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A denúncia e a consequência do descaso

EDUARDO VALENTE1
O repórter Eduardo Valente. (Foto: Fernando Priamo)
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Acompanho, há alguns anos, todo o imbróglio envolvendo a Concer e o Tribunal de Contas da União (TCU), por causa das obras não finalizadas da Nova Subida da Serra de Petrópolis (NSS). Este ano, a situação da concessionária extrapolou este assunto, porque o pavimento da rodovia BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, antes considerado um verdadeiro tapete, estava deixando a desejar. As reclamações dos leitores vinham em uma crescente e, a partir disso, começamos a apuração para entender o que estava por trás do possível abandono da estrada. A partir de uma análise minuciosa de contratos, balanços contábeis e relatórios de gestão, durante três semanas, denunciamos de forma inédita que a Concer permanecia com uma boa arrecadação, mas havia reduzido em 80%, em um intervalo de 12 meses, os investimentos em manutenção e conservação da via, além de estar demitindo mês a mês o quadro de pessoal próprio destinado a este fim.

Por causa da reportagem, a Justiça não determinou a caducidade, mas impediu que a tarifa de pedágio sofra novo aumento, o que estava prestes a acontecer

A falta de cuidados com a estrada – cuja tarifa do pedágio está entre as mais caras do país – despertou também a preocupação sobre as condições da obra inacabada na serra. Mostramos, inclusive, algumas estruturas danificadas pela ação do tempo, como viadutos pela metade e a entrada do polêmico túnel com sinais claros de abandono. Em entrevista ao jornal, em Duque de Caxias (RJ), o presidente da concessionária garantiu que a manutenção da obra se mantinha inalterada, fato que se mostrou inverídico em outubro. Não gosto do clichê tragédia anunciada, mas não encontro frase melhor para explicar como uma cratera sobre o túnel, de mais de 70 metros de profundidade, surgiu ao lado da pista de descida da rodovia, engolindo construções, desabrigando mais de 90 famílias e assustando toda uma região.

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Desde a reportagem, as autoridades, baseadas no levantamento exclusivo da Tribuna, se movimentaram. Logo após a publicação da matéria, o Ministério Público Federal entrou com uma ação na Justiça pedindo a caducidade do contrato de concessão, discurso também repercutido em Brasília, por meio da Câmara Federal. Por causa da reportagem, a Justiça não determinou a caducidade, mas impediu que a tarifa de pedágio sofra novo aumento, o que estava prestes a acontecer. Até a publicação deste texto, outras frentes se mantinham ativas, inclusive com investigação criminal da Polícia Federal, relacionando o acidente na serra com o provável abandono da manutenção nas obras.

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Leia a reportagem clicando na imagem abaixo:

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