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Professor da UFJF sugere máscara como barreira para o vírus

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A via de transmissão direta do coronavírus (Covid-19) é respiratória, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC- Centro de Controle e Prevenção de Doenças). De acordo com o pneumologista e professor da UFJF, Júlio Abreu, em função dessa característica, somada a outros fatores, a máscara, que até o momento, só é recomendada aos pacientes que apresentam o sintoma, pode compor uma barreira importante no combate à disseminação da doença. Com base em uma série de estudos sobre o tema, Júlio tem informado em suas redes sociais sobre como o uso da máscara não só por quem apresenta algum indício da doença, mas também por qualquer pessoa, pode ser benéfico para barrar a transmissão.

O professor explica que, na transmissão direta, o indivíduo lança gotículas quando fala, tosse, respira e espirra, por exemplo. Caso tenha alguém por perto e essa gotícula alcance a boca ou o nariz, dependendo da imunidade dessa pessoa, ela vai contrair o vírus. Na transmissão indireta, o vírus fica depositado nas superfícies. E ao encostar em uma delas e levar a mão contaminada na boca ou no nariz, a pessoa fica infectada.

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“A diferença, é que estamos fazendo de tudo para evitar a secundária, enquanto, a máscara, que seria uma barreira para a transmissão primária, só é indicada apenas para quem é sintomático.”

Ele ainda ressalta que boa parte das transmissões acontecem por meio de indivíduos que são assintomáticos.

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A máscara como barreira, nesse sentido, possui duas vantagens, conforme Júlio. Se a pessoa já estiver contaminada, ela diminui a disseminação de partículas contaminantes para quem estiver ao redor. Se estiver saudável, reduz a exposição. “Ao invés de a partícula chegar à boca, ou ao nariz, ela fica retida na máscara. Fora que ainda impede que você leve a mão à boca. Então, ela serve de bloqueio tanto para as gotículas, quanto para as mãos.”

Para todo mundo usar

Uma preocupação que pode ser usada para manter a determinação vigente é a de que falte máscaras para os profissionais de saúde atuarem. Porém, o equipamento utilizado por esses trabalhadores não é o mesmo. Nos hospitais e clínicas, elas costumam ser feitas de material conhecido como TNT. As máscaras recomendadas pelo professor são de pano, que podem ser lavadas e reaproveitadas, de modo que não geram resíduos, sendo também sustentáveis.

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No entanto, o professor Júlio Abreu adverte que há materiais que são mais aconselháveis que outros, por permitir a respiração.

“Há trabalhos publicados que indicam materiais que dão essa respirabilidade e proteção. Entre os melhores está o algodão 100%. O que não impede que outros tecidos, como linho não possam ser usados. Não adianta fazer de tecido grosso, porque as pessoas não vão conseguir usar.”

Segundo o pneumologista, há experiências que mostram que é interessante que a máscara tenha duas camadas e um espaço para que se possa inserir um filtro, seja um papel toalha ou outros papéis, formando uma camada extra, que funciona como um filtro. Ele ainda considera que é necessário saber usar a máscara e, por isso, o trabalho técnico é fundamental. Em seu Instagram @profjulioabreu, ele dá dicas de como usar as máscaras.

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O indicado, para o professor, é que cada pessoa chegue a ter duas máscaras. Para que enquanto uma seja higienizada, a outra esteja em uso. Mas, a princípio, a ideia é que cada pessoa tenha pelo menos uma, em especial, aqueles que não podem trabalhar de casa e precisam fazer o uso do transporte público.

Somando esforços

A adoção da máscara precisa ser somada às outras frentes de combate. Lavar as mãos corretamente com água e sabão, manter o distanciamento social e a etiqueta respiratória, entre outras atitudes, é fundamental para que se contenha a velocidade de transmissão do vírus. “As pessoas não devem abandonar nada do que está proposto. Tudo deve ser feito igual, acrescentando essa medida.” Ele cita experiências como a da República Tcheca, em que o uso da máscara é compulsório para quem sai de casa.

“Ainda dá tempo, embora não saibamos quanto tempo temos, sobretudo em grandes cidades, como São Paulo, nas quais esse tempo está ficando mais curto. O ideal é que usemos esse tipo de aparato o mais cedo possível, quanto mais tempo perdemos, mais o vírus se espalha. Quando ele estiver espalhado, não adianta usar máscaras.”

Júlio ainda argumenta que é preciso ter empatia, porque quando a epidemia chegar nas classes menos favorecidas, poderá ser ainda mais destrutiva, em função da dificuldade de acesso ao sistema público de saúde. “Se pudermos aumentar a proteção, por que não adotarmos as máscaras?”, questiona.

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