Ícone do site Tribuna de Minas

Carência de remédio pode comprometer cirurgias

Comissão de Saúde também esteve no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente, onde três remédios estavam em falta
Comissão de Saúde também esteve no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente, onde três remédios estavam em falta
PUBLICIDADE

O Centro Cirúrgico do Hospital de Pronto Socorro (HPS) pode estar ameaçado pela carência do anestésico Propofol. A Comissão de Saúde da Câmara Municipal visitou a unidade para verificar a situação de falta de medicamentos. “O anestésico é fundamental no trabalho do Centro Cirúrgico. Se a falta continuar, o setor poderá ser fechado”, preocupou-se o presidente da comissão, vereador Wanderson Castelar (PT). Além do anestésico, estão faltando dois antibióticos, cujos nomes não foram divulgados. “O problema é de compra do medicamento, que não há no estoque. A empresa contratada distribui, mas não é responsável por adquirir. Temos que apurar se a falta é devido a atrasos nas licitações, na entrega pelo fornecedor ou se o medicamento chega quase no prazo do vencimento. Estamos analisando”, explica o vereador José Mansueto Fiorilo (PDT), também integrante da comissão.

De acordo com com o subsecretário de Gestão da Secretaria de Saúde, Mariano Miranda, as principais causas de escassez no estoque são a dificuldade de compra de medicamentos e o atraso de entrega pelo fornecedor. “Já realizamos a compra dos antibióticos e estamos aguardando a entrega. Mas no HPS temos disponível o antibiótico Vancomicina. O anestésico está disponível no Centro Cirúrgico. São poucos, mas dá para abastecer por esses dias. Estamos com dificuldade de compra deste medicamento (Propofol). Fizemos a primeira licitação, e ninguém participou. Agora vamos realizar a segunda. Também estamos buscando outras formas de adquirir a medicação.”

PUBLICIDADE

Os parlamentares também vistoriaram ontem o Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente. No local foi identificada a ausência de três remédios: Clenil A (utilizado no tratamento e prevenção da asma), Prednisolona (indicada no tratamento de doenças endócrinas, reumáticas, alérgicas, entre outras) e Depakene em comprimido (anticonvulsivante). De acordo com Fiorilo, a falta de medicamentos na unidade está sob controle. “O que falta aqui hoje não compromete a assistência.” O vereador Antônio Aguiar (PMDB) relatou que ainda há necessidade de instalação na unidade da máquina de conferência de produtos, acordado com a empresa contratada (UniHealth Logística Ltda). Os funcionários alegaram que a distribuição dos remédios melhorou, que todos os pedidos são entregues, mas que, às vezes, não chegam na quantidade solicitada. Amanhã, a UniHealth irá realizar um treinamento com os servidores do departamento.

PUBLICIDADE

O subsecretário Mariano Miranda informou que não há, no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente, o Clenil A de 200mg, mas que o item pode ser substituído pelo de 250mg, adequando a dosagem. O mesmo acontece com o Depakene, não disponível em comprimido, mas existente em solução oral. “Não temos realmente o Prednisolona. Estamos aguardando entrega. O fornecedor será notificado, pois está com a entrega atrasada, mas o remédio deve chegar nos próximos dias.”

Segundo a diretora de novos negócios da UniHealth, Mayuli Fonseca, a compra do produto não é responsabilidade da empresa. “Se não tem o medicamento, é porque não temos no estoque.” Para evitar a falta de remédios, a empresa, com ajuda da assistência farmacêutica da Secretaria de Saúde, tem realizado a substituição por outros com os mesmos efeitos.

PUBLICIDADE

Cesta básica
Em três meses, a cesta básica do SUS teve uma redução de 22% em sua cobertura. Em julho, a Prefeitura contava com 95% dos 139 remédios cujo fornecimento é obrigatório pelo SUS. Agora, o percentual caiu para 73%. Segundo Mariano, a Prefeitura está com dificuldades financeiras para a compra de todos os medicamentos. “Demoramos para fazer as compras, mas elas foram realizadas. Estamos aguardando as entregas. Também estamos implementando ações tanto financeiras como administrativas para regularizar a situação.”

Contrato com UniHealth será analisado

Devido às constantes reclamações, por parte dos usuários, de falta de medicamentos, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal irá verificar o contrato da P com a UniHealth Logística Ltda. “Pedimos informações e o contrato com a empresa para a Secretaria de Saúde. Vamos avaliar o porquê dessa falta permanente de medicamentos. Iremos levantar o cronograma e verificar se ele tem sido cumprido. Também iremos averiguar se a Prefeitura está em dia com o pagamento da empresa, para que ela possa desenvolver suas atividades. Esperamos finalizar a análise até sexta-feira (amanhã)”, informou o presidente da Comissão de Saúde, vereador Wanderson Castelar (PT). O subsecretário de Gestão, Mariano Miranda, contou que o contrato será encaminhado ao setor jurídico da Secretaria de Saúde para avaliação de alguns pontos de atraso em relação ao sistema e à geração de relatórios. “Esses itens podem vir a atrapalhar no futuro. Estamos tentando antecipar esse problema.”

PUBLICIDADE

Vencedora de licitação em janeiro, a empresa UniHealth foi contratada para controlar o trâmite dos remédios e insumos destinados à saúde pública, desde a origem até a destinação final do processo (ver quadro). O valor dos serviços está estipulado em R$ 5,28 milhões. A Prefeitura disponibiliza o recurso mensalmente, no valor de R$ 430 mil. A duração prevista para o contrato é de 12 meses.

De acordo com a diretora de novos negócios da UniHealth, Mayuli Fonseca, no Hospital de Pronto Socorro (HPS), na Regional Leste, no Pronto Atendimento Infantil (PAI), na Casa de Saúde Esperança e na Farmácia Central, a gestão do sistema é realizada inteiramente por funcionários da empresa. Já nas unidades de atenção primária à saúde (Uaps), a empresa implantou o software, e um funcionário da Secretaria de Saúde realiza o controle do processo. Na rede hospitalar e em oito das 64 Uaps – São Benedito, Parque Guarani, Bandeirantes, Jardim Natal, Marumbi, Progresso, Santa Cruz e Linhares -, o sistema já está todo implantado. “Nós estamos buscando recursos humanos para terminar de implantar o serviço nas outras Uaps”, informou Mariano.

Segundo Mayuli, o projeto demora um ano para conseguir obter total controle da falta de medicamentos. “Por exemplo, em junho, às vezes falta xarope, pois o consumo é maior. Essas faltas pontuais são mais fáceis de controlar quando há informações de sazonalidades, o que só conseguimos após um ano de implantação do sistema.”

PUBLICIDADE

A Tribuna acompanhou todo o processo de logística da distribuição dos medicamentos realizada pela UniHealth, desde a chegada do produto no estoque até a prescrição ao paciente (ver quadro). De acordo com o diretor do HPS, Leandro Lopes, inicialmente, a implementação do sistema foi complicada. “É uma mudança de cultura. Antes, não tínhamos todo esse controle. Ainda precisamos fazer melhorias e adequações ao sistema ao hospital. Pretendemos implementar a prescrição eletrônica que irá agilizar o trabalho.” Mayuli explica que o médico, ao realizar a prescrição eletrônica de um medicamento, visualiza se há ou não o remédio no estoque. Assim, caso não tenha o produto, ele pode realizar a substituição por outro parecido.

 

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile