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Tribuna 43 anos: jornal acompanha Juiz de Fora e sua história se entrelaça com a da cidade

jornal impresso Tribuna de Minas Fernado Priamo
Ao longo de 43 anos, jornal foi ajudando a definir os rumos da cidade ao estar do lado da comunidade, em uma história que, desde então, se tornou quase única (Foto: Fernando Priamo)
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Quando a Tribuna começou a circular, em 1981, chegava aos leitores pelas bancas ou por assinatura, e encontrava um leitor que se informava pelo papel e com uma imediatez bem menor que hoje. Por trás desse leitor, também estava uma cidade bem diferente da que existe em 2024: uma Juiz de Fora com mobilidade menor, vivendo os anos finais de um longo período de Ditadura Militar e que se expandia para mais cantos enquanto deixava de lado um passado saudoso. Para que um jornal fique pronto, é preciso muitas mãos trabalhando, seja aquelas que escrevem, aquelas que editam, que diagramam, que concedem entrevistas e também aquelas que leem e, assim, fazem com que toda essa dinâmica seja possível. Mas, além disso, também é fundamental que haja uma cidade viva e que seja refletida nela, e um olhar para todos os acontecimentos percebendo a força que esse registro tem. No aniversário da Tribuna, relembre momentos marcantes dessa trajetória e como o jornal foi ajudando a definir os rumos da cidade ao estar do lado da comunidade, em uma história que, desde então, se tornou quase única.

Na capa do primeiro jornal, em primeiro de setembro de 1981, o Estádio Municipal cedendo terreno era destaque, assim como a nova Avenida Rio Branco, que dependia de verbas para ser inaugurada, e ainda uma fala de Tancredo Neves sobre a necessidade de a Zona da Mata lançar candidato a governador. Todos os dias desde então, ao longo desses mais de 40 anos, os principais fatos ocorridos em Juiz de Fora e na Zona da Mata aparecem nas páginas dos jornais, sendo registro de um tempo e também promovendo reflexões e apontando desafios da cidade. A pesquisadora Rafaella Prata, que estudou cadernos da Tribuna em sua tese de doutorado, enxerga que a história da cidade foi sendo afetada também por essa cobertura, de forma coletiva e também de maneira bem pessoal para os leitores. “A Tribuna traz vestígios das memórias, funciona como uma difusora e traz informações. Faz com que as pessoas circulem na cidade de maneira diferente e promove a sociabilidade de Juiz de Fora”, ressalta ela. 

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Há muitas funções que um jornal pode exercer e, como a pesquisadora enxerga, dentre elas há uma espécie de ativação de uma nostalgia restauradora, que seria uma busca por um retorno à casa, às origens e a um passado imaginado e desejado. “A mídia funciona como um arquivo, e o que é legitimado pela cidade é o que preserva essa memória.(…) Os leitores da Tribuna buscam essa centralidade na origem da cidade e tentam encontrar isso nas ruínas da cidade e fazem parte de um grande quebra-cabeça. Ao procurar por essa memória, transitam pela impermanência, que se torna legível através do papel e tinta. A mídia tem o papel de tornar a cidade legível”, diz. Vale lembrar que, assim como ocorreu no caso dessa pesquisadora, a Tribuna também tem servido de fonte para diversos estudos na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

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Para que isso realmente ocorra, ela destaca que é preciso sempre um movimento de retorno dos leitores, que buscam as informações, pedem matérias, comentam sobre as reportagens e se reconhecem no jornal. É um movimento ativo, e que vai se alterando seja qual for o meio ou o grau de tecnologia. “É um movimento de memória espacial, virtual, da imaginação e material. Tudo se concentra em diferentes plataformas, espaços e tempos. À medida em que a mídia aciona essa memória, tudo vai sendo ressignificado”, revela. Para celebrar essa história, a Tribuna selecionou alguns momentos e escolhas editoriais que fazem o jornal ser o que é na cidade. 

Visão política

O jornal acompanhou de perto a campanha “Diretas já”, que teve início em abril de 1984 e foi tomando o país como um dos acontecimentos políticos mais importantes do Brasil. Em Juiz de Fora, essa visão política sempre esteve presente através de entrevistas e matérias investigativas e também acompanhando eventos marcantes, como a prisão do ex prefeito Bejani e a facada em Bolsonaro. Além disso, foi através de matérias da Tribuna sobre o “Caso Koji” que a população se informou sobre práticas criminosas do vereador  Vicente de Paula Oliveira e também ficou sabendo da situação desastrosa em que se encontrou, durante tantos anos, o Ceresp.

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Análises e desafios

Para noticiar para a população, é preciso também que o jornalista entenda os acontecimentos e, para isso, conta sempre com a análise de especialistas. Isso faz toda a diferença, como aconteceu quando a represa de Chapéu D’Uvas estava sendo construída, há cerca de 30 anos, e também quando a privatização da BR-040 ocorreu. Todos esses acontecimentos foram acompanhados pela visão de profissionais e pesquisadores renomados – como, mais recentemente, também aconteceu com a pandemia de Covid-19, ao longo da qual a Tribuna foi acompanhando de perto os casos e teve também desafios impostos na rotina de trabalho. 

Cidade aumentando

Uma das maiores mudanças na cidade, e que foi registrada pela Tribuna, foi a inauguração do Mergulhão, que mudou bastante a mobilidade urbana da cidade. A nova Rio Branco, que o prefeito Mello Branco fez e que já esteve na primeira capa, também chama a atenção – é quase impossível pensar em Juiz de Fora hoje em dia sem essa avenida. Nas páginas da Tribuna, também é possível ver a expansão de novos bairros e a luta por melhores condições para todos. O projeto “O meu lugar”, por exemplo, que aconteceu ao longo de 2023, registrou a história de vários dos bairros da cidade e deu novas versões até mesmo às narrativas sobre esses lugares.

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Uma Juiz de Fora que é lembrada

Além de estar sempre acompanhando as novidades que acontecem na cidade, a Tribuna também tem o papel de rememorar os acontecimentos, lugares e movimentos que impactaram a cidade. O GPS Afetivo foi uma edição especial que tinha justamente esse objetivo: lembrar os lugares da cidade que marcaram as pessoas e que deixaram de existir, como também registrar essa falta que fazem. Um olhar para o passado também é feito através de matérias relembrando os festivais da cidade, como era o início do Carnaval e até espaços que fazem falta, como a Catedral do Stella Matutina e o painel do Colégio Magister,  sempre lembrados pelos leitores.

Olhar para o futuro

Desde que o tema da inteligência artificial chegou ao país, por outro lado, já foram dezenas de matérias produzidas pensando sua aplicabilidade e os riscos que ela pode gerar. Da mesma forma, o jornal se adaptou em épocas de eleição para combater fake news e checar informações falsas, além de conseguir atingir novos públicos. Esse olhar para o futuro também está no meio pelo qual o jornal chega às pessoas – se antes as notícias chegavam aos leitores apenas através do papel, isso mudou completamente. A Tribuna hoje está presente nas redes sociais, tem seu site, newsletter e trabalha com diferentes recursos audiovisuais para se aproximar dos leitores, chegando a mais de 3 milhões de acessos mensais.

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