Uma situação inusitada foi registrada pela Polícia de Meio Ambiente na manhã desta quinta-feira (29). Uma capivara apareceu na garagem de uma casa em plena Rua Floriano Peixoto, entre a Tiradentes e a Santo Antônio. O animal foi capturado e encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Estadual de Florestas (IEF), onde passou por avaliação de um veterinário e, posteriormente, devolvido ao seu habitat, em uma mata no Distrito de Monte Verde.
Quem chamou a polícia foi a jornalista Karla Dahbar, 42 anos, filha da proprietária do imóvel onde a capivara apareceu. Segundo ela, o animal estava machucado e causou muita sujeira na propriedade, mas ninguém se feriu. “A gente não sabia o que fazer. Primeiro ligamos para o Corpo de Bombeiros, que nos orientou a entrar em contato com a Polícia Ambiental (4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário)”, relatou, informando que a capivara entrou na garagem por uma pequena fresta no portão eletrônico. “Acreditamos que ela tenha se assustado no início da manhã com o movimento dos carros e entrado. Possivelmente ela se machucou ao passar pela grade.”
O professor da Faculdade de Medicina Veterinária da UFJF Rafael Monteiro, especialista em animais silvestres, disse que há três hipóteses para o surgimento da capivara naquela área. “Normalmente elas acompanham o curso do rio e fazem incursões em matas próximas, mas podem vir a cair em áreas urbanizadas porque se perdem explorando o ambiente. Outra possibilidade é o animal ser expulso do grupo, quando por exemplo o macho mais velho afasta o macho mais jovem. Também pode acontecer de ela estar adoentada e não entender por onde está andando.”
De acordo com a 4ª Cia.Ind.Mat, a hipótese mais provável é que a capivara tenha saído do Córrego São Pedro e acessado a mata do Morro do Imperador, por onde chegou à região da Rua Floriano Peixoto.
Rafael está prestes a iniciar um trabalho no município para estudar o comportamento das capivaras. Para isso, a UFJF está estabelecendo uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, com objetivo de construir um projeto de pesquisa. “Nosso objetivo é poder dar algumas respostas à cidade.”
Febre maculosa
No início do ano, a Tribuna publicou uma reportagem informando que Juiz de Fora era um dos municípios com maior número de casos de febre maculosa em todo o país. A doença é causada pela bactéria Rickettsia, transmitida pelo carrapato-estrela, que infesta alguns animais silvestres, como as capivaras. Em 2016, não há casos notificados da doença na cidade, conforme a Secretaria de Estado de Saúde, mas já existem 12 confirmados em Minas Gerais, sendo que quatro evoluíram para óbito: dois em Divinópolis, um em Belo Horizonte e outro em Antônio Dias.