A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou, nesta terça-feira (28), que dentre as oito mortes suspeitas de dengue registradas em Juiz de Fora, duas realmente foram ocasionadas pela doença. O diagnóstico dos óbitos de uma idosa, de 93 anos, e de um homem, de 59, foram confirmados por exames de sorologia realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), que comprovaram que as mortes foram causadas pela dengue. A informação foi divulgada no boletim epidemiológico publicado pela pasta semanalmente. Pelo menos outras seis mortes suspeitas notificadas na cidade continuam em investigação. Em Minas Gerais, já são 65 óbitos confirmados e 113 sendo investigados.
Segundo a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde (PJF), Cecília Kosmann, os exames comprovam as causas das duas primeiras notificações de mortes suspeitas no município, também já noticiadas pela Tribuna: a da idosa, moradora do Bairro Vitorino Braga, na região Sudeste, e a do morador do Bairro Jardim Glória, na região central. As mortes foram registradas em 5 e 14 de abril, respectivamente. Nenhum dos outros seis óbitos suspeitos foi descartado ou confirmado.
Segundo dados atualizados da PJF, divulgados nesta terça, foram registrados 1.762 casos de dengue e 158 de chikungunya na cidade. Os bairros com maior número de notificações, para as duas arboviroses, são Granjas Betânia, Benfica, Santo Antônio, Borboleta e Santa Luzia. A incidência, de acordo com a SES, continua sendo classificada como alta para dengue em Juiz de Fora, com mais de 300 casos a cada cem mil habitantes.
Recursos
Por ter atingido a alta incidência de dengue, Juiz de Fora tornou-se elegível a integrar o grupo de cidades assistidas pelo Governo estadual por meio de verbas adicionais para combate à dengue, possibilitadas por meio da Resolução 6.721, de 14 de maio de 2019. Contudo, o Município ainda não foi beneficiado. Em nota, o Estado informou que será publicada resolução específica para o repasse de incentivo financeiro complementar aos municípios com alta incidência de arboviroses, conforme a divulgação dos boletins, até 30 de junho. Portanto, Juiz de Fora ainda poderá receber o repasse, estimado em R$ 400 mil.
PJF já solicitou carro fumacê ao estado
Também em razão da alta incidência, a Prefeitura solicitou à SES, na semana passada, a disponibilização de um carro fumacê pelas ruas de Juiz de Fora, segundo Cecília Kosmann. Ela explica que o carro pertence ao Estado, e que o Município só pode requerer o veículo a partir do momento que atinge alta incidência para dengue. “Nós não temos o carro à disposição a qualquer momento. No dia seguinte à divulgação do último boletim, que mostrou a alta incidência da doença em Juiz de Fora, já encaminhamos a documentação solicitando o fumacê. Mas ainda não fomos respondidos”, afirma. A Tribuna entrou em contato com a SES para saber quando o veículo será disponibilizado, mas até o fechamento desta edição, a pasta ainda não havia respondido.
Apesar disso, as ações de combate ao Aedes aegypti, por meio da Sala de Operações da Prefeitura, continuam. A coordenadora do departamento de Vigilância Epidemiológica destaca que a conscientização e a colaboração da população são necessárias. Além de fiscalizar asa residências, é importante que a população esteja atenta ao lixo. “Ainda que não tenha chovido esta semana, muitos objetos que são descartados no lixo podem acumular água e se tornar um depósito para as fêmeas do mosquitos colocarem ovos. É um problema muito sério que a gente enfrenta, e temos verificado que, apesar de haver um trabalho para a retirada de entulhos, em bota-foras irregulares, na semana seguinte está tudo lá de novo, e isso acaba sendo um foco gerador”, pontua.
No próximo sábado (1°), a PJF fará novamente um mutirão para atender as denúncias feitas pela população por meio do Disque-Dengue (199). Conforme a gerente, na ação realizada há duas semanas foram atendidas mais de 300 denúncias.
Aedes do Bem
O projeto Aedes do Bem, implantado com o objetivo de diminuir a proliferação do mosquito, está temporariamente suspenso desde outubro. Questionada sobre a eficácia dos mosquitos geneticamente modificados que foram soltos em bairros da cidade, Cecília diz que o departamento não tem acesso a “nenhum relatório” sobre os resultados. “O efeito é visível após seis meses da soltura dos insetos, e sempre no verão, porque, no inverno, a população de mosquito é baixa. Como a liberação foi feita durante seis meses e, depois, foi interrompida, exatamente no inverno, a gente não consegue medir (a eficácia)”.
Entretanto, a titular afirma que, com base nos Levantamentos de Índice Rápido para Aedes Aegypti (LirAa) seguintes (agosto e outubro passados), foi possível mensurar que os bairros onde os mosquitos foram soltos não estavam entre as localidades com maior números de focos, o que pode ser um possível resultado da ação deles durante o atual período sazonal.
Frente parlamentar quer atuar na conscientização
Com o intuito de auxiliar no alerta contra a dengue e contribuir para a conscientização sobre o combate ao Aedes aegypti, a Câmara Municipal de Juiz de Fora pretende, a partir da próxima semana, dar início às ações da Frente Parlamentar Mista de Combate à Dengue. A vereadora Ana das Graças Côrtes Rossignoli (Ana do Padre Frederico – PDT), à frente do projeto, explica que a intenção é criar grupos e programar visitas a locais estratégicos, como escolas, igrejas e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “A gente tem percebido que as pessoas não estão acreditando no perigo que estão enfrentando, e que o Executivo, sozinho, não está dando conta do recado. Por isso, nosso objetivo é percorrer vários locais e atuar junto à população, com orientações, palestras e distribuição de material informativo”.
Para tal, o projeto vai contar com a atuação de vereadores, representantes de órgãos públicos e associações da sociedade civil. De acordo com a vereadora, 25 pessoas já demonstraram interesse em participar da ação. Haverá, na próxima semana, uma reunião para organização do cronograma e das últimas definições para início do trabalho.