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Você sabe quanto de água o Aedes precisa para se reproduzir?

projeto contra a dengue em itamarati Elaine Ferraz1

Larvas do mosquito Aedes aegypti foram encontradas em um terreno baldio particular (Foto do leitor Edson Gavioli)

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Apesar da quantidade de informações disponíveis sobre o comportamento e o ciclo de vida do Aedes aegypti, ainda há dúvidas acerca da reprodução do vetor de doenças como a dengue, zika e chikungunya. Um dos principais questionamentos gira em torno da quantidade de água necessária para que um recipiente se torne um possível criadouro do mosquito, que tem se reproduzido cada vez com mais facilidade. No entanto, as informações mais importantes giram em torno da qualidade da água disponível para a fêmea do Aedes, que pode depositar cerca de cem ovos em cada criadouro escolhido.

Para a bióloga pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Friocruz/IOC), Denise Valle, o mosquito é “oportunista” e espalha seus ovos por vários criadouros. “A fêmea pode depositar os ovos sempre que achar água. O tamanho do recipiente não importa, e pode ser desde uma tampa de garrafa PET até uma caixa d’água, desde que a quantidade de água seja suficiente para abrigar as larvas em um período de sete a dez dias, sem evaporar. O que a fêmea considera são as condições dessa água, que tem que ter matéria orgânica, estar em uma temperatura morna e, de preferência, em um local escuro.”

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Conforme Denise, o material do recipiente também não afeta o desenvolvimento do mosquito, desde que não altere as condições que ele gosta para se desenvolver. Por isso, não há garantias de que recipientes plásticos ou de metal sejam mais eficazes na tentativa de combater o Aedes. “Se o recipiente de metal ficar no sol e esquentar, o mosquito não vai ficar lá. Já se tiver um recipiente de metal na sombra, ele pode receber o mosquito perfeitamente.” Por isso é importante observar potes utilizados para alimentar animais ou vasos de plantas, por exemplo, que, geralmente, são colocados em locais de sombra.

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Durante a vida, a fêmea pode depositar de 800 a mil ovos. Apesar de não haver estudos conclusivos sobre a quantidade de ovos depositados em cada criadouro, é sabido que esses depósitos podem acontecer em cinco a oito criadouros, a cada quatro dias. “A quantidade de ovos depende das condições que a fêmea encontrar nos criadouros. Mas ela se alimenta de sangue e transforma esse sangue em ovos, em um ciclo que dura mais ou menos quatro dias. Quanto mais pessoas ela encontrar e quanto mais frequentemente encontrar criadouros, mais vai produzir ovos.” O estimado é que, em condições normais, uma fêmea viva cerca de um mês.

Principais criadouros

Entre os principais criadouros listados pela pesquisadora estão os locais que as pessoas costumam ignorar ou nem se lembrar que contêm água, como calhas e bandejas de equipamentos de ar-condicionado e geladeiras, que liberam água. “De cada dez criadouros, oito estão dentro de casa. Eles ficam, exatamente, em locais onde não prestamos muita atenção, como potes de água para animais, vasos de planta e ralos e vasos sanitários que não são muito utilizados e acumulam água. Para estes locais, é necessário fazer uma vedação, já que produtos, como água sanitária, têm eficácia limitada.”
Também é preciso atentar para prédios e condomínios, onde, normalmente, ninguém pensa em vistoriar. “As pessoas que moram em prédios podem vistoriar os apartamentos onde vivem, mas não olham os espaços comuns do prédio. O perigo pode estar em buracos de elevadores, lajes desniveladas, piscinas mal cuidadas, canos, rachaduras no chão e caixas d’água mal tampadas”, elenca a pesquisadora.

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Como eliminar ovos e larvas

Muitas pessoas pensam saber identificar os ovos do Aedes aegypti. Mas, segundo Denise Valle, eles são bem pequenos, medem cerca de 0,5 mm e estão, geralmente, nas bordas dos objetos, próximos da água, quase invisíveis. “Eles ficam juntinhos, parecendo um fungo preto e bem grudados nos recipientes.” Para eliminá-los, é preciso lavar os recipientes com a parte mais grossa da esponja e sabão. Ela alerta que os ovos podem resistir em um local seco por até um ano. Portanto, não estar na água não significa que as larvas já estejam mortas.

No caso de encontrar larvas já crescidas, a orientação é não jogá-las pelo ralo ou dar descarga nos vasos sanitários, já que esses atos permitem que a larva continue na água, sendo transferida apenas para outro criadouro. Por isso, o ideal é jogá-las em um lugar sem água, como cimento ou terra bem seca, pois, em minutos, ela vai morrer. Para prevenir que o mosquito se reproduza, conforme a pesquisadora, o melhor hábito seria vedar todo e qualquer recipiente com água com uma tampa apropriada ou telas.

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