Dezesseis bases móveis comunitárias serão espalhadas por toda Juiz de Fora para reforçar o policiamento em pontos considerados estratégicos e de grande fluxo. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (31) pelo comandante da 4ª Região da Polícia Militar, coronel Alexandre Nocelli. Em debate na Rádio CBN sobre segurança pública, ele utilizou o termo “fake news” para definir as informações que circularam pela cidade recentemente sobre o possível fechamento dos postos policiais dos bairros São Mateus, na Zona Sul, e Benfica, na região Norte. Os boatos surgiram exatamente após o Governo de Minas lançar a expansão do projeto das bases móveis, e, em Benfica, os moradores chegaram a fazer um abaixo-assinado pela permanência do posto fixo que integra as ações do programa “Ambiente de paz”, na Praça Jeremias Garcia.
“Essa fake news de que vão fechar os postos é desprovida de qualquer elemento fático. Não vamos fechar. Não fazemos nada para diminuir nossa potencialidade. Pelo contrário, queremos otimizar a questão do policiamento. O programa estadual da base de segurança comunitária foi precedido de um estudo técnico aprofundado e visa a aproximar a instituição da comunidade. A diferença dessas bases é o aporte tecnológico. É um veículo, com toda estrutura acoplada. Além de registrar ocorrências e termos circunstanciados, tem interface com o Olho Vivo: o policial que estará dentro desta base observará câmeras do entorno onde estiver posicionado. É uma série de ingredientes que vem agregar o policiamento”, afirmou o coronel.
O comandante revelou alguns locais que receberão as bases móveis, divididas entre o 2º e o 27º batalhões, além do esquema de funcionamento, previsto para acontecer das 14h às 23h. O efetivo será composto por quatro militares, e dois deles circularão em motos pelas áreas em rotinas de patrulhamento. Cada uma das sete regiões do município deverá contar com pelo menos duas unidades. No Centro, os veículos estarão no Parque Halfeld e próximos às praças do Riachuelo e Antônio Carlos. Na Zona Sul, nos bairros São Mateus e Alto dos Passos, mais precisamente na praça do trevo do Bom Pastor. A praça de Benfica e a parte da Avenida JK que corta o Francisco Bernardino serão os pontos da Zona Norte. A Avenida Presidente Costa e Silva, no São Pedro, e as imediações do Independência Shopping também estão entre as áreas estratégicas. Na região Sudeste, o modelo de policiamento comunitário deverá ser implantado na Vila Olavo Costa e no Vitorino Braga, este já próximo à Zona Leste. A Avenida Juiz de Fora, no trecho entre o Granjas Bethânia e o Grama, também é apontada, assim como o Mariano Procópio, para beneficiar a Zona Nordeste.
Apesar de garantir já ter sido realizado o estudo de onde as bases deverão ser instaladas, levando em consideração indicadores de crimes violentos e grande fluxo de pessoas e veículos, o coronel preferiu não detalhar todos os locais porque poderão acontecer mudanças. Ele também informou não haver previsão para a chegada das bases móveis e o começo das atividades.
“O pessoal de Belo Horizonte esteve aqui e passou em cada ponto que vamos colocar a base. A praça de Benfica é um local importante e estratégico em termos de segurança pública, como o São Mateus e o Parque Halfeld.”
Em meio à polêmica de que o novo modelo colocaria fim aos postos territoriais, o comandante ponderou que ocorrerão ajustes para conciliar os dois equipamentos: “Temos recursos, principalmente humanos, finitos. Não posso deixar um posto em Benfica e colocar uma base a 500m na Rua Martins Barbosa, gastando mais oito policiais. Seria incoerente. Vamos colocar a base na praça, onde há o Ambiente de Paz. Após as 23h, ela será recolhida, e o posto continua trabalhando. E assim vai ser no São Mateus. Em nenhum momento tivemos a ideia de fechar os postos. Seria um desserviço para a cidade. A comunidade pode ficar tranquila. Mas não vamos criar mais postos. Não temos condições estruturais para isso. Os locais desprovidos de policiamento mais ostensivo vão ter as bases.”
Questionado sobre a possibilidade de os criminosos aproveitarem o horário pré-determinado das bases móveis para agirem antes ou depois, o coronel Nocelli rebateu: “A base agrega a questão da tecnologia tão importante à atividade policial. Mas não vai ser exclusiva. As viaturas de rádio patrulhamento, de prevenção ativa, os táticos móveis e os grupos especializados continuam. Temos uma gama de atividades policiais nas ruas que não vão parar, à disposição da comunidade. Recebemos cerca de 60 mil ligações por dia no 190. A demanda é muito considerável.”
Guarda municipal será equipada com drone
Também presente no debate da Rádio CBN desta terça-feira (31), o secretário de Segurança Urbana e Cidadania, José Armando da Silveira, divulgou que os trabalhos da Guarda Municipal vão passar a contar com o apoio de um drone – veículo aéreo não tripulado. “A Guarda está tentando também, com seus parcos recursos, acompanhar o progresso. Acabamos de adquirir o drone e já está em meu poder. É um meio interessante de se policiar à distância, como uma mão longa e estendida da força policial. O drone é uma mão comprida porque vamos, do nosso gabinete, acompanhar o que está acontecendo a quilômetros. Isso é muito importante.”
O secretário disse ainda não haver previsão para o uso do novo equipamento, mas garantiu ser em breve. “Estamos em fase de preparar nossos operadores. E o drone entrará em atividade a qualquer momento.” Embora haja reivindicação por parte dos cerca de cem guardas do município pelo uso da arma de fogo, José Armando afirmou que “o guarda está muito bem provido de segurança”: “Eles saem do quartel para trabalhar levando consigo as algemas, os sprays de pimenta e gás e uma pistola de primeiro mundo, que é a de choque, com poder de até seis metros de distância.”
Ainda assim, como “os guardas reclamam que querem arma de fogo”, a hipótese está sendo avaliada.
Havia um empecilho legal na Lei Orgânica municipal, que deixou de existir. Isso abriu um caminho. Mas não significa que amanhã vamos armar a Guarda. Temos que discutir isso com as polícias Militar e Civil.
Segundo ele, em breve serão incorporados mais 21 guardas, aumentando a presença física. “Hoje temos dez viaturas e estamos tentando melhorar o trabalho com cursos de aperfeiçoamento.”
Redução de crimes
Ainda durante o debate, o coronel Nocelli apontou queda nos indicadores de violência. “Estamos reduzindo homicídios consumados, tentados e lesões corporais. É todo um ciclo que está se quebrando. Os roubos caíram e também os furtos. Prendemos no primeiro semestre deste ano, 10.172 pessoas.” Segundo ele, o número engloba os 1.354 adolescentes apreendidos em flagrante em decorrência de atos infracionais. “O nosso sistema prisional está abarrotado. O problema não é a eficiência da polícia. Temos que acordar para isso. Temos que trabalhar as causas da violência. Se não revertermos o início do processo, não vamos ter resultados. Temos que pensar em educação, saneamento básico, distribuição de renda, em muitas variáveis que fomentam a questão da violência.”
O comandante da 4ª Região da PM também destacou ser estarrecedor o número de 671 armas de fogo apreendidas apenas nos seis primeiros meses de 2018. “É muita arma em circulação.” Ele reiterou que o grande foco é o combate ao tráfico de drogas, diretamente ligado aos homicídios.