Ao menos 12 pessoas acreditam ter sido vítimas de golpe de um suposto estelionatário em Juiz de Fora. De acordo com relatos ouvidos pela Tribuna, o suspeito de aplicar os golpes induzia as vítimas a aplicar, com ele, uma quantia em dinheiro em um suposto investimento, por meio de uma corretora, com sede fora do Brasil. De acordo com as vítimas, que registraram boletins de ocorrência, o suposto investidor garantia lucro de 4% ao mês em relação ao valor investido que, contudo, não foi mais recuperado. Os valores aplicados são variados, mas a estimativa é de um prejuízo de mais de R$ 500 mil entre as vítimas.
“Ele prometeu que poderíamos tirar o dinheiro sempre que quiséssemos, sem um prazo definido. A princípio, eu tinha tratado que iria aplicar o valor em maio para tirar em dezembro. Dois meses antes, quando comecei a pedir, tivemos problemas. Parece que ele forjou provas. Tem um vídeo dele no banco como se o dinheiro estivesse preso lá, prints falsos de supostos Pix que nunca chegaram. Isso para várias pessoas, não só comigo”, conta uma das vítimas, em anonimato.
Além disso, a vítima de golpe relata que hoje ela e as outras pessoas que passam pela mesma situação entendem que o autor usou a proximidade com algumas delas, que frequentavam seu estabelecimento, para aplicar o golpe. “Esse indivíduo, quando nos envolvemos no investimento fraudulento, era dono de uma academia de crossfit no Morro da Glória. Inclusive, ele trabalha com o pai em uma oficina na Zona Norte. Eu perdi uma quantia relativa ao valor de um carro meu.”
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Prejuízo de mais de R$ 500 mil
De acordo com o advogado Sandro Pedretti, que representa seis vítimas do suposto golpista, a tendência é que mais pessoas lesadas sejam identificadas, já que o suspeito usaria de sua influência para praticar o crime. “Só nos meus clientes, o prejuízo total foi de cerca de R$ 400 mil. O estelionatário sempre usa a artimanha de que vai gerar lucro para as pessoas, então elas aumentam o valor do dinheiro investido.”
Outra pessoa lesada, que também preferiu não ter o nome divulgado, é parente do suspeito. O homem conta que ele e sua companheira passam pela mesma situação. Em representação criminal enviada à Justiça, a qual a Tribuna teve acesso, o casal alega que depois de se aproveitar da confiança gerada pela relação parental, o suspeito ofereceu uma oportunidade de investimento que “dobraria ou até triplicaria um investimento inicial de R$ 500”, alegando que “vinha obtendo sucessos neste tipo de movimentação através de carteiras de investimentos”.
Depois de dar certo no início, o autor propôs investimento com rentabilização fixa de 12% ao mês – posteriormente aumentada para 13%. Com isso, o casal continuou realizando aportes mensais. Depois de alguns meses, começaram a desconfiar, visto que o suposto investidor sempre dava desculpas para formalizar o negócio. Após tentativas de negociação, a representação judicial informa que não foi oferecida qualquer justificativa para o desaparecimento dos R$ 138.212 depositados pelo casal.
De acordo com as vítimas, as investigações sobre o caso estão em andamento. A Tribuna entrou em contato com a Polícia Civil e questionou sobre o andamento do caso. Entretanto, a corporação não retornou até o fechamento desta edição.
*Bernardo Marchiori, estagiário sob a supervisão da editora Carolina Leonel