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Vigilante amordaçado em assalto na UFJF

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Comunidade acadêmica está assustada com os últimos episódios de violência no campus, principalmente à noite (Leonardo Costa)
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Comunidade acadêmica está assustada com os últimos episódios de violência no campus, principalmente à noite (Leonardo Costa)

Mais um caso de violência dentro do Campus da UFJF voltou a assustar a comunidade acadêmica. Desta vez, a vítima foi um vigilante, 55 anos, funcionário de uma empresa que presta serviço de segurança à instituição. Na noite da última terça-feira, ele foi rendido por um criminoso, mascarado e armado, quando fazia ronda no prédio da Faculdade de Direito, próximo ao Anfiteatro de Estudos Sociais. Em seguida, teria sido, conforme ele próprio relatou à Polícia Militar, agredido com socos e chutes até ser imobilizado e trancado na sala utilizada como vestiário pelos seguranças. Apenas este ano, pelo menos outros três crimes foram registrados dentro do campus. No de maior repercussão, em 23 de fevereiro, uma professora, 34, foi rendida e agredida por um adolescente, 17, armado com duas facas de cozinha. Situações como estas têm preocupado a comunidade acadêmica, enquanto a instituição já admite a possibilidade de rever normas internas de segurança.

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No caso mais recente, o bandido, ao abordar o vigilante, estava acompanhado de um comparsa. A dupla teria fugido com objetos pessoais e equipamentos de trabalho da vítima, como um revólver calibre 38, com capacidade para cinco tiros, dois rádios de comunicação pertencentes ao patrimônio da UFJF, um colete à prova de balas e uma faca. Apesar de ter sido amordaçado, amarrado e trancado no cômodo, o vigilante conseguiu pegar seu celular no bolso e fazer uma ligação pedindo socorro. Militares precisaram arrombar a porta da sala onde estava a vítima, já que as chaves teriam sido levadas pelos assaltantes.

O funcionário da empresa terceirizada, prestadora de serviço à UFJF, sofreu pequeno corte no lábio, mas dispensou atendimento médico. A PM fez ações de cerco e bloqueio no entorno do campus, além de incursões às áreas de mata e locais que dão acesso aos bairros Dom Bosco e Nossa Senhora de Fátima. Apesar das buscas, nenhum suspeito foi encontrado. O boletim de ocorrência foi encaminhado às polícias Civil e Federal para investigação.

Por meio da assessoria, a Diretoria de Segurança da UFJF informou que os vigilantes são capacitados e recebem treinamento periodicamente, mas que situações como essa são inerentes à profissão e pontuais dentro da universidade. A diretoria acrescentou que irá reunir a equipe para alertar sobre tais riscos, revendo, se necessário, normas internas de segurança.

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Outros casos

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Além do caso da professora e do vigilante, outros ocorreram este ano na UFJF. No dia 5, uma jovem, 22, foi assaltada pela manhã. Ela caminhava pelo local, quando foi abordada por um adolescente de 15 anos armado com faca. Ele chegou a roubar o celular dela, mas foi perseguido por populares e detido perto de um posto de combustíveis próximo ao Pórtico Norte. Já no dia 31 de janeiro, um caixa eletrônico situado no campus amanheceu arrombado. Um vigilante encontrou o equipamento danificado, entre as faculdades de Comunicação e de Administração e Ciências Contábeis. A quantia levada não foi informada.

Centro de monitoramento em construção

A comunidade acadêmica se diz preocupada com os recentes casos de violência dentro do campus. Na época do assalto envolvendo a professora, foram levantados questionamentos sobre a situação das câmeras de segurança e o fato de grande parte dos vigilantes ser de trabalhadores terceirizados. Ontem o assunto voltou à tona. Para o vice-presidente do Sindicato dos Professores de Ensino Superior (Apes) Agostinho Beghelli Filho, o problema não está na terceirização em si. “Eles não têm força dentro da instituição para reivindicar melhores condições de trabalho, então vemos uma precarização deste setor. Até onde sabemos, as câmeras de monitoramento não funcionam plenamente, e nem temos uma central de monitoramento. Acho que a administração superior precisa rever a questão de segurança dentro da universidade.”

A opinião é semelhante à do coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf), Paulo Dimas. De acordo com ele, “falta segurança para os próprios seguranças”. “Este trabalhador, terceirizado, ainda estava armado. Os do quadro trabalham desarmados, então são ainda mais vulneráveis. Acreditamos que, em alguns pontos, os vigilantes deveriam atuar em duplas, e não sozinhos.”

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Câmeras

Entre 2012 e 2013, foi feito um processo licitatório para a construção de um novo centro de monitoramento na UFJF. Entre as melhorias previstas, estava a instalação de 634 câmeras de vigilância em todo o campus. Conforme o portal de transparência do Governo federal, o contrato de instalação, de R$ 23,9 milhões, deveria ser concluído até janeiro de 2015. No entanto, duas prorrogações já foram feitas, sendo a última em janeiro, por mais 12 meses. Segundo a Diretoria de Comunicação da UFJF, a prorrogação se deu por causa da não conclusão das instalações, em razão de reduções nos investimentos.

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Outra medida anunciada foi a instalação de um Fórum de Segurança, cuja minuta foi apresentada na tarde de ontem, durante reunião do Conselho Superior (Consu). “Já foram realizados cinco encontros para discutir pontos ligados à segurança no campus, como a estrutura atual, qualificação da equipe, normas e equipamentos necessários para o trabalho dos vigilantes”, informou, em nota.

Sobre o trabalho terceirizado dos seguranças, foi explicado que a empresa atua por meio de um edital emergencial. Um novo processo licitatório deve ser lançado pela nova administração. Por questões de segurança, o efetivo atual não é divulgado.

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