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Adolescentes invadem escola e fazem ameaças

construida recentemente escola nao tem muros apenas um alambrado que ja foi danificado

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Construída recentemente, escola não tem muros, apenas um alambrado, que já foi danificado
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Construída recentemente, escola não tem muros, apenas um alambrado, que já foi danificado

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Um novo drama aflige a comunidade do Residencial Parque das Águas, na região do Monte Castelo, Zona Norte. Além da invasão de imóveis por traficantes, como a Tribuna já mostrou em matérias anteriores, agora o alvo é a Escola Municipal Jovita de Montreuil Brandão, inaugurada há menos de 15 dias. Na tarde da última quarta-feira, a unidade, que atende a cerca de 90 alunos do primeiro e segundo períodos da educação infantil e do primeiro ano do ensino fundamental, foi invadida por quatro adolescentes que ameaçaram e intimidaram funcionários, levando medo à comunidade escolar. Ontem a aula foi parcialmente suspensa, e uma reunião com os pais foi realizada às 14h para esclarecer o episódio. A Secretaria de Educação garante que a rotina na instituição não será alterada.

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Na quarta-feira, a Polícia Militar esteve no colégio e registrou um boletim de ocorrência (BO) por crime de ameaça. Ainda conforme o documento, os adolescentes teriam entrado no local fazendo baderna e, ao serem advertidos por uma cozinheira, fizeram ameaças. “Vai morrer todo mundo, vamo dá tiro aqui”, diz o BO.

A Tribuna foi até a escola no início da tarde de ontem e encontrou o grupo novamente rondando a escola. Com medo, algumas funcionárias contaram o que aconteceu. “As crianças estavam merendando, e os jovens chegaram, querendo comida. A funcionária negou, e começou a discussão. Ela precisou esconder dentro do meu carro”, contou uma servidora. Outra profissional, 51, também relata temor. “A escola não tem muros, é apenas um alambrado, e já danificaram a parte dos fundos. Sinceramente, minha vontade também é não retornar e pedir transferência. Fico receosa que aconteça algo com as crianças. De quem será a responsabilidade?”

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Mãe de um aluno de 5 anos, uma cozinheira, 38, teme novos casos. “Fomos buscar as crianças na quarta, e ninguém sabia de nada. Mas a coordenadora chamou todos os pais e contou chorando o que havia acontecido. Os funcionários estão assustados, e nós também. Estávamos todos felizes que nossos filhos poderiam estudar perto de casa, e agora isso. É muito ruim viver desse jeito, sob pressão. Quando você acha que está tudo bem, acontece alguma coisa.”

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Sem merenda

Ontem a cozinheira, 48 anos, que é terceirizada, não foi trabalhar e avisou à direção que não retorna ao cargo. Os estudantes que compareceram à escola ontem tiveram que ser liberados às 15h, já que não havia merenda. A expectativa é de que hoje uma nova profissional seja encaminhada à unidade pela empresa contratada.

O diretor Ricardo Barros Vieira vê o caso como isolado, mas diz que é preciso que o município adote medidas para garantir a segurança das funcionárias e alunos. “Sou só eu de homem na escola e, no dia da invasão, saí às 14h30 para uma reunião do Fundeb, na Secretaria de Educação, e lá fui informado do episódio. Como aqui só há professoras e funcionárias mulheres, elas ficaram acuadas. Mas o fato é isolado, ligado a quatro adolescentes entre 16 e 18 anos, entre eles duas meninas. O que vou solicitar é a presença de um guarda municipal na unidade pelo menos por 30 dias para garantir a segurança dos professores e alunos.”

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Na reunião com os pais, o diretor ressaltou que a escola foi abraçada pela comunidade. “Fomos muito bem recebidos, tanto que estamos liberando o acesso à quadra de esportes após o término das aulas. O que aconteceu está ligado a esse grupo. Como três deles são menores, vamos encaminhar os nomes ao Conselho Tutelar e aguardar o posicionamento da polícia, já que uma das meninas tem 18 anos.”

Segundo o secretário de Educação, Weverton Vilas Boas, os suspeitos da perturbação já foram identificados. Conforme Weverton, durante o encontro, foi destacada a importância da mobilização da comunidade para que episódios como o desta semana não voltem a acontecer. Ele afirmou que os presentes se mostraram engajados. “Não vamos fechar escola por conta de casos isolados como este, hoje (ontem) teve aula e amanhã (hoje) funciona normalmente”, enfatizou.

O coordenador-geral do Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro), o vereador Roberto Cupolillo (PT), afirmou que ultimamente não tem chegado ao sindicado ocorrências de violência em escolas municipais . “Está bem tranquilo. Porém, as escolas não são ilhas. O que ocorre fora dos muros escolares acaba refletindo dentro deles.”

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Inauguração

A escola foi oficialmente inaugurada no dia 17 de outubro pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB), mas a unidade, reivindicação da comunidade, já estava em funcionamento desde setembro. O colégio conta com 11 salas de aula, sala de reforço escolar, refeitório, cozinha, biblioteca, área de convivência e quadra poliesportiva, incluindo plataforma elevatória para garantir a acessibilidade de alunos com deficiência.Foram investidos aproximadamente R$ 3,4 milhões na instituição, que tem capacidade para mais de 300 alunos por turno, e a meta é matricular estudantes desde a educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental. O atendimento tem sido feito por meio de transferência de estudantes de outras instituições, de forma gradual.

*colaborou Michele Meireles

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