O Grêmio Estudantil Polivalente (GEP) da Escola Estadual Presidente Costa e Silva (Polivalente Benfica) é a única organização mineira finalista no prêmio Construindo a Nação – Práticas Transformadoras, iniciativa dedicada ao reconhecimento de ações de cidadania realizadas por alunos de todo país. O projeto que está na disputa é o Recrear, que oferece à comunidade do Bairro Benfica, Zona Norte, acesso a diversas atividades por meio de oficinas. Os estudantes podem conseguir o prêmio de R$ 10 mil para converter em equipamentos para o projeto e para a melhoria da estrutura da escola caso consigam vencer uma votação pública aberta até a próxima terça-feira (31) no site do Instituto da Cidadania.
A iniciativa nasceu da vontade de afastar crianças e adolescentes do envolvimento com a criminalidade. A ideia partiu de Weberthon de Carvalho, aluno do terceiro ano do ensino médio, natural de Volta Redonda (RJ). Ele levou a ideia ao grêmio, com base em outra proposta com a qual teve contato. “Quando cheguei aqui, vi a oportunidade de fazer algo parecido com um projeto que fez muita diferença para mim lá em Volta Redonda.” Ele começou a integrar o GEP e, juntos, os estudantes buscaram oficineiros voluntários, iniciando as ações no dia 11 de março deste ano. As difículdades do início estavam todas ligadas à falta de apoio.
“Havia aquela ideia de que um projeto regido por jovens não tinha credibilidade. Depois, fomos buscar apoio para conseguir material com a Prefeitura, mas eles não puderam ajudar por ser uma escola do Estado. Quando vimos que havia pessoas muito dispostas a participar e ajudar a realizar esse sonho, tudo ficou muito mais fácil”, narra Weberthon.
Envolver as pessoas foi outro desafio para os estudantes. O caminho de diálogo escolhido foram as oficinas. São cinco atividades: hip hop, zumba, karatê, capoeira e futsal. Elas são oferecidas aos sábados, dentro da escola, entre 8h e meio-dia.
Resistência
O estudante relata que foi preciso vencer uma resistência inicial. “Não havia uma cultura de o aluno gostar de ficar dentro da escola. Ainda mais no sábado, quem quer ir para a sala de aula? Foi difícil. No primeiro sábado, contando as cinco oficinas, não tinham nem 20 interessados. No segundo, as turmas estavam todas cheias. Isso, inclusive, me deixou muito emocionado.”
A inscrição no prêmio que dá visibilidade nacional à iniciativa chegou sem que os alunos soubessem. De acordo com Weberthon, a diretora da escola ficou sabendo do prêmio e inscreveu o grêmio na iniciativa. “Me lembro de ter ido à sala dela, e ela estava muito feliz. Ela contou sobre a inscrição no projeto e disse ter fé que conseguiríamos, porque somos muito capazes. Tudo aconteceu muito rápido. De início, ninguém acreditava muito, mas estamos entre os 18 finalistas.” Os participantes do projeto se mobilizam para conseguir o máximo de votos. O prêmio pode ajudá-los a ampliar a ação. Algo para qual eles já se preparam, contando com parcerias que ultrapassam os muros da escola e chega a cruzar os limites do bairro, já que usam o espaço cedido por uma academia da localidade e conversam sobre atividades que podem ser levadas para o Bairro São Mateus, na Zona Sul, região oposta.