A cultura pop costuma render boas polêmicas e debates danados de bons, principalmente quando quem está na discussão saca os paranauês dos argumentos e não se deixa levar por fanatismos e pré-conceitos – e preconceitos também. Por isso, só para ser do contra (afinal entrei na brincadeira na cena pós-créditos), escolhi duas matérias que foram das mais divertidas – pelo menos para mim em 2017: as que envolveram fãs de “Star Trek” (setembro) e os leitores dos quadrinhos das eternas rivais Marvel e DC Comics – aproveitando neste caso o lançamento, em novembro, do filme da Liga da Justiça.
Cada uma tem sua peculiaridade. No caso de “Star Trek”, existe uma legião de “viúvas” cujo bordão, inicialmente irritante, transformou-se em piada (cadê os memes, minha gente?) com o passar dos anos: o bom e velho “isso não é ‘Star Trek'”, usado para toda e qualquer produção dos últimos 30 anos que não tenha a tripulação da Série Clássica em ação. Por conta disso, procurei alguns seguidores da franquia, de idades e ocupações diferentes, aproveitando o lançamento da primeira série “ST” em mais de 15 anos, “Discovery”, para conferir o que se passa na cabeça dessa turma.
Eram questões simples: a expectativa quando do anúncio da nova produção; o que acharam do primeiro episódio; e qual a série dos sonhos de “Jornada nas Estrelas” de cada um. O resultado foi muito interessante, com doses de saudosismo, ousadia, admiração e reconhecimento da importância da série para o imaginário coletivo e a cultura pop, mas sem o ranço “xiita” de fãs que estacionaram em 1966.
A segunda matéria deu um trabalho ainda maior porque ela ganhou o tamanho de um Galactus por sair atrelada ao lançamento de “Liga da Justiça”. Quem tem o (des)prazer de acompanhar as áreas de comentários de vários sites de cultura pop conhece há tempos a rivalidade que existe entre leitores de quadrinhos, principalmente quando um deles prefere a Marvel à DC Comics (ou vice-versa), e de como isso aumentou com as dezenas de filmes baseados em HQs lançados nos últimos 15 anos.
Mais uma vez, procuramos pessoas de todos os tipos, incluindo gente que trabalha no meio, quem apenas lê e até aqueles que fazem das HQs dissertações de mestrado, a fim de conhecer um pouco melhor essa fauna tão diversificada. Do universo quadrinístico preferido, o personagem que mais gosta, passando pela opinião de cada um a respeito dessa rivalidade e qual universo de seu melhor no cinema, foi bom perceber que há muita vida inteligente e adulta entre os leitores de HQs e que eles sabem separar opinião pessoal de fanatismo.
E sim, os nerds sabem concordar até na discordância. Pena que o resto do mundo não seja assim.
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