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Morre primeira mulher a ocupar cargo de vereadora na Câmara

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(Foto: Fernando Priamo/arquivo TM)
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Quando concedeu entrevista à coluna Outras Ideias, para a Tribuna, em outubro de 2016, Vera Faria de Medeiros Ribeiro, então com 99 anos, disse que todos os irmãos já haviam falecidos e que era muito triste ter que se despedir deles. Agora, não há despedidas, mas, talvez, reencontros. Vera, de 100 anos de idade, faleceu, no último sábado (27), no Rio de Janeiro, depois que foi internada, na quarta-feira (24), para tratar de uma pneumonia. Ela teve complicações como falência dos rins e uma parada cardiorrespiratória, que a levaram à morte. O sepultamento foi realizado na manhã desta segunda-feira, às 10h, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. Uma missa de sétimo dia está agendada para sexta-feira (2), às 19h, na Catedral Metropolitana.

Vera Faria de Medeiros Ribeiro foi a primeira vereadora da Câmara de Juiz de Fora. Ela contava que quis se tornar vereadora de tanto observar o exemplo que tinha na família. “Meu pai era representante do povo na Câmara. Sempre quis ajudar os mais necessitados”, afirmava. Entre seus feitos, foi responsável pela criação da Guarda Mirim. “Me pediram ajuda para que a Guarda Mirim funcionasse. Tive que negociar com o prefeito na época, o ex-presidente Itamar Franco”. Ela exerceu seu mandato entre os anos de 1964 a 1968 pelo MDB. Em 2006, foi homenageada pela Prefeitura com o Mérito Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld. Atualmente, ela estava morando com a família, no Rio de Janeiro.

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Pioneirismo e persistência foram as marcas de Vera. “Ela deixa muitos exemplos. Sempre foi guerreira e decidida. Fazia tudo o que queria”, afirma a neta Carolina Moura. Em 1976, Vera se aposentou e deixou Juiz de Fora para, junto com o marido, viver ao lado do único filho, no Rio.
À Tribuna, Vera contou que, ao fim de seu primeiro mandato, voltou a trabalhar na Prefeitura, no segundo mandato de Itamar Franco, época em que ganhou abertura para colocar em prática suas ideias. “Fui secretária de Trabalho e Bem Estar Social. Tinha um diretor que não ficava dentro das quatro paredes. Ele saía e ia para as ruas, onde se instalavam as grandes empresas. Conversava com os gerentes e via o que era necessário. Nossa função principal era encaminhar o menor carente para o primeiro emprego. Tanto na secretaria quanto fora dela, eu sonhava em dar uma primeira oportunidade para esses meninos”, relembrou.

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Lúcida, Vera ainda contou que mantinha relacionamento com alguns políticos, apesar de pouco sair de casa, por conta de uma fratura na bacia, e que nunca deixava de ver o noticiário. “Hoje é tudo uma corrupção só. Uma vergonha que precisa endireitar. Tem um sábio que diz que é preciso educar as crianças para não castigar os adultos”, disparou, afirmando que guardava o sonho de “ver Juiz de Fora feliz, bem trabalhada por todos.”

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