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‘Estamos mais fortes do que nunca’, diz Andreas sobre turnê de despedida do Sepultura

Sepultura
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Sem Eloy Casagrande, Sepultura faz turnê de despedida, que se estende por 18 meses (Foto: Divulgação)
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Há quase três meses, Sepultura anunciou sua turnê de despedida, “Celebrating life through death”. Ela chega em um momento em que a banda completa 40 anos de estrada. “É um momento especial para a gente parar”, garantiu Andreas Kisser, guitarrista do grupo, na coletiva do anúncio, ainda em dezembro. “Estamos mais fortes do que nunca”, completou. Fato que pode parecer estranho para os fãs: por que parar em um momento como esse, então? “É um (sentimento de) dever cumprido. 40 anos é um simbolismo disso tudo: parar no melhor momento sem ter que justificar nada. É um processo que tem começo, meio e fim”, justifica.

A turnê derradeira vai durar 18 meses e a ideia é, depois, lançar um álbum ao vivo com 40 músicas gravadas em 40 cidades diferentes, de diversos países. E, durante todo esse processo de despedida, eles seguem afirmando que tudo isso surge com um único intuito: “Celebrar a vida respeitando a finitude”, como disse Andreas, ainda na coletiva. Essa série de shows começa nesta sexta-feira (1), em Belo Horizonte, cidade onde o Sepultura surgiu, 40 anos atrás. Neste sábado (2), eles chegam a Juiz de Fora, onde fazem show no Estacionamento do Cultural Bar. A casa abre às 19h30. Várias cidades já estão confirmadas nesta primeira fase no Brasil. Depois, eles seguem para outros países.

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Nessa onda de novidades, uma surpresa, nesta semana: o baterista Eloy Casagrande deixou o Sepultura. O comunicado do músico à banda foi dado em 6 de fevereiro, e o anúncio aos fãs só foi feito quando, oficialmente, encontraram um baterista para o lugar deixado por Eloy: Greyson Nekrutman. “Fomos pegos de surpresa, sem aviso prévio ou qualquer tipo de debate sobre como fazer a transição. A comunicação foi feita e ele se desligou imediatamente da banda, abandonando tudo relacionado ao Sepultura. A nossa história é feita de desafios e são eles que alimentam nossa criatividade e determinação. Não seria agora, depois de tudo que passamos nesses 40 anos, que iríamos desistir, pelo contrário”, afirmaram os integrantes Andreas Kisser, Derrick Green e Paulo Xisto em nota encaminhada à imprensa. Especula-se que Eloy deve entrar para o Slipknot, mas nada confirmado, até então.

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São 40 anos de uma carreira consolidada. O Sepultura mostrou à América Latina que era, sim, possível ser latino e fazer sucesso em outros países. A banda segue sendo referência nesse sentido, além de sempre defender com unhas e dentes o Brasil e a cultura brasileira. E são vários os momentos, nos discos, que o grupo faz questão de incluir elementos e ritmos brasileiros mesclados ao heavy metal. E isso, inclusive, fica exposto no cartaz da turnê “Celebrating life through death” que, além da morte, marca indígenas e até as tradições mexicanas, sobretudo nas caveiras.

Foram 80 países já visitados. “Independente da religião ou a política do país. A música, e principalmente o heavy metal, é muito popular”, acredita Andreas, que completa afirmando que o “heavy metal é o estilo mais popular do mundo”. Isso porque esse passeio por esses lugares apresentou a conexão dos fãs com a música do Sepultura, de forma que não havia fronteiras nem limites. “A gente aproveitou disso e abriu portas”. E é por isso que o grupo é tão respeitado mundialmente. E a ideia, com a turnê de 40 anos, é exatamente levar essa música aos fãs, “em lugares longínquos ou exóticos”, diz Andreas.

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“A gente tem uma trajetória muito vitoriosa, apesar das mudanças, não só dentro da banda, de membros, mas de tecnologia. O Sepultura, quando começou, só tinha (fita) cassete, vinil e máquina de fax. A gente conheceu todos os nosso ídolos e levou o metal brasileiro a um lugar muito especial, por meio dos discos, através da cultura brasileira, das letras, dos elementos da música brasileira que a gente incorporou ao heavy metal, a música pesada, o que colocou o Sepultura em um lugar especial, comparado a outras bandas”, afirmou Andreas, na coletiva.

‘O Sepultura não vai acabar’

Anunciar o fim e comemorar os 40 anos é forma de olhar para a trajetória. Isso fica claro sobretudo através da certeza de que é este o melhor momento do Sepultura. Muito dessa confirmação vem do último disco inédito lançado, o “Quadra”, de 2020, que foi aclamado pela crítica e entrou nas listas de melhores álbuns do gênero. “Ele (o ‘Quadra’) é o exemplo de que é um dos pontos altos da nossa carreira, apesar da pandemia.” Depois dele, por causa do isolamento, veio “SepulQuarta”, fruto da pandemia, de 2021, e, naquele momento, a ideia de acabar já circulava, pelo menos pela cabeça de Andreas.

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Para ele, fazia sentido terminar sem brigas, nesse ótimo momento, comemorando 40 anos, e dando ao público um DVD ao vivo, que ele diz que sentia falta em um projeto como o que vai ser lançado depois da turnê, pensando na carreira no Sepultura. “Tudo isso junto fazia sentido.” E, além disso, em 2022, a esposa de Andreas morreu, em decorrência de câncer de cólon. O guitarrista afirma que ter vivido isso o fez estar próximo da finitude das coisas e entender a importância disso – o que, de fato, influenciou na decisão. Patrícia, inclusive, sabia dessa ideia.

“A gente sai de cena de uma forma muito tranquila, em paz com a gente mesmo. Muito do que eu passei com a minha esposa, essa coisa da morte, da finitude. A próprio carreira do Sepultura teve varias finitudes, a minha entrada, as saídas, tudo são ciclos que fecham e se renovam. E por isso a gente está sereno e consciente do que a gente está fazendo. A gente quer celebrar, não é um momento triste. É um momento de celebração. São novos desafios que a gente vai ter individualmente, mas sempre representando o Sepultura de alguma forma. O Sepultura não vai acabar. A gente para, mas o Sepultura não acaba. Vai estar nos nossos fãs, ouvindo nossas músicas, e a gente quer celebrar isso com vocês”, disse Andreas.

Confira as datas dos shows confirmados no Brasil (Foto: Reprodução)

Os shows e os futuros

Especificamente sobre o show, tudo entra, ainda na surpresa. A ideia é mesmo passar por esses 40 anos. E cada show em um show. Com tantas músicas gravadas, é até difícil fechar um repertório. Mas eles adiantaram que vão passar por canções dos lados B e C, inclusive. Outra questão é quanto aos convidados, principalmente os ex-integrantes. E Andreas respondeu: “A gente sempre faz som com os outros integrantes. Mas a ideia não é fazer uma celebração através de ‘jams’, reviver coisas que não estão mais aí. A ideia é celebrar o presente. Sepultura está aqui por causa de nós quatro. Mas possibilidades estão sempre abertas”. Eles garantem interação com os fãs durante os shows, inclusive a possibilidade de um museu do Sepultura itinerante, passando por onde as apresentações acontecerem.

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Sobre o futuro, eles garantem que nada está certo. “Fechamos uma porta gigantesca e abrimos outras dez”, diz Andreas. “O futuro está aberto. Quem sabe o que vai acontecer? A gente não quer colocar limite de data. O momento é esse de parar, de celebrar e curtir esses dois anos e respeitar isso. O que vai acontecer pela frente, a gente não sabe.”

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