Atualizada às 20h52
O rodízio no abastecimento de água em Juiz de Fora foi prorrogado por tempo indeterminado. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (29), pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB), durante entrevista à imprensa na sede da Cesama. De acordo com ele, a medida se manterá em vigor até que as chuvas voltem à normalidade e as represas recuperem o volume de acumulação necessário. No entanto, se as precipitações se mantiverem aquém do previsto, o chefe do Executivo admitiu que o rodízio pode ser radicalizado em certo momento. Na semana passada, o diretor-presidente da companhia, André Borges de Souza, já havia citado esta possibilidade, dizendo que a mudança pode atingir desde a ampliação do horário ao qual o serviço é interrompido, até mesmo os dias. A preocupação maior, atualmente, está na Represa João Penido, que mantém 29% da capacidade de armazenar água. Para não haver outros transtornos, ela deve chegar a abril com cerca de 50%, conforme Bruno.
Durante a entrevista coletiva, que também contou com a participação de André Borges e do diretor de Desenvolvimento e Expansão da Cesama, Marcelo Mello do Amaral, foram divulgadas as obras em andamento e as medidas que o Município tem tomado para minimizar os transtornos da crise. Bruno admitiu que a cidade vive o pior momento da história com relação à seca nos mananciais, mas recordou que a população já viveu situações mais críticas. “Já houve época em que faltava água no Centro, porque não havia obras, diferente de hoje. Em 1995, antes de ser inaugurada a terceira adutora, faltava água na casa das pessoas. Hoje os problemas no abastecimento são pontuais.”
Sobre a possibilidade de as chuvas continuarem aquém do previsto e João Penido secar, o prefeito informou que esta possibilidade existe, embora tenha preferido não adiantar o que seria feito nesta situação. “Seria a hipótese mais drástica, e trabalhamos com todos os cenários. Por isso, é preciso que a população colabore para que possamos preservar os nossos reservatórios. Se as chuvas se comportarem dentro da normalidade e caírem nas represas, podemos caminhar bem este ano. Se elas forem aquém, deveremos pensar em outras soluções – hoje é o rodízio – até alternativas mais drásticas.”
Outra preocupação do chefe do Executivo é com relação ao fornecimento de energia elétrica, por causa da baixa vazão nas usinas hidrelétricas da região Sudeste. Isso porque a água chega às áreas mais altas de Juiz de Fora por meio de 180 elevatórias, que são movidas à energia. “É uma situação que nos preocupa bastante. Na última sexta-feira, recebi uma ligação do governador Fernando Pimentel (PT), e ele se colocou à disposição para ajudar no que for preciso.”
Tubulações antigas
Durante o encontro com a imprensa, André Borges também citou a perda de água nas próprias tubulações. Segundo ele, este índice está em torno de 30%, estando abaixo da média nacional, que é de 38,8%. Isso é causado, principalmente, pelas tubulações antigas, que carecem de manutenção. “Precisamos reduzir isso, e estamos buscando recursos externos para intensificar as trocas das tubulações. Este ano, o orçamento da Cesama já é o dobro com relação ao ano passado, então as obras estão sendo feitas.” Segundo Bruno, a rede já foi substituída, por exemplo, no Bairro Santa Luzia, Zona Sul, no segundo semestre de 2014.
Sobretaxa
Sobre a possibilidade de vigorar outras medidas, como por exemplo a sobretaxa, Bruno informou que todas as hipóteses são discutidas. “Esta em questão não depende de nós, mas sim do órgão regulador.”
Ainda para tentar frear o consumo de água dos juiz-foranos, a Cesama vai iniciar uma campanha nos veículos de comunicação da cidade. As peças publicitárias deverão ser disponibilizadas em breve. Além disso, a companhia já disponibiliza faixas educativas em suas unidades, espalhadas pelo município.
Volume de chuvas
Até o momento, o acumulado de chuvas em janeiro representa somente 44,4% do volume previsto, conforme a média histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com a climatologista da UFJF Cássia Ferreira, as precipitações em fevereiro também deverão ser baixas. Segundo ela, existe uma grande possibilidade de a região ser atingida por um fenômeno conhecido como anticiclone subtropical do Atlântico Sul (ASAS). É ele o responsável pela presença das fortes massas de ar seco e quente durante vários dias, como foi em janeiro, quando ficou sem chover por 16 dias. Se ele voltar a atuar, a previsão é de nova estiagem prolongada, com baixa umidade do ar, céu claro e altas temperaturas.