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Rua da Paz

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A repórter Vivia Lima (Foto: Fernando Priamo)
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Nascer depois da morte! Assim começou a vida do menino Lorenzo no dia 17 de novembro de 2017. O sonho de ver seu filho não foi possível para a jovem Ana Cláudia da Silva. Dela foi arrancado o direito de sentir a dor do parto, algo tão significante para as mães. Ao tentar salvar o marido, Ana Cláudia acabou sendo baleada na cabeça. O óbito, registrado às 14h30 do mesmo dia em que o filho chegou para a vida, vai deixar para sempre marcado na vida desse garoto a alegria do nascimento e a dor de não ter conhecido sua mãe, sem sequer ter tido a chance de um destino diferente. Esse misto de sensações foi o que senti quando saí, ainda muito confusa da redação da Tribuna, com destino à Favela do Rato para fazer a reportagem.

Assim como Ana Cláudia, outras mais de 130 pessoas já foram assassinadas apenas neste ano em Juiz de Fora. Essa realidade assustadora registrada ano a ano tem tirado sonhos de crianças e jovens que perdem suas vidas para o crime. É bastante difícil relatar esse cotidiano mas, essencial para apontar o problema que é meu, é seu. Fazemos parte dessa sociedade violenta e cruel. Difícil também foi estar diante daquela cena, onde o corpo estendido no chão é rodeado por um pai assustado que parecia não entender o que havia acontecido. Olhos também assustados contrastavam com vizinhos bebendo uma cervejinha “de leve”, logo ao lado. A gente percebe que as vidas findadas por um tiro são quase que naturalizadas.

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Isso é um problema muito grave, principalmente quando a polícia diz que o suspeito do disparo é um garoto de apenas 16 anos, e o tráfico de drogas seria o grande vilão não só dessa, mas de muitas outras histórias que acabam em estatísticas sangrentas. No trajeto, da entrada da favela que por alguma ironia se chama Rua da Paz, ao local do crime, ouvi algumas crianças dizerem “a gente vai aparecer no jornal”.

O entusiasmo da frase foi mais uma questão difícil de entender diante daquilo que o dia me reservava como repórter: a morte de uma mãe e a vida de uma criança que, graças a profissionais do Samu, conseguiu vir a esse mundo cruel, desigual e que talvez daqui a alguns anos, tenha a vontade de ter podido conhecer aquela em que ele ficou guardadinho por nove meses e nunca pôde sentir o calor dos seus braços.

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Leia a reportagem clicando na imagem abaixo:

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