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Saudade é o amor que fica

Michele NOVA
A repórter Michele Meireles. (Foto: Fernando Priamo)
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Era noite de uma quarta-feira e, como sempre faço, passava os olhos nas redes sociais antes de dormir. Uma das postagens de um amigo me chamou a atenção: a foto de uma motocicleta despedaçada e um corpo ao lado. Era o de Vinícius Vale, 28 anos, morto após se acidentar com sua moto no Bairro Eldorado, Zona Nordeste de Juiz de Fora. Fiquei chocada com a brutalidade da batida e com o número de manifestações de carinho endereçadas a ele. Um dos comentários dava os pêsames a uma jovem, noiva de Vinícius. Entrei em seu Facebook, e meu coração apertou de imaginar tamanha a dor.

Na manhã seguinte, cheguei ao jornal às 7h, como todos os dias, e comecei a ler as ocorrências enviadas pela PM. A primeira sobre a qual escrevi foi o acidente. Mais uma vez, as fotos me chocaram, a moto despedaçada… Assim que postamos a notícia em nosso Facebook, foram centenas de comentários e compartilhamentos. Se não me engano, foi a matéria mais lida daquele dia. Conversei com o meu amigo que conhecia o Vinícius e tive um pouco da dimensão do cara de bem que ele foi.
Matéria entregue, postada. Infelizmente, era “só” mais um episódio triste que eu noticiava. Depois de cinco anos cobrindo a área policial, me acostumei a ver casos assim. Mesmo que alguns deles mexam mais comigo, eles logo dão espaço a outro e outro. Mas este não seria só mais um…

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Dois meses depois, para ser exata, no dia 29 de outubro, um domingo, estava em um bar com uma grande amiga, Gioconda Fernandes, e ela me falou sobre uma conhecida que fez uma ação social no dia que aconteceria seu casamento com o noivo morto. Vanessa Cyrilo havia juntado amigos e familiares em uma grande ação para arrecadar mantimentos, brinquedos e dinheiro para ajudar a quem precisa. Quando ela disse o nome Vanessa, na hora me veio à cabeça o caso do Vinícius.

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Segunda-feira cheguei para trabalhar e relatei o fato ao meu editor. Ele disse que eu podia fazer a matéria, e procurei a Vanessa.

Sabia que a história era emocionante, mas não imaginava que seria tanto… Foi esta a apuração que mais me emocionei e aprendi sobre a força que as várias formas de recomeço têm. Chorei com Vanessa ao telefone, chorei escrevendo o texto, chorei ao ler publicado no site e no jornal.

Vanessa Cyrillo, obrigada por ser este exemplo de força, por transformar a dor em amor. Obrigada por não deixar o Vinícius morrer nos corações de todos nós, mesmo aqueles que nem osconheceu. Nunca se esqueça: saudade é o amor que fica.

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Leia a reportagem clicando na imagem abaixo:

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