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Apenas 24% dos meninos receberam a 1ª dose da vacina contra HPV em Juiz de Fora

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Desde o início da campanha de vacinação contra o HPV no Brasil, somente 23,88% dos adolescentes meninos tomaram a primeira dose da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) em Juiz de Fora, enquanto 54,54% das meninas receberam o imunizante. Os dados constam no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). A vacina foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação em 2014 para elas e em 2017 para eles. No entanto, para os dois grupos, o índice está muito abaixo da meta do Ministério de Saúde (MS), que tem o objetivo de vacinar 80% da população entre 9 e 14 anos.

Os dados foram levantados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) Juiz de Fora, e reúnem a cobertura vacinal acumulada até o ano passado. Ao olhar para os números relativos à segunda dose nesses oito anos, esse percentual fica ainda menor, com 17,14% dos meninos vacinados e 40,77% das meninas.

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Em relação a 2023, o Ministério da Saúde não repassou os dados, pois está revisando as regras para cálculo da cobertura vacinal. Porém, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que 1.701 vacinas contra HPV foram aplicadas este ano. A reportagem também solicitou à PJF o percentual de meninas e meninos que foram imunizados, no entanto, o Executivo informou que não foi possível separar os dados, pois o sistema não faz essa distinção. O total de pessoas vacinadas não passa de 15% do número de doses distribuídas na cidade, que, de acordo com a SRS, foi de 11.550 neste ano.

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Um terço dos homens vive com HPV

A baixa adesão dos meninos à vacina reflete na alta transmissão do vírus. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço dos homens é portador do vírus do HPV. Além disso, um em cada cinco está infectado com um ou mais subtipos de alto risco, que estão relacionados ao câncer. “A vacinação dos meninos, além de prevenir o câncer no pênis, previne a doença na mulher, uma vez que não ocorre a transmissão”, destaca o médico urologista José Murillo Netto. O fato de a maioria desse grupo não tomar a vacina pode ter relação com a pequena procura de consultas com especialistas.

De acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em dados do Ministério da Saúde, meninas adolescentes vão 18 vezes mais ao ginecologista do que meninos ao urologista. Para José Murillo, que também é chefe do Departamento de Urologia do Adolescente da SBU, essa realidade se trata de uma questão cultural, em que o homem cuida menos de sua saúde em todas as idades. “Nos primeiros anos de vida, tem o pediatra que atende a todos, mas, após a puberdade, as meninas buscam o ginecologista, principalmente após a primeira menstruação e, como os meninos não têm esse marco de início da puberdade, eles não procuram assistência médica.”

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A ginecologista Lucienne Lery, especialista em oncologia, também aponta que os homens são mais resistentes a procurar atendimento e que isso começa desde a adolescência, já que eles herdam esse hábito da família. “Além disso, as mulheres são muito mais suscetíveis ao câncer de colo do que os meninos ao de pênis, por isso as mães se preocupam rapidamente em levá-las para fazer essa prevenção.” A especialista ressalta a importância de levar os filhos às consultas desde cedo para criar uma mentalidade de prevenção e desmistificar certos tabus.

“Por falta de orientação, os brasileiros só levam os filhos para tomar as vacinas que são obrigatórias no cartão. Os próprios responsáveis precisam entender a importância da vacina contra o HPV para a saúde futura dos seus filhos”, alerta Lucienne.

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Para além da orientação sobre o imunizante, os meninos precisam ir ao urologista a partir do início da puberdade, por causa de doenças que podem surgir com as mudanças oriundas dessa fase, como, por exemplo, varicocele e torção de testículos, além, é claro, de esclarecer e tirar dúvidas sobre sexualidade, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidez. “Ainda discutimos sobre sexualidade, esclarecendo algumas dúvidas frequentes, como tamanho do pênis, problemas de ereção e ejaculação rápida, cuidado de higiene, autoexame para avaliação de tumor de testículos e varicocele, dentre outros problemas”, pontua o especialista.

A vacinação nos meninos, além de prevenir o câncer no pênis, evita a doença na mulher, uma vez que não ocorre a transmissão (Foto: Dirceu Aurélio/Imprensa MG)

Doenças e prevenção

O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus responsável por provocar verrugas em qualquer parte do corpo, mas, principalmente, verrugas genitais, que causa o câncer de colo de útero, o de vulva, o de pênis e alguns tipos de câncer de reto e anal. No entanto, o paciente pode estar infectado pelo vírus sem apresentar sintomas. Essas doenças têm altas chances de prevenção por meio do uso de preservativos durante as relações sexuais, da vacina e, no caso do câncer de colo uterino, indo ao ginecologista para realizar o exame preventivo, conhecido como papanicolau.

Embora o câncer de colo de útero acomete mulheres na faixa etária de 45 a 50 anos, atualmente, o número de casos em mulheres jovens tem aumentado. A médica relata que o número de pacientes de 20 a 30 anos com o câncer avançado tem crescido ao longo dos anos. “A vacina dá imunidade contra o HPV. Se você tiver o contato, não vai pegar o vírus, a doença. O imunizante é importante tanto para as meninas, quanto para os meninos, que transmitem a doença. Você evita a transmissão do câncer de colo de útero para a mulher vacinando o parceiro”, afirma a ginecologista.

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Na cidade, a vacina contra o HPV é parte da rotina vacinal. A imunização pode ser feita nas UBSs e no Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e do Adolescente. A vacina HPV é aplicada em duas doses com intervalo de seis meses. O adolescente pode receber a segunda dose mesmo após completar 15 anos, mas é essencial que tenha tomado a primeira até 14 anos, 11 meses e 29 dias. Caso a mulher ou o homem não tenha tomado o imunizante na adolescência, a indicação é de que a vacina pode ser recebida até os 45 anos.
Além de crianças de 9 a 14 anos, também devem ser vacinados os grupos com condições clínicas especiais: pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea e pacientes oncológicos. Nestes casos, devem ser administradas três doses da vacina, com intervalo de dois meses entre a primeira e segunda dose, e seis meses entre a primeira e a terceira dose. Para a vacinação desses grupos, é necessário haver prescrição médica.

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