Um motociclista, 21, morreu na noite desta quinta-feira (30) após o veículo que pilotava ser atingido por uma viatura da Polícia Militar. O acidente aconteceu na Avenida Juiz de Fora, no Bairro Grama, na Região Nordeste da cidade. O caso está sendo investigado pela 4ª Delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora e um inquérito da Policial Militar foi instaurado para apurar o ocorrido.
De acordo com nota da Polícia Militar, o acidente aconteceu por volta das 23h52. O militar teria perdido o controle do veículo enquanto realizava uma curva em uma descida da via. A viatura policial, então, invadiu a pista de sentido contrário e colidiu frontalmente com a motocicleta.
O acidente acabou ocasionando uma segunda colisão, quando outro carro, que vinha atrás da motocicleta não conseguiu frear e também atingiu a moto. O motociclista que foi atingido pela viatura e pelo carro de passeio foi a óbito ainda no local. Vinícius Henrique Lopes dos Santos, que era motoboy, estava sem documentos e foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML). Foi aberto um inquérito policial para apurar o caso e, segundo a Polícia Civil, os condutores seriam ouvidos ainda nesta quinta-feira (31) pelo delegado responsável pelo caso. Também foi constatado que a vítima não possuía CNH
Segundo a PM, chovia no momento do acidente e havia uma mancha de óleo na pista no ponto do primeiro impacto. A Perícia Técnica da Polícia Civil realizou os trabalhos de praxe, e os veículos foram removidos. O Corpo de Bombeiros aplicou serragem no local para evitar novos acidentes. O Samu-Cideste, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e a equipe de perícia técnica da Polícia Civil estiveram no local.
Família questiona versão da PM
Em entrevista à Tribuna, o pai da vítima, Tiago Duarte Lopes dos Santos, relatou sua versão dos fatos. Ele esteve no local e diz não ter notado a presença de óleo na pista, como dito pela PM.
“No boletim de ocorrência, dizem que a viatura escorregou no óleo por causa da chuva e atingiu meu filho, perdendo a direção. Fiz um vídeo do local horas depois e não vi óleo nenhum no chão, nem onde alegam que ele escorregou. Acho tudo muito estranho. O rapaz para quem meu filho fazia entregas tentou me avisar na hora, mas não deixaram. Quando cheguei, já não havia mais nada no local, só serragem.” O caso continua sob investigação, e novas informações deverão ser divulgadas pelas autoridades competentes.
Em nota enviada à imprensa, a Associação dos Motoboys, Motorgirls e Entregadores de Juiz de Fora manifestou pesar e indignação pela morte de Vinícius. A associação diz se recusar a “aceitar justificativas que tentam desviar o foco da responsabilidade”. A associação cita, no texto, que a alegação de que havia óleo na pista “reforça a necessidade de fiscalização e manutenção das vias, um dever do poder público. Além disso, cabe aos condutores de veículos de emergência o conhecimento e a prática da direção defensiva para evitar tragédias como essa”.
A entidade também cita a questão da falta de habilitação do trabalhador. “Não podemos permitir que a falta de habilitação da vítima seja usada para relativizar a perda de uma vida. Nenhum fator justifica ou minimiza a dor de familiares e amigos que hoje choram essa perda irreparável. Vinícius deixa para trás uma companheira grávida de dois meses, além de uma família que agora busca justiça. Exigimos uma investigação rigorosa e transparência total nesse caso. Não aceitaremos que mais uma morte de um entregador caia no esquecimento ou seja tratada com indiferença.”
Outro acidente de moto deixa pessoa morta em cidade da região
No trevo de entrada de Divino, cidade a 240 quilômetros de Juiz de Fora, outro motociclista morreu, em um acidente envolvendo uma moto e um carro, na tarde desta quinta (30), na BR-116. Ele também estava sem documentos.
A informação é do Samu-Cideste, que atestou o óbito do motociclista ainda no local. A vítima, que aparentava ter por volta dos 40 anos, apresentou sangramento intenso na cabeça.