Atualizada às 20h05
Um assalto frustrado seguido de cerco e perseguição aos bandidos voltou a assustar comerciantes e pedestres na parte baixa da Rua Marechal Deodoro, no Centro, na manhã de ontem. A tentativa ousada de roubar mais de R$ 55 mil em uma loja de utensílios domésticos aconteceu três dias depois de um jovem ter sido executado à luz do dia com, pelo menos, oito tiros, a poucos metros do local. Desta vez, houve novamente aglomeração de curiosos, mas os boatos de disparos e da presença de reféns no estabelecimento foram negados pela Polícia Militar. Apesar do temor causado na população pelos dois crimes violentos ocorridos no mesmo trecho da Marechal em um pequeno espaço de tempo, o comando da Rotam considera os dois fatos isolados, classificados como “crimes de oportunidade”. A PM ainda afirma que o policiamento está reforçado em todo o Centro, com o lançamento no último sábado da Operação Natalina.
A tentativa de assalto aconteceu por volta das 10h30, quando já era intensa a movimentação de pessoas na loja e no vasto comércio da região. Dois criminosos chegaram ao local de moto, e um deles entrou armado, rendendo uma funcionária. Sob a mira do revólver, a mulher foi obrigada a seguir com o assaltante até a tesouraria, na sobreloja, onde ele já teria informações de haver quantia referente ao faturamento de sexta-feira e sábado. Outras duas funcionárias também foram rendidas. Clientes e outros vendedores não teriam percebido o crime inicialmente, mas a confusão aconteceu quando a PM chegou rapidamente e cercou a área, com apoio do helicóptero Pégasus. Desesperado, o ladrão tentou escapar fugindo pelo telhado, mas foi perseguido e pego na Rua Fonseca Hermes. O homem, 27, ainda portava o revólver calibre 32 usado na ação, carregado com seis munições.
“Assim que a Polícia Militar chegou ao local e fez um cerco total na frente da loja e adjacências, ele ficou encurralado, acessou a parte do telhado da loja e começou a transpor os obstáculos, chegando até uma galeria que dá na Fonseca Hermes. Ao tentar acessar a rua, foi capturado pelo pessoal da Rotam, imobilizado, juntamente com equipes que estavam em solo”, contou o comandante da Rotam, subtenente Webert Marques. Segundo ele, todo o dinheiro roubado, contabilizado em R$ 55.573, havia sido colocado em uma mochila, abandonada pelo ladrão na fuga.
Já o comparsa, 17, foi pego na Rua José Inácio Trindade, no Ladeira, Zona Leste. Ele chegou a abandonar a moto e tentar a fuga a pé. “Outro suspeito estava nas imediações da loja, aguardando o meliante fazer o assalto e dar a fuga na motocicleta. Com a chegada da polícia, ele evadiu, mas foi localizado e, após fugir da guarnição, foi feito cerco e bloqueio, sendo também capturado pela equipe da Rotam.” Conforme a PM, os suspeitos são moradores dos bairros São Benedito e Santa Rita, na região Leste.
Clientes e funcionários buscam proteção no banheiro
Uma funcionária, 24 anos, que preferiu não se identificar, contou que viu o assaltante apontando a arma, perguntando onde era a saída da loja alvo da tentativa de assalto, na parte baixa da Rua Marechal Deodoro. “Corremos para o banheiro e também arrastamos os clientes que conseguimos para lá. Só saímos quando já estava seguro.”
Apesar de todo o tumulto, o fiscal aposentado José Renato Sarzeda, 58, disse que conseguiu manter a calma enquanto fazia compras no estabelecimento assaltado. “Vi as meninas (funcionárias) chorando e gritando, falei para todo mundo sair da loja. Estavam todos muito assustados, mas eu já estou acostumado a lidar com essas situações. Graças a Deus, ninguém ficou ferido.”
Para o subtenente Webert Marques, da Rotam, os ladrões provavelmente tinham informações privilegiadas sobre a movimentação financeira do comércio, já que o valor encontrado na mochila era bem alto. “Foi tudo em dinheiro. O valor seria depositado pela loja hoje (ontem). Ele conseguiu subtrair, mas não teve êxito com a chegada rápida da Polícia Militar.”
Apesar da visível ousadia dos criminosos em três dias, com o homicídio e a tentativa de assalto na Marechal, o comandante da Rotam não acredita que os bandidos mudaram o modo de agir. “Não acredito que estejam menos acanhados, são apenas oportunidades que eles estão vendo e tentando se aproveitar delas. Por isso considero que foram fatos isolados. Também mataram porque sabiam que o alvo estava ali, poderia ser em qualquer outro lugar.”
Questionado sobre a insegurança vivenciada na área, ele garantiu que a PM está reforçando o policiamento. “Quem visualizar qualquer atitude suspeita, como uma moto parada no mesmo lugar, deve nos comunicar pelo 190.” Para o subtenente Webert, a população também deve exercer seu papel. “Os comerciantes e os cidadãos precisam tomar medidas de autoproteção, cuidado com seus valores, principalmente nesta época do ano, quando aumenta-se muito o movimento no comércio, e as oportunidades acontecem.”