Couve, fubá, linguiça, queijo. Alguma dúvida de que estamos chegando a uma cozinha tipicamente mineira? Foi essa a base de ingredientes que o chef João Julio de Souza Araújo, do Manioca Arte e Culinária, de São João del-Rei, investiu para participar do 3º Festival Happy Hour 2015, que será encerrado hoje e teve a participação de 32 bares e restaurantes, em nove cidades do Campo das Vertentes. Neste ano, o ingrediente principal da competição foi a couve tradicional, seguindo o objetivo do concurso de valorizar as raízes da culinária e da cultura imaterial regional.
Para participar da disputa, João Julio apostou nos papillotes de couve, uma opção versátil e diferente de apresentar ingredientes comuns à mesa do mineiro. “Priorizamos as nossas raízes, nossa regionalidade, e como o principal ingrediente teria que ser a couve, decidimos então combinar este sabor ao sabor do milho e das farinhas de moinho ao queijo e a linguiça, que nos remetem à nossa terra. Os papillotes são uma ótima entrada e também podem ser servidos como prato principal se forem guarnecidos com arroz, por exemplo”, explica o chef, que desde novo vem aprendendo os segredos da cozinha à beira do fogão da mãe, que já teve um restaurante, e, depois de ser garçom e auxiliar de cozinheiro, termina agora seu curso de tecnólogo no Senac Tiradentes.
Segundo João, um dos segredos de preparação do prato é realizar o branqueamento da couve, processo que, ao contrário do que o nome possa sugerir, mantém viva as cores e nutrientes dos alimentos, além de seu sabor original. “A couve branqueada conserva seu sumo, o que dá um diferencial ao seu paladar e textura. Ao fritar, o empanamento se torna uma crosta de fubá torrado típico das Minas Gerais. Estas características, aliadas ao sabores dos recheios e do queijo derretido, são excelentes combinações”, avalia João. Outra dica dada pelo chef em relação à couve é cuidar para que as folhas não se rasguem ao enrolar os charutos, e congelar os papillotes já recheados antes de empaná-los, para que o empanamento fique bom.
Depois de prontos, os rolinhos de couve caem muito bem com molhos caseiros simples como “catchup, um molho de mostarda e mel, uma maionese temperada, ou um pomodoro caseiro”, como destaca João, que também dá opções para recheios diferentes. “Pode-se usar desde calabresa a algo como queijo com tomate seco. Bom mesmo nesta hora é soltar a imaginação e ser feliz! E como é um prato bem marcante, quando acompanhado dos molhos certos, combina muito bem com uma boa cerveja artesanal”, diz o chef, que resume sua criação em poucas palavras, apostando na possibilidade de vitória no Festival happy Hour. “É um prato muito bem marcado com sabores bem distribuídos, sem concorrência entre eles. Suas principais características são: a crocância do exterior e o sabor inconfundível da couve que se destaca entre a calabresa, o bacon e o queijo”, finaliza.
O resultado final do concurso será anunciado ainda neste domingo, às 19h, no Largo do Carmo (Praça Carlos Gomes), em São João del-Rei. Durante os 31 dias de competição, que começou no dia 2 de janeiro, o público pôde conferir as receitas concorrentes dos estabelecimentos, julgando-os nas categorias prato da casa, prato com ingrediente mineiro – que leva a couve -, atendimento, higiene e bebida. A votação popular foi até o dia 29, realizada por meio de um aplicativo. Além dela, um júri especializado percorreu e avaliou os bares e restaurantes. Os três melhores votados receberão prêmios em dinheiro de R$ 600, R$ 300 e R$ 100, para o primeiro, segundo e terceiro colocados, respectivamente, e os melhores garçons da região também receberão premiações.