O prefeito Antônio Almas (PSDB) ratificou, nesta sexta-feira (28), em transmissão ao vivo por meio das redes sociais da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), as medidas de flexibilização para parte do setor produtivo, bem como para o de atividades físicas e recreação, aprovadas pelo Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 na última quinta (27), como adiantado pela Tribuna. Os protocolos para o consumo interno em bares, a utilização de academias de ginástica e clubes sociais e a prática de atividades esportivas individuais serão publicados à 0h01 deste sábado (29), no Diário Oficial Eletrônico do Município, em novo decreto editado por Almas.
Além de detalhar as medidas de flexibilização, Almas indicou que, na próxima quinta, em nova reunião do colegiado, os parques municipais devem ser liberados para a prática de atividades físicas. Atividades como piqueniques devem continuar vedadas. “Temos muitos parques públicos que são de administração da Prefeitura – como o da Lajinha, o do Museu Mariano Procópio e o Parque Halfeld – e, também, equipamentos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Vamos reabrir, não sei se todos, mas o que pudermos, já a partir da próxima reunião. A primeira discussão é liberar o Parque da Lajinha para atividades físicas, por exemplo.”
Já os bares, após semanas de reivindicações das lideranças empresariais do setor alimentício, foram autorizados a receber clientes para consumo interno, desde que sem entretenimento e com distanciamento de dois metros entre as mesas. Almas, no entanto, ressalta que, durante a reabertura, a responsabilidade dos usuários será maior do que a dos responsáveis pelo estabelecimento. “Precisamos entender que, se não nos adequarmos, poderemos colocar em risco todo um trabalho feito até aqui. E mais do que isso: pode implicar em problemas a troco de ir para o bar para ficar à vontade e se aglomerar. (…)”
“Obviamente que, num ambiente onde estamos comendo e bebendo, é difícil manter a máscara, é impossível, mas, então, vamos manter o distanciamento. Quanto mais a gente puder estabelecer o critério de ficar o mais distante possível é melhor, porque os bares agora terão a permissão de vender a bebida alcoólica, que traz a euforia, nos permite falar mais alto, fazer um karaokê, cantar mais alto, e aumentar o risco de contaminação. É um pedido para que a gente possa continuar avançando”, acrescenta o prefeito. Os bares poderão funcionar todos os dias, com restrição de horário, das 10h às 22h.
Feiras livres
Sobre a retomada das feiras livres da Avenida Brasil e da Praça Antônio Carlos, Almas pondera que o funcionamento de ambas estará restrito à comercialização, ou seja, a exemplo dos bares, sem qualquer tipo de entretenimento. “Foi construído a várias mãos um protocolo muito bem feito, que envolveu a participação direta dos feirantes. É importante dizer que, em nenhuma das duas feiras, vai se permitir qualquer coisa além da comercialização, que é o objeto primeiro das feiras. Por exemplo, na Praça Antônio Carlos, a feira noturna será retomada, mas a possibilidade do juiz-forano de sair às quartas-feiras e fazer o happy hour, como fazia, não vai ser possível, porque nem as mesas e nem as músicas estão permitidas.”
Academias e esportes coletivos
O colegiado endureceu as restrições do protocolo do programa Minas Consciente para as academias de ginástica. Os usuários deverão utilizar as máscaras obrigatoriamente durante as atividades físicas dentro dos estabelecimentos. Além disso, o uso do banheiro será restrito aos lavatórios e aos sanitários, e os bebedouros com esguichos serão lacrados. “O monitoramento da aplicação prática dessas restrições é de responsabilidade da direção do estabelecimento. Todos nós temos sabido como estão sendo enormes as dificuldades financeiras para as pessoas que não puderam realizar as suas atividades. Agora, é preciso que, ao retomar essas atividades, a gente se comprometa a garantir a segurança, para que não aconteça em Juiz de Fora o que tem acontecido em tantos lugares: o efeito ioiô. A gente flexibiliza, temos uma retomada grande de casos e, depois, temos que fechar tudo de novo. Não teremos nenhum pudor em retomar ações restritivas se qualquer risco sanitário se estabelecer”, alerta Almas
Os esportes coletivos seguem vedados pela PJF, bem como a locação de quadras, campos, e, inclusive, a utilização de campos de várzea. Entretanto, Almas confirma que somente as modalidades individuais serão liberadas. “A pelada, em si, não está autorizada. Está sendo permitida a retomada de escolinhas de esportes coletivos, por exemplo, porque a escolinha, ao contrário da pelada, tem atividades em que as crianças podem fazer de forma mais distanciada. Mesmo liberando as escolinhas, a prática de jogos coletivos não está liberada. Já as quadras de tênis estão permitidas, porque é um (jogador) de um lado e outro de outro. O futevôlei também será permitido. Agora, nada disso pode ser com público. Não pode ter torcida nem muitas duplas esperando para jogar e se aglomerando. A palavra de ordem é evitar aglomerações.”
Os clubes sociais, por sua vez, seguem restritos à ocupação de apenas 30% de sua capacidade. “O que foi deliberado é que criaremos um protocolo para direcionar todas essas atividades de maneira mais concreta, objetiva. Hoje, a academia de ginástica dentro de um clube pode funcionar, obedecendo às mesmas regras que existem para as academias fora do clube. É a mesma lógica que utilizamos para os shoppings lá atrás, ou seja, só poderiam funcionar no shopping as atividades que já funcionavam dentro do shopping. Isso vai valer para os clubes. Agora, saunas não poderão funcionar, nem clubes que têm áreas grandes para as pessoas fazerem piquenique e churrasco, exatamente para que a gente evite o risco de aglomerações”, destaca Almas. O prefeito ainda pondera que o funcionamento de estádios de futebol será flexibilizado, mas somente para atividades profissionais. “Vamos ter o Tupi e o Tupynambás já com agendas, então o estádio vai poder ser utilizado para atividades profissionais. Atividades amadoras, não.”
Aumento de óbitos durante onda amarela
Em levantamento publicado nesta sexta, a Tribuna mostrou que o período proporcionalmente mais fatal da Covid-19 ocorreu após o Município migrar para a onda amarela do Minas Consciente, em 8 de agosto. De lá para cá, a média de mortes diárias é de 1,5, a maior em todas as quatro fases vivenciadas durante a pandemia. Ao ser questionado sobre isso, Almas respondeu que “as flexibilizações com certeza levarão a uma maior exposição e, consequentemente, a um risco maior”. No entanto, o prefeito apontou que a população já vivencia uma sensação de esgotamento.
“Infelizmente, estamos experimentando uma coisa diferente de vários países, onde houve uma evolução mais rápida para a queda dos índices de transmissibilidade, e, com isso, a diminuição do número de internações e óbitos. No Brasil, estamos vivendo há meses um platô, em que temos uma grande taxa de óbitos ainda e um índice de transmissibilidade muito alto. Obviamente que qualquer flexibilização que aconteça… as pessoas vão saindo do isolamento e se permitindo correr o risco de contaminar mais. Então, esse impacto existirá. E, por outro lado, os óbitos vão se acumulando também ao longo do tempo. Tudo o que a gente buscou lá atrás era o ter mínimo de óbitos possível. Com certeza, nenhum de nós está tranquilo por hoje a gente já ter atingido a marca de 157 óbitos em Juiz de Fora.” Nesta sexta, o número de óbitos chegou 158.
Avanço
Conforme Almas, uma nova reavaliação dos indicadores epidemiológicos e sanitários de Juiz de Fora, no âmbito do programa Minas Consciente, está prevista para a próxima semana. O Governo Romeu Zema (Novo) definirá se Juiz de Fora permanece na onda amarela ou avança para a onda verde. “No final da próxima semana, completaremos 28 dias da implementação dessas mudanças, e é, após o prazo de 28 dias, que no Minas Consciente está prevista a possibilidade, se os parâmetros sanitários assim permitirem, de avançar para a onda verde. Isso será discutido e nós apresentaremos essas discussões à frente, na próxima semana ou no início da outra.”