Quatro meses depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico seguido por dois isquêmicos, o juiz-forano Gilmar César Kelmer, conhecido como Gil Kelmer, luta para recuperar habilidades e para captar recursos que possam ajudar a custear o seu tratamento na Europa. A esposa de Gil, a consultora de saúde holística Giovana Vommaro, e amigos do casal entraram em ação com rapidez, para que ele tivesse acesso aos tratamentos que vão garantir o máximo de autonomia, após os AVCs, por meio da rifa de um carro.
Eles moram em Viena, na Áustria, onde Gil trabalha com marketing consciente e comunicação para negócios sustentáveis. Ele e a esposa estavam em viagem por Lisboa, em Portugal, onde faziam cursos sobre agricultura sustentável, quando o problema ocorreu, no dia 15 de fevereiro deste ano. Gil sentiu dores fortes na cabeça durante a tarde e, com a piora dos sintomas, decidiu ir ao hospital. Em um primeiro momento, foi tratado como se tivesse um acesso de ansiedade/ataque de pânico, sendo medicado e liberado. Na manhã do dia seguinte, as dores se intensificaram, assim como a pressão que ele sentia na cabeça, o que o fez voltar ao hospital. Naquele momento, segundo Giovana, ele não conseguia mais ficar de pé. Ele entrou para fazer uma ressonância magnética e não saiu mais. Ele foi sedado, entubado e ficou em coma induzido por quatro dias.
O casal se mudou para Viena há três anos, em busca de uma vida mais minimalista no consumo e mais simples. A ideia era ter o suficiente para viver com o básico. “E isso tudo foi um golpe muito grande. Ninguém espera ter um AVC aos 37 anos. E eu não esperava perder o marido com 30. Financeiramente e estruturalmente não é uma idade justa pra se ter o tapete puxado assim”, afirma Giovana. Ter que lidar com as consequências dos AVCs exigiu uma série de adaptações e ainda demandará outras mais. Gil não poderia voar de volta para casa, então, ele ficou três meses internado em Portugal, até 17 de maio. Giovana cogitou ficar em Portugal, voltar para Viena ou vir para o Brasil, mas depois, fazendo contas e consultando especialistas, percebeu que era melhor permanecer em Viena, quando ele tivesse autorização para voar, o que foi feito ainda em maio.
Ação imediata
Giovana explica que a capacidade do cérebro de se ajustar para compensar os prejuízos, ou neuroplasticidade, é maior nos primeiros seis meses após o AVC. “Então, tudo o que se consegue recuperar nesses primeiros seis meses é o que você vai ter como marco zero para o restante da vida.” Então foi preciso agir rápido, para garantir que Gil tivesse acesso ao máximo de habilidades que conseguisse reaprender. Para isso, o juiz-forano precisou passar por muitas sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e de fala. “Ele teve que reaprender a fazer muita coisa, como se fosse um bebê que aprende os reflexos do corpo e a como controlá-los. Mexer os braços, as pernas, segurar coisas, dosar a força e a pressão pra segurar essas coisas, controlar o esfíncter, aprender a engolir, conseguir falar e respirar ao mesmo tempo, coordenar movimentos pra escovar os próprios dentes”, relata Giovana. Ainda de acordo com ela, o marido ainda não sente o lado esquerdo do corpo. A visão do lado direito está prejudicada e a audição também. O equilíbrio e a coordenação seguem como um grande desafio, embora ele consiga se sentar sozinho, vestir uma camisa, escovar dentes e comer.
Para que ele tivesse acesso a essa melhora, um amigo que mora em Viena deu a ideia da rifa do carro. No entanto, nenhum site fazia uma rifa grande como essa por meio de site. Foi preciso fazer tudo de maneira analógica. O prêmio é um Fox Connectc 1.5, que será sorteado pela Loteria Federal (concurso 5419), no dia 31 de agosto, às 19h. Cada rifa custa R$ 50. Os interessados devem entrar em contato com Maria Forgan (22) 981605228 ou com Paola Saggioro (32) 98834-2251 e ter acesso a outras informações por meio do site: gilkelmerhelp.wordpress.com.
O sistema de saúde na Áustria é co-participado, o que gera um gasto mensal, fora outras adaptações, como a cama, que vai precisar ser trocada, assim como outras alterações necessárias para receber uma pessoa com mobilidade reduzida, além de manter toas as terapias, que não são cobertas por esse sistema. O tratamento ainda é longo, mas não há margens para desistências, como reforça Giovana. “A gente não tem nenhum bem material, nenhum tipo de posse. Trabalhávamos em micro negócios próprios, meio digital nômades e pensávamos em ter o suficiente pra viver com o básico e viajar barato. Ele é muito novo pra não ter essa oportunidade. Ainda é muito novo pra gente pensar que não vale a pena o esforço.Qualquer pessoa que comprar um bilhete da rifa vai estar ajudando diretamente o tratamento do Gil.”