Quase 30% das chuvas que atingiram Juiz de Fora este ano foram registradas em novembro. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre 1º de janeiro e ontem, o acumulado era de 1.372,4 milímetros, sendo que, nos últimos 30 dias, o volume pluviométrico chegou a 406,5 milímetros. É o mês mais chuvoso na cidade desde dezembro de 2013, quando o Inmet contabilizou 494 milímetros.
Os dados observados em novembro impressionam de diversas formas. O acumulado no período, por exemplo, foi 112,8% além da média histórica, que são 191 milímetros. Além disso, choveu mais este mês do que a soma de todas as precipitações registradas entre março e outubro deste ano, que foram 363,9 milímetros. Conforme o meteorologista Luiz Ladeia, percentualmente foi a maior concentração de chuvas de todo o estado. Destaque para o intervalo compreendido entre os dias 10 e 19, com soma de 313,5 milímetros.
Todo este período de instabilidade refletiu de forma negativa e positiva. Se por um lado a Defesa Civil tenha sido mobilizada ao atendimento de 615 ocorrências, por outro, os mananciais que fornecem água para a cidade estão em franca recuperação. A Represa João Penido é a que representou melhor resposta com as chuvas, subindo de 52,1%, no fim de outubro, para 71,5%, patamar alcançado na medição de ontem. A fim de comparação, entre outubro e novembro do ano passado, a recuperação foi de 6,2% (de 22% para 28,2%) e, em 2015, de apenas 0,24% (de 25,96% para 26,2%).
O reservatório São Pedro, que é pequeno e, portanto, tem variação maior ao longo do ano, manteve a média de aumento entre 50% e 60% observada nos últimos anos. Já Chapéu D’Uvas, 11 vezes maior que João Penido, cresceu cerca de 1,5% entre outubro e novembro de 2016 e está com 70,6%.
O diretor técnico-operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa, avalia de forma positiva o comportamento pluviométrico de novembro. “Geralmente este reflexo maior nos mananciais ocorre entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira de janeiro. Mas conseguimos alcançar já um volume razoável, o que nos dá muita tranquilidade. Vamos terminar o ciclo chuvoso com as represas cheias.”
Fase neutra
Ladeia explicou que a instabilidade de novembro na cidade é resultado do término de atuação do sistema meteorológico El Niño, que tem como característica alterar a distribuição das chuvas. “Estamos em um período neutro, com chuvas dentro de uma média, embora os dados de Juiz de Fora tenham sido fora do padrão.” A fim de comparação, segundo ele, Viçosa teve cerca de 10% de precipitações além do previsto, Coronel Pacheco, 34%, e São João Nepomuceno, 79%. Para dezembro, o comportamento deve ser dentro do normal, com uma variação de 10% para mais ou menos. A média do mês é de 327,1 milímetros.
Santos Dumont
Na madrugada de ontem, São Dumont foi castigada com uma forte chuva que deixou ruas inteiras alagadas. Os bombeiros registraram chamados relacionados a deslizamentos, desabamentos, enchentes e inundações. Não há registros de vítimas. Segundo dados dos cinco pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) instalados em Santos Dumont, a média de chuva em 24 horas foi de 97,2 milímetros.