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Escolas levam sustentabilidade ao cotidiano de alunos por meio da criatividade

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A caixa de papelão virou fogão. Os cd’s antigos se tornaram trempes. Os potes vazios de iogurte agora são os botões, e os alunos são os chefes dessa cozinha. Mas, para além disso, eles são os responsáveis por essa metamorfose, em que as sucatas se transformam em brinquedos através das mãos dos pequenos.

Chamada de “Sucatoteca” pela escola, a iniciativa do Colégio Conexão, unidade Jardim Glória, consiste nas próprias crianças de 1 a 5 anos confeccionarem brinquedos e jogos a partir de materiais recicláveis. São usadas caixas de leite, tampinha de garrafa, garrafa pet e caixa de papelão, dentre outros. Deste modo, elas criaram uma biblioteca de brinquedos sustentáveis. Uma forma de aprender, desde muito cedo, a transformar o mundo em um lugar melhor – mais divertido e com atenção ao meio ambiente.

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De acordo com a coordenadora pedagógica da instituição, Yara Valesca Dias Cordeiro, tudo começou quando foi observada a quantidade de lixo produzida na hora do lanche das crianças. Para reverter essa realidade e incentivar o aprendizado de uma forma consciente foi desenvolvido o projeto.

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“O envolvimento de toda a escola foi de extrema importância. Nós percebemos uma integração entre professores, familiares e crianças. Ajudou muito no desenvolvimento das crianças, estimulando a criatividade, o lúdico, a coordenação motora e o raciocínio lógico”, explica Yara. Fora das salas de aula, as crianças deram continuidade à iniciativa, utilizando materiais recicláveis para fazer brinquedos em casa.

A Escola Municipal Marília Dirceu também adotou a dinâmica com os alunos do 8º ano. Para ser colocado em prática, o projeto foi dividido em cinco etapas. A partir do diálogo, os adolescentes foram conscientizados de que, mesmo aquilo que, à primeira vista, não possui serventia, mais tarde por vir a ser transformado.

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Posteriormente, foram definidos quais materiais seriam usados para a confecção dos brinquedos. Diante do planejamento feito, os itens foram construídos, testados e, por fim, doados para os alunos da educação infantil da escola.

Crianças cultivam própria horta


O ciclo de vida da planta vem sendo acompanhado por alunos que têm a oportunidade de ter uma horta na escola. É o caso da Escola Estadual Professor José Freire, em que os estudantes participam da manutenção da horta, que possui sistema de compostagem. Restos de frutas e cascas de alimentos se tornam adubo.

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De forma semelhante, a unidade do Conexão Jardim Glória também resolveu explorar a mesma dinâmica. O que antes era um jardim de inverno, típico de construções antigas, se transformou em uma horta com a ajuda das crianças. Junto de uma equipe de jardinagem especializada, o trabalho começou. São plantados no local couve, hortelã, tomate cereja, pimenta, taioba, rúcula, alface, cebolinha e salsinha. As crianças testemunham as fases das plantas, experimentam o que plantaram e sentem os cheiros desses alimentos.

A coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (GEA/UFJF), professora Angélica Cosenza, revela que, no projeto, estão sendo elaborados trabalhos sobre agroecologia escolar. O intuito principal é pensar as hortas escolares a partir da ideia da justiça ambiental e da soberania alimentar.

“Além de compreender os aspectos biológicos que se dão nas hortas, a gente pensa que a horta enquanto quintal da escola anuncia um modo de ver o mundo”, afirma a professora. Nesse cenário, é apresentado às crianças outro modo de produção alimentar – que foge da hegemonia de grandes redes de mercado ou de alimentos industrializados.

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A integração com a natureza que essa perspectiva de trabalho das escolas propõe aos alunos acaba por funcionar em diferentes esferas, das sensoriais à percepção do organismo social como um todo. “A nossa sociedade se separou muito dessa relação de plantio, cultivando e colhendo o próprio alimento”, explica Angélica Cosenza. A iniciativa é desenvolvida em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ela acrescenta que, por meio do projeto de extensão do GEA, a agroecologia escolar vem sendo desenvolvida com os alunos da Escola Estadual Presidente Costa e Silva (Polivalente), do Bairro Benfica. Durante a pandemia, enquanto essas atividades não poderiam ser colocadas em prática, os pesquisadores se juntaram a outros professores e agricultores. O resultado foi o livro “Agroecologia escolar: quando professores/as e agricultores/as se encontram”, que dá continuidade às discussões sobre a importância da conexão dos alunos com o meio ambiente.

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Escola oferece disciplina de educação ambiental

No Colégio Santos Anjos, o meio ambiente se tornou disciplina na grade dos alunos. A proposta é que, assim como as demais matérias, os conteúdos abordados ajudem na construção de uma sociedade melhor, com mais informações e promovendo mudanças positivas.

Os estudantes são colocados como protagonistas da preservação do meio ambiente, de forma a compreender que as atitudes coletivas e individuais são elementares na proteção do planeta. “Eles assumem um papel importante na sociedade, realizando desde pequenas atitudes diárias até ações maiores dentro e fora do espaço escolar, multiplicando saberes”, observa a coordenadora pedagógica Rosália Lopes.

A professora Angélica Cosenza, do GEA/UFJF, explica que a educação ambiental proporciona à população aumentar a leitura do mundo. “Ela pode ajudar na compreensão de que a cidade e o campo se movimentam na resolução de problemas ambientais. Portanto, pode mostrar como sujeitos em situação de vulnerabilidade socioambiental constituem lutas ambientais e práticas sustentáveis”, disserta a pesquisadora. Para ela, a educação ambiental funciona como o diálogo necessário entre anúncios de práticas sustentáveis e denúncia a práticas degradantes com a natureza.

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