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Alunos de Odonto da UFJF em Governador Valadares entram em greve

Alunos realizaram protestos pelas ruas de Governador Valadares nesta segunda (Foto do leitor Yury Caribé Ferraz)
Alunos realizaram protestos pelas ruas de Governador Valadares nesta segunda (Foto do leitor Yury Caribé Ferraz)
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Estudantes do curso de odontologia do campus avançado de Governador Valadares da UFJF entraram em greve, por tempo indeterminado, nesta segunda-feira (29). Em assembleia convocada pelos alunos do sétimo período na última sexta, os discentes de todos os períodos resolveram suspender as aulas, em protesto pelos problemas que o curso enfrenta desde sua criação. Conforme os estudantes, faltam insumos básicos para as aulas ou os materiais disponíveis estão vencidos. Entre os problemas ainda estão a falta de um laboratório de próteses e um local que comporte todas as atividades clínicas, laboratoriais e de aula teórica. Essa é a segunda paralisação que os estudantes do curso de odontologia realizam. Em outubro, também após assembleia, eles decidiram paralisar as atividades durante um dia.

“Decidimos paralisar novamente porque estamos temendo pela nossa qualidade profissional. Quando fizemos o vestibular para uma universidade federal, buscávamos um curso com qualidade. E isso não estamos tendo. Não dá para continuar assim”, relata o estudante do sexto período Thiago Valente, 21 anos. “Juiz de Fora já tem o curso de odontologia. Quando criaram aqui em Governador Valadares, a universidade já deveria saber quais são as demandas. Desde o início, tínhamos matérias sem professor para dar aula”. Conforme ele, falta até papel utilizado nas esterilizações dos materiais. “Estamos sem condições de dar biossegurança aos nossos pacientes. Muitas vezes, recebemos os pacientes e temos que liberá-los, porque não conseguimos fazer nada sem material”, completa.

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Aluna da primeira turma do curso, a estudante do sétimo período Lohara Campos, 21, diz que os professores também são prejudicados pela falta de estrutura. “Eles não estão conseguindo passar para nós o que sabem. Temos professores de qualidade, mas aquilo que aprendemos na sala de aula não conseguimos colocar em prática”, diz. “Precisaríamos de um laboratório de próteses para fazer a clínica e continuar atendendo nossos pacientes. Nesse período ficou acordado que mandaríamos nosso trabalho para o laboratório do campus de Juiz de Fora. Na semana seguinte, o serviço não estava funcionando nem para Juiz de Fora.”

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Outro aluno da primeira turma e que vem enfrentando os problemas desde a implantação do curso, Yury Caribé Ferraz, 22, explica que a falta de um espaço único que reúna as atividades clínicas, laboratoriais e de aula teórica prejudicam o andamento do curso. “Por enquanto, não temos tempo determinado para voltar. Só vamos voltar quando algumas pautas forem resolvidas.”

 

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‘Campus de Governador Valadares é o ponto-cego da universidade’

O diretor do campus de Governador Valadares da UFJF, Peterson Andrade, diz que considera as reclamações dos discentes necessárias e legítimas. Ele afirma que existe uma grave “síndrome da empurroterapia crônica” desde o processo de implantação do campus avançado, que seria ainda o “ponto cego da universidade”.

“Os erros de planejamento da Administração Superior e do Ministério da Educação, desde 2010, associados à atual crise econômica, foram integrados com constantes mudanças internas na universidade na Reitoria, Pró-Reitoria de Planejamento e Direção do Campus. Além disso, a distância das unidades acadêmicas entre os campi da UFJF (Governador Valadares e Juiz de Fora) e a carência de recursos federais agravaram o quadro. A falta de um envolvimento efetivo e concreto da administração superior com o campus de GV provocou este cenário, na minha opinião. Outro ponto crítico que precisamos aprimorar é a parceria com o município de Governador Valadares. Sem esta parceria efetiva, acredito que teremos muitas dificuldades.”

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Conforme Peterson, o Departamento de Odontologia, representantes dos alunos e a própria direção do campus buscaram soluções junto à Faculdade de Odontologia, a Pró-Reitoria de Planejamento e a Reitoria da UFJF. A direção ainda teria solicitado ajuda aos ministério da Educação e Saúde, além da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que chegou a realizar uma audiência pública para debater os problemas no campus de Governador Valadares, em dezembro de 2015.

“No dia 5 de fevereiro, os conselheiros do Conselho Superior da UFJF receberam o Memorando 13/2015, em que a Direção do Campus de Governador Valadares decretou Estado de Calamidade Acadêmica e Situação de Emergência Administrativa. Esgotamos todas as possibilidades para alertar sobre os problemas administrativos encontrados neste campus universitário”, diz Peterson.

 

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Demandas

Sobre as demandas dos estudantes do curso de Odontologia, o diretor do campus critica a falta de repasse sistemático de recursos para o custeio das demandas básicas. “Precisamos solicitar recursos diários para trocarmos uma lâmpada. Não há uma destinação automática de recursos. Isto dificulta o planejamento interno, e precisamos com frequência ‘apagar os incêndios’ emergenciais.”

Em relação à falta de um laboratório de próteses, Peterson Andrade garante que o envio das próteses para o laboratório da UFJF em Juiz de Fora – um paliativo enquanto Governador Valadares não conta com essa estrutura – é viável. “É preciso somente que os fluxos sejam estabelecidos entre a Faculdade de Odontologia e Administração Superior. Estamos em busca de outras soluções em parceria com a Chefia do Departamento de Odontologia desde agosto do ano passado.”

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Já sobre a falta de um local que reúna as atividades clínicas, laboratoriais e de aula teórica, o diretor novamente atribui à falta de planejamento para a instalação do campus avançado.

“A Gerência de Infraestrutura do Campus está trabalhando há alguns meses em um projeto para a resolução deste problema. Nos falta neste momento um posicionamento do Departamento de Odontologia para a efetivação desta proposta. A direção do campus disponibilizou toda a equipe de infraestrutura para ajudar nas questões da odontologia. Além disso, algumas negociações com nossos parceiros estão em andamento e estamos aguardando uma resposta. Avançamos com a conquista de um espaço dentro da própria instituição, onde temos as aulas teóricas. Este avanço foi resultado de uma sequência de reuniões e negociações da equipe da direção com a instituição onde estamos alocados. Foi uma conquista após intervenção da direção do campus, ainda não estamos satisfeitos com a atual situação e já comunicamos a equipe de transição da Reitoria sobre estes problemas e soluções apresentadas.”

 

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