Ícone do site Tribuna de Minas

Tiago Santos-Vieira lança ‘Rito dos coelhos’

Rito dos coelhos
Rito dos Coelhos
Tiago Santos-Vieira usou elementos dos anos 1990 para seu novo livro, “Rito dos coelhos” (Foto: Divulgação)
PUBLICIDADE

Sentam-se em uma terapia de grupo Speed Phil, uma ex-celebridade juvenil dos videogames; Sarah Reyjakof, ex-atriz atormentada pelas lembranças da infância em uma fazenda; Raphaell, metade de uma dupla sertaneja que acabou pelos vícios; e Klaus Donner, um produtor de TV com saúde frágil. Tem ainda Marlênio Moura, o empresário de Phil, mas, como ele chega no enredo, é outra história. É esse o pano de fundo de “Rito dos coelhos”, novo livro de Tiago Santos-Vieira, escritor de Caratinga, que reside em Juiz de Fora, e já lançou outras obras, como “Elos do mau agouro”, “Danças das bestas” e o infantil “As aventuras do Super Careca”. O livro pode ser adquirido na Amazon ou em seu Instagram.

Um aviso: não se engane, “Rito dos coelhos”, apesar do nome fofo, trata-se de uma história de suspense e thriller psicológico. Essa terapia de grupo, embaçada pelo passado que assombra a cabeça dos participantes, é só o começo de um enredo que conta com clínicas de reabilitação, grupos de extermínio, pornografia, várias histórias paralelas e, sobretudo, pontos em comum que ligam personagens que acabam percebendo que estão presos às mesmas condições de Phil, o personagem principal. Tudo isso com características que levam imediatamente aos anos 1990 e 2000, em um emaranhado de pop que junta música, cinema e TV.

PUBLICIDADE

De fato, muito se fala, atualmente, sobre os anos 1990, que tem sido tempo recorrente nos filmes, séries e livros. Para o autor, isso se explica por um motivo simples: “Chegou a vez dos anos 1990 e 2000. Os 70 já foram retrô, os 80 também. Digo nos plenos pulmões que chegou a minha vez de ser vintage. E me sinto honrado por ter vivido intensamente essa época, tendo conhecimento de causa pra escrever meu livro”. Tiago diz ainda que escrever “Rito dos coelhos” é “um acerto de contas”. “Não necessariamente com o meu passado. Mas com o de todos que vivenciaram a adolescência e o germinal da vida adulta nos anos 1990 e início dos 2000.”

PUBLICIDADE

Ele acredita fielmente que os escritores, em seus livros, falam, de certa forma, sobre suas próprias histórias. “Mas o mundo do Tiago adolescente anos 1990 era menos violento e grotesco que dos personagens de “Rito dos Coelhos’. Mas, em termos de consumo de entretenimento, era bem parecido: videogames de 8 bits, revistas sobre estes games, assistir videoclipes 24hs por dia, esperar até dois anos para um VHS sair do cinema e chegar na locadora, não perder minha novelinha adolescente”, fala, sobre a ambiência que coincide em sua vida e em “Rito dos coelhos”.

“Rito dos coelhos” é “Grotesco, violento, porém necessário”

Este seu livro mais recente é a forma de apresentar sua versão sobre os fatos que aconteceram nos anos 1990, mas, claro, de forma mais violenta. Ou, ainda, “do meu jeitinho literário peculiar”. Mas, mais que simplesmente levantar uma história sobre essa época, Tiago deu jeito de incluir mensagens que seguem sendo importantes para os dias de hoje. “Eu criei uma atmosfera muito pesada no livro, usando os anos 1990 e 2000 como pano de fundo, para discutir pautas recorrentes hoje em dia. Acho que consegui teletransportar para aquela época de temáticas largamente debatidas atualmente. Por isso digo que ‘Rito dos coelhos’ é ‘grotesco, violento, porém necessário’.”

PUBLICIDADE

“Parece que desde 2019 estamos presos numa sessão de cinema da meia-noite, assistindo um filme-pesadelo cujo roteiro passa por crises sanitária, política e social. Só depois de alguns anos trancados lá dentro é que vimos a luz do lanterninha do cinema, nos conduzindo para uma saída. Mas é bom ficar sempre ligado, porque ainda tem muito serial killer nos espreitando por aí. Resumindo, acho que nós, contadores de histórias, conseguimos tirar uma lição de tudo que rolou nos últimos tempos, repassando-a para quem nos consome. E que cada um interprete essa lição do seu jeito”, afirma o escritor.

Assim como “Danças das bestas”, “Rito dos coelhos” foi lançado pela editora C5 Livros. Como no outro livro, este também foi pensado junto, em diálogo com o editor. E ele conta como isso funciona: “Chego com os conceitos, as ideias, e o Diego Calvo da C5 Livros desenvolve tudo. E como o cara também é um chargista de mão cheia, ele não economiza nas tintas com o projeto gráfico. Não contesto o clichê: o livro se vende pela capa. E esse coelhinho aí ficou bizarramente lindo”.

PUBLICIDADE

Literatura, jornalismo e música

As influências nas escritas de Tiago são várias. Elas vêm de outras obras, mas também do cinema e da música, e estão presentes em todos os seus livros já lançados. Neste, a música fica ainda mais exposta. Ao final de cada capítulo ela faz uma sugestão de música para ouvir, que conversa diretamente com o que o leitor acabou de ler, até então. A faixa é escaneável, que encaminha diretamente para uma playlist no Spotify. E ele explica o que há de relacionável entre o lido e o a ser ouvido. A maioria, como conta, são covers de músicas dos anos 1990 – claro.

E, de certa forma, a vida e as escolhas profissionais de Tiago são uma mescla de influências: literatura, jornalismo e música. “Um belo dia assisti ao filme ‘Quase famosos’ e decidi que também iria escrever para a revista Rolling Stone. Corri muito atrás e isso de fato aconteceu na minha vida. Também sou guitarrista e vi, literalmente, a MTV nascer. Cada cena que descrevo nos meus livros tem uma trilha sonora tocando na minha mente. Então resolvi transpor isso para ‘Rito dos coelhos’.”

Formando em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora, além da Rolling Stones, Tiago já escreveu para a Trip/TPM e Riders e foi editor e repórter do Diário de Guarulhos. Em Juiz de Fora, atuou no Zine Cultural. Em Brasília, assessorou órgãos públicos, e foi lá que lançou seu primeiro livro “Elos do mau agouro”. De volta a Juiz de Fora, lançou todos os outros três e mais os que vierem pela frente.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile