Toda a estranheza e complexidade de uma mente de uma criança em um corpo de uma mulher adulta. Como uma espécie de versão feminina de “Frankenstein”, “Pobres criaturas” estreia, nesta quinta-feira (1), nos cinemas de Juiz de Fora. O longa do cineasta grego Yorgos Lanthimos recebeu 11 indicações ao Oscar e é um forte candidato a ganhar algumas estatuetas. A produção é irlandesa e tem co-produção do Reino Unido e dos Estados Unidos.
O filme é baseado em um livro homônimo de Alasdair Grey, de 1992. A trama se passa na Era Vitoriana e acompanha a vida de Bella Baxter, interpretada por Emma Stone: uma jovem que comete suicídio e tem sua vida de volta após um experimento do cientista Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), que acaba por se tornar seu tutor. Ele, também fruto de um experimento de seu pai, tem a ideia de colocar o cérebro de uma criança naquele corpo recém-exterminado. Ela vai sendo apresentada àquele ambiente, com um novo olhar. No entanto, com vontade de conhecer o mundo para além do que se tem, foge com o advogado Duncan Wedderburn, interpretado por Mark Ruffalo. Nesse novo ambiente, acaba se deparando com processos de autodescobertas e libertação sexual.
Traça-se alguns paralelos entre “Frankenstein” e “Pobres criaturas” sobretudo por se tratar de seres estranhos criados em laboratórios e como eles lidam com o mundo composto por seres humanos. Mas, claro, Yorgos Lanthimos, baseado no livro de Alasdair Grey, explora questões que se encontram principalmente com a busca por uma igualdade e qual é o preço da liberdade, no caso de Bella Baxter, uma mulher-monstro. E é exatamente por isso que ela consegue lutar pela igualdade e pela liberdade. E essa sensação de “indomável” é passada, inclusive, por seu figurino e seus cabelos, que fogem da regra do tempo.
A grande sacada de Yorgos Lanthimos foi realizar essa adaptação de forma surrealista e investindo em uma narrativa não-linear, jogo de câmera e trilha sonora desafiadora. Tudo para tentar entrar em uma cabeça tão estranha quanto divertida. É interessante e cômico, por exemplo, ver a forma como Bella Baxter, adulta, se comporta nos ambientes e acaba cometendo algumas gafes (coisas que são normais para uma criança). O diretor grego já é conhecido por apostar em filmes estranhos, porém aclamados, que funcionam como uma experimentação cinematográfica, como é o caso de “O lagosta” (2015) e “Dente canino” (2009).
Emma e Lanthimos
Essa não é a primeira vez que Emma Stone e Yorgos Lanthimos trabalham juntos. A dobradinha aconteceu também em “A favorita”, que, em 2019, foi indicado a diversas categorias no Oscar. Foi, inclusive, durante as filmagens que o diretor voltou ao projeto de “Pobres criaturas”. E foi graças ao sucesso de “A favorita” que ele conseguiu idealizar, roteirizar e rodar seu filme mais recente. Como havia dado certo a junção de Stone e Lanthimos, ela se repetiu e, dessa vez, a atriz atuou ainda como produtora, o que, como contou em entrevistas, deu a ela um novo olhar para a atuação.
Premiações
“Pobres criaturas” só foi anunciado, oficialmente, em 2021. E sua estreia aconteceu no Festival de Veneza, em 2023, onde ganhou o Leão de Ouro. A estreia, nos Estados Unidos, foi em dezembro de 2023. No Brasil, sua pré-estreia aconteceu no Festival do Rio, em outubro de 2023, quando foi aplaudido de pé por uma sessão lotada. De início, já foi aclamado pela crítica, principalmente pela atuação de Emma Stone. Ela, inclusive, ganhou o Globo de Ouro como melhor atriz de Filme Musical ou Comédia. O filme ganhou também Melhor Filme Musical ou Comédia.
11 indicações ao Oscar
Agora, no Oscar, em número de indicações, “Pobres criaturas” só perde para “Oppenheimer”, que recebeu 13. O filme de Yorgos Lanthimos concorre nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Direção (para Lanthimos), Melhor Atriz (para Emma Stone), Melhor Ator Coadjuvante (para Mark Ruffalo), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Figurino e Melhor Edição.
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