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Tempestade tem ventos de 100km/h e 1.300 raios

equipes de limpeza do demlurb tiveram que remover sujeira e lama em varios pontos da cidade como a esquina das ruas s mateus com padre cafe leonardo costa

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Atualizada às 9h30

Equipes de limpeza do Demlurb tiveram que remover sujeira e lama em vários pontos da cidade, como a esquina das ruas São Mateus com Padre Café (Foto: Leonardo Costa)

Durante a forte tempestade registrada em Juiz de Fora, entre 22h e 23h de terça-feira, as rajadas de ventos chegaram a 98,6 km/h, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Conforme levantamento da Tribuna, foi o maior índice alcançado em pelo menos 35 anos. Para se ter ideia, tal intensidade é considerada de grau 10, conforme a Escala Beaufort, que mede os efeitos dos ventos. O grau máximo, 12, já é furacão, e representa rajadas superiores a 118 km/h. O grau 11, tempestade violenta, é dado a eventos entre 103 e 117 km/h. Apesar da intensidade da chuva, ela é considerada normal para esta época do ano, conforme meteorologistas ouvidos pela Tribuna durante a tarde de ontem. Sua intensidade, fora da média, é que impressionou e causou os estragos observados em várias regiões.

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Chamou atenção, também, a incidência de descargas atmosféricas. De acordo com a Cemig, foram 1.359 raios em pouco mais de duas horas, o que representa 60% dos relâmpagos esperados para todo o mês de dezembro, conforme uma média histórica. Segundo o meteorologista da companhia, Geraldo Moreira da Paixão, as descargas foram consequência da formação de uma nuvem conhecida como cumulonimbus, responsável pelas tempestades. “Podemos falar que tivemos um evento típico, mas dentro de uma situação particularmente intensa, fora da média”, relatou.

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A meteorologista Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia, explicou a tempestade em Juiz de Fora por meio de uma analogia. Segundo ela, o que causou a intensidade foi a associação de muito calor com umidade relativa do ar alta ao longo do dia. Na terça, fez 31,6 graus, a maior temperatura registrada desde outubro, com umidade do ar em torno dos 60%, o que chegou a provocar sensação térmica de 40 graus. “Imagine uma panela fervendo. Se fechada, o vapor vai começar a subir até a tampa. A panela é o nosso ambiente, e a tampa, mais fria, é a atmosfera. Este choque causou a formação das nuvens e a condensação da água.”

Volume pluviométrico

Ruas alagadas, quedas de árvores e destelhamentos foram registrados por todo o município. O volume pluviométrico, conforme a estação do Inmet, foi de 48 milímetros em uma hora, o que representa 14,7% da média histórica de dezembro, o mês mais chuvoso do ano. Em alguns pontos da cidade, os pluviômetros do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registraram acumulados ainda mais impressionantes. No Bairro São Pedro foram 91 milímetros, seguidos de Aeroporto (71) e Igrejinha (60).

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Segundo Geraldo Moreira, estas chuvas tendem a ser de curta duração e distribuição irregular. Ou seja, as nuvens se formam em uma área específica e em seguida novos pontos de instabilidade vão se criando, provocando novas pancadas em outras regiões. “As próprias rajadas de ventos são eventos bastante localizados. A estação do Inmet contabilizou os 98,6 km/h, mas em outros pontos da cidade o índice pode ter passado dos 100 km/h.” Curiosamente, a Estação Automática do Inmet deixou de transmitir informações durante a forte chuva. A velocidade identificada foi posteriormente divulgada pelos próprios meteorologistas do órgão.

Defesa Civil registrou 118 ocorrências

No Democrata, Av. Vereador Laudelino Schettino precisou passar por limpeza, após ser tomada por sujeira das águas do córrego que transbordou durante a tempestade (Foto: Olavo Prazeres)

Entre a noite de terça-feira e o fim da tarde de ontem, a Defesa Civil contabilizou 118 chamados, sendo a maior concentração na Zona Sudeste, com 55 ocorrências. Em seguida aparecem Cidade Alta (21), região Leste (12), Centro (11) e zonas Norte (9), Sul (8) e Nordeste (1). Entre as causas mais recorrentes, destacam-se 25 registros por ameaças de quedas de árvores, 23 por destelhamento parcial e 18 por quedas de árvores. Algumas solicitações ainda estavam em atendimento na noite de ontem.

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A Rua Horto Ganimi, na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste, está interditada devido à queda de um muro de contenção. Já na rotatória do Bairro Vale do Ipê, onde um carro foi engolido por uma cratera no momento da chuva, a Secretaria de Obras providenciou os reparos durante a tarde de ontem. Outras erosões foram corrigidas nas ruas Cesário Alvim, bairro homônimo, Zona Sudeste, e Ivan Batista de Oliveira, no Milho Branco, região Norte. Estão programados para hoje reparos em ruas dos bairros Cascatinha e Santa Cecília.

O Demlurb deslocou várias equipes para promover limpezas em ruas e corredores de tráfego, como as avenidas Rio Branco e Itamar Franco e as ruas São Mateus e Espírito Santo. Também foi retirado barro da Avenida Francisco Valadares, próximo ao trevo de acesso ao Bairro Vila Ideal, e na Rua Osório de Almeida, no Poço Rico. Hoje as equipes devem atuar em vias do Bairro Granbery.

Novas pancadas não estão descartadas

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou aviso, no fim da tarde de ontem, para alertar o Estado de Minas Gerais sobre a onda de calor que atinge várias regiões. Desta forma, a temperatura máxima, nos próximos dias, pode ficar até cinco graus acima da média histórica. Ontem na cidade fez 30,8 graus, sendo que o esperado em dezembro são 25 graus. Hoje a máxima pode chegar a 31 graus com novas possibilidades de pancadas de chuvas, principalmente no fim da tarde e à noite.

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Com a precipitação mais recente, dezembro atingiu a média do volume histórico de chuvas, que são 327 milímetros. Até o fechamento desta edição, no início da noite de ontem, a soma já estava em 334,7 milímetros. Dos 12 meses do ano, a meta histórica foi superada em seis ocasiões. Em 2015, isso aconteceu quatro vezes e, em 2014, apenas duas. O ano de 2013, que teve a maior concentração de chuvas dos últimos anos, registrou chuvas além do esperado em quatro meses.

*Juliana Netto Colaboração

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