de músicas e crônicas do Aldir, que o público consegue identificar de imediato. É um material muito forte para pesquisa e dramaturgia, e o que acho mais instigante nesse método do Ponto de Partida é que a obra é reconfigurada pelo dramaturgo e elenco. Tenho certeza que ele está percebendo o que está acontecendo, e se estivesse vivo ia gostar muito, se divertir e se emocionar.”

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Se depender da resposta do público – que esgotou os ingressos das primeiras apresentações em apenas três dias -, não é difícil imaginar que o autor de “O bêbado e a equilibrista” e “O mestre-sala dos mares” ficaria feliz com a adaptação de sua obra no musical. Regina Bertola diz que é até complicado definir a emoção do reencontro com o público após mais de dois anos, ainda mais com o retorno que tiveram na estreia.

“Por mais que eu seja ‘inventadeira’ de história, é difícil encontrar a palavra certa para descrever o impacto dessa emoção de reencontrar o público – e também os atores, de poder tocar neles, sentir o coração deles. O teatro não existe sem público; é uma arte plural, em que é preciso pelo menos duas pessoas: uma que conte a história, e outra que escute. E Barbacena tem um público especial, que foi construído nesses 40 anos do Ponto. São mais que espectadores, são aliados e comparsas; foi muito lindo esse reencontro”, finaliza a diretora, que planeja levar o espetáculo para outras cidades e comemora o pedido de duas escolas (uma de Barbacena, outra de Bertioga) para apresentar “Na corda bamba de sombrinha” nas instituições de ensino.

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