A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou nesta quinta-feira (29) que o delegado Rafael Gomes de Oliveira, preso em outubro do ano passado na operação Transformers, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), deixou a Casa de Custódia em Belo Horizonte ainda na quarta (28). O desligamento foi feito mediante alvará de soltura, expedido pelo Poder Judiciário, após habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão do STJ mantém o delegado afastado do cargo.
Outros sete policiais presos na mesma operação por suspeita de integrar uma organização criminosa que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, adulteração veicular, entre outros crimes, seguem detidos na Casa de Custódia da Polícia Civil de BH. Apenas um está em prisão domiciliar, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Já os dois advogados presos na Transformers estão em liberdade provisória com medidas cautelares e foram soltos também por decisão do STJ.
Ainda conforme o TJMG, o processo cautelar é sigiloso e, após esses autos, foram distribuídos outros quatro processos com quatro denúncias separadas. “Cada processo está em uma fase”, informa. Sobre aquele no qual foram denunciados os policiais e os advogados há audiência de instrução e julgamento designada para os dias 4, 5, 6, 12, 13 e 14 de julho.
O processo que concedeu habeas corpus ao delegado tramitou sob segredo de justiça no STJ. Quando foi preso, Rafael era titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico da Regional de Juiz de Fora. Após a repercussão do caso, as especializadas foram extintas na cidade, já que todos os policiais detidos fariam parte da mesma delegacia, e o esquema envolveria pagamento de propina, em troca da “blindagem” dos membros da organização criminosa, configurando práticas de corrupção ativa e passiva.
A ação foi desencadeada em 20 de outubro do ano passado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, com o apoio das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal. Ao todo, foram cumpridos 250 mandados de busca e de prisão em Juiz de Fora e nas cidades de Esmeralda, Botelhos e Três Corações, contra mais de 30 investigados. O MP solicitou indisponibilidade financeira de R$ 55 milhões, mas a suspeita é de que a organização criminosa tenha movimentado cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos. Os crimes envolveriam roubo, furto, receptação e desmanche de veículos.