A forte chuva que atingiu Juiz de Fora na tarde desta segunda-feira (29) causou destelhamentos, quedas de árvores, deixou ruas alagadas e milhares de clientes da Cemig sem energia elétrica. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por volta das 15h, as rajadas de ventos chegaram a quase 50 quilômetros por hora na estação do instituto instalada no campus da UFJF. Em outras áreas da cidade, porém, os ventos podem ter sido mais fortes.
No Nova Germânia, Cidade Alta, uma casa de quatro cômodos foi parcialmente destelhada durante a chuva, preservando apenas um pequeno banheiro na Rua Joaquim Martins de Freitas. Foi neste cômodo que a moradora, a desempregada Joelma Mirian Macedo, 43 anos, se protegeu da tempestade que, segundo ela, durou aproximadamente dez minutos. “Quando começou a despencar tudo só tive tempo de pegar meu cachorro e correr para o banheiro. O susto foi muito grande”, disse. O banheiro foi preservado porque a caixa d’água, que fica acima, impediu que a telha voasse. A Defesa Civil esteve no local e interditou a propriedade, que fica no segundo pavimento de uma edificação composta, ainda, por uma igreja evangélica. Todos os pertences foram salvos, e a moradora iria se abrigar na casa de parentes.
Próximo do local, no Bairro Caiçaras, a cobertura de um depósito de material de ferragens voou para a rua ao lado, a W, atingindo quatro moradias distantes aproximadamente 30 metros do galpão. A casa mais afetada é a da faxineira Maria da Penha, 45 anos. Ela conta que viu tudo. “Comecei a ouvir os ventos e, ao chegar na janela, vi a telha voando”, disse a moradora, que estava com os filhos, de 14 e 20 anos, além de dois cachorros. Apenas por volta das 18h30, ela pôde sair com segurança do imóvel, depois que o Corpo de Bombeiros chegou ao local e a Cemig garantiu o corte de toda a energia elétrica. A laje da casa de Maria da Penha ficou parcialmente danificada.
Durante as chuvas, pontos de alagamentos foram registrados em corredores de tráfego importantes, como a Avenida Deusdedit Salgado, na Zona Sul, e o Acesso Norte, além do Mergulhão da Avenida Rio Branco. Outras vias ficaram cobertas pelas águas nos bairros Granbery, região central, e Costa Carvalho, na Sudeste. Além disso, Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrências relacionadas a quedas de árvores em pontos diversos da Zona Norte. O leitor Jorge Laércio registrou forte correnteza na esquina da Rua Sampaio com a Avenida Rio Branco logo após a chuva que caiu na região central.
Já a Cemig chegou a contabilizar 14 mil clientes sem energia na Zona Norte durante a tempestade. Até as 19h, ainda havia cerca de mil propriedades sem o serviço restabelecido, em bairros diversos. A previsão era de terminar todos os reparos até as 21h30.
JF tem o mês mais chuvoso desde 2016
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em menos de duas horas, o acumulado de precipitações atingiu 22 milímetros, com rajadas de ventos de 49 quilômetros por hora. Na Zona Norte, o pluviômetro monitorado pela Defesa Civil, no Bairro Nova Era, contabilizou 20 milímetros, além de 16 milímetros na Represa João Penido. Para efeito de comparação, a média histórica do Inmet, que leva em consideração o pluviômetro instalado no Campus da UFJF, estima 299,8 milímetros de precipitações durante janeiro. O acumulado, até o momento, é de cerca de 230 milímetros.
Embora não tenha atingido a média história, o resultado de momento faz deste janeiro o mês mais chuvoso de Juiz de Fora desde dezembro de 2016, quando o Inmet registrou acumulado de 334,7 milímetros. Mesmo assim, a previsão é ainda de mais precipitações até a quarta-feira (31). Isso porque áreas de instabilidade atmosférica agem em parte de Minas Gerais nesta semana, incluindo a Zona da Mata. Por esta razão, os próximos dias devem ser de céu mais fechado e chuvas a qualquer momento. Em Juiz de Fora, os termômetros nesta terça-feira (30) devem registrar entre 20 e 26 graus.