Ícone do site Tribuna de Minas

Mitos e verdades sobre o DIU

PUBLICIDADE

Cada vez mais mulheres em Juiz de Fora têm optado pelo Dispositivo Intra Uterino (DIU) como método contraceptivo. É o que mostram os números do Sistema Único de Saúde (SUS), e do plano de saúde Unimed. Na rede pública, 67 dispositivos foram colocados em 2013, e em 2016, o número saltou para 175. Pela Unimed, em 2012, foram colocados 383 DIU, e em 2016, 937. Até abril deste ano, já foram autorizados 385 procedimentos.

Para o médico ginecologista e obstetra do Departamento de Saúde da Mulher (DSM), Alexandre Ronzani, este aumento se deve à maior disseminação de informação sobre o método. “Acho que estão chegando mais informações para as pacientes por meio de palestras nos postos de saúde. As mulheres ficam sabendo que é um método seguro e prático. É importante que caiam os tabus sobre o DIU, ele não causa câncer, e seu fator abortivo pode ser questionado.”

PUBLICIDADE

A médica ginecologista e obstetra Marianna Viveiros observa que em seu consultório a procura das mulheres por este método está aumentando devido à praticidade que ele oferece. “As mulheres têm dificuldade de tomar o anticoncepcional oral diariamente. O DIU oferece a facilidade da inserção e controle anual, o que basta para a mulher estar protegida.” Para a médica, outro fator importante que justifica este crescimento são as informações que trouxeram à tona os efeitos colaterais do anticoncepcional oral. “As pacientes conseguem levar ao médico sintomas que antes achavam que eram normais, que não tinham relevância. Às vezes um sintoma que ela sente em decorrência desse medicamento, pode passar a ser uma contra-indicação à permanência do uso da pílula, e passamos a indicar o Mirena ou o DIU de cobre.”

PUBLICIDADE

Os efeitos do dispositivo

PUBLICIDADE

Este dispositivo é revestido por um plástico especial e cobre e fica posicionado no útero. A ação é de impedir o espermatozóide de chegar ao órgão, e também dificultar a movimentação do óvulo através da liberação do cobre. Existem alguns tipos de DIU de cobre, com mais ou menos quantidade da substância. É mais indicado para pessoas que não podem ou não querem usar contraceptivo hormonal.

Segundo Alexandre Ronzani, a paciente que se sente mal tomando anticoncepcional oral e apresenta muitos efeitos colaterais, como ganho de peso e aumento de varizes, vai se sentir melhor ao usar o dispositivo. Este tipo de DIU pode causar aumento no fluxo menstrual e a frequência e a intensidade de cólicas. Ele pode ainda provocar perfuração, hemorragia e infecção, por ser um corpo estranho.

PUBLICIDADE

Por isso, a mulher deve fazer os exames prévios e, após o procedimento, manter um controle periódico. Ao menor sinal de infecção do trato genital, sangramento intenso (hemorragia) e dores insuportáveis, deve procurar o médico que realizou a inserção, pois o útero pode estar expelindo o dispositivo. Esta recomendação também é válida para o Mirena.

É, normalmente, colocado em consultório médico, mas caso a paciente tenha o colo do útero muito fechado, ou seja muito sensível à dor, o procedimento é realizado em hospital com o uso de sedativo. Mas Alexandre Ronzani garante que a dor é rápida e suportável.

Além disso, o DIU de cobre custa até oito vezes menos que o Mirena, não interfere nas relações sexuais e não há risco de potencializar a trombose caso a paciente tenha fatores que propiciem a doença.

PUBLICIDADE

Mas engana-se quem pensa que o método é 100% seguro para evitar a concepção. O médico do DSM diz que as estatísticas mostram que o DIU tem margem de segurança de 99,98%, e que 4% das usuárias engravidam. Ele ressalta que esta porcentagem poderia ser menor se as pacientes fizessem o controle correto do dispositivo, por meio de exames. “Acredito que o DIU seja um dos métodos mais seguros que existam, desde que seja feito o controle durante o uso. No mundo inteiro é um dos contraceptivos mais usados”, avalia.

 

DIU de cobre é ofertado a pacientes do SUS

PUBLICIDADE

As mulheres que tiverem interesse em colocar o DIU de cobre devem procurar a sua Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps), participar do Grupo de Direitos Reprodutivos e cumprir todas as orientações, como ter um preventivo realizado menos de três meses. Com os documentos necessários em mãos, deve comparecer ao Departamento de Saúde da Mulher (DSM) – PAM Marechal, 496, 6º andar -, no 2º ou 3º dia de menstruação e realizar o procedimento. É recomendável ligar para o DSM, nos telefones 3690-7175 ou 3690-7136, para fazer o agendamento, e, em caso de dúvidas, procurar a Uaps para ser orientada. No caso de mulheres que não possuem uma Uaps de referência, podem entrar em contato diretamente com o DSM para participar do Grupo de Direitos Reprodutivos do próprio departamento.

A fisioterapeuta Milema Medeiros, 40 anos, colocou o primeiro DIU em 2004, permaneceu com ele durante 11 anos, e retirou quando decidiu engravidar. Cinco meses após o parto, Milema colocou o dispositivo novamente. Ela atesta que a dor para colocá-lo é suportável e cita os efeitos colaterais que apresentou: aumento considerável do fluxo e dos dias de menstruação. Apesar disso, se diz segura e satisfeita com o DIU. “Quando comecei a tomar anticoncepcionais, eles eram uma bomba de hormônio, eu não gostava. Com o DIU de cobre não preciso me preocupar, não tem descarga hormonal nenhuma. Também não tive problema nenhum para engravidar, coisa que o anticoncepcional pode causar. Sou uma fã do DIU.”

SIU impede a mulher de menstruar

A médica Marianna Viveiros faz um esclarecimento sobre o Mirena. “Esse método é popularmente conhecido como DIU, mas, na verdade, é um Sistema Intra Uterino (Siu), que libera uma baixa taxa do hormônio levonorgestrel, que é progesterona.”

Este dispositivo também é fixado no útero e, além de desempenhar as mesmas ações do DIU de cobre, também age no endométrio, impedindo-o de receber um embrião.
O Mirena é indicado para pacientes que sofrem com sangramento menstrual excessivo sem causa, as que fazem reposição hormonal e como método contraceptivo, principalmente para mulheres que têm restrição ao anticoncepcional oral.

Marianna Viveiros diz que o SIU (Mirena) é indicado para mulheres que sofrem com sangramento excessivo (Foto: Fernando Priamo)

O SIU também é colocado no consultório, e a paciente só é direcionada ao hospital nas mesmas ressalvas do DIU de cobre. Marianna tranquiliza as mulheres que consideram adotar o método e afirma que a paciente sente uma cólica um pouco mais forte, mas bem rápida.

Quando perguntada sobre o risco de aparecimento de trombose, a médica atesta. “É preciso esclarecer que o hormônio não causa a trombose, ele potencializa a chance do aparecimento se a paciente apresentar fatores de risco.” Entre estes fatores estão dores de cabeça e na panturrilha, por isso a importância da observação e relatos ao médico. Há um período de seis meses de adaptação ao SIU, e, dentro deste prazo, a menstruação pode oscilar.

 

Mirena não é coberto pela rede pública de saúde

O Mirena não é custeado pelo SUS e nem por todos os planos de saúde. O dispositivo custa, em média, R$ 800.
A assistente social Julia Cosentino, 30, faz uso do Mirena há um ano e três meses e está gostando dos resultados apresentados. Ela resolveu adotar o método com a finalidade anticoncepcional após ter seu primeiro filho. Segundo ela, a colocação do dispositivo durou dez segundos, e a dor foi suportável. Julia conta que dos possíveis efeitos colaterais do Mirena, como cólicas e escapes menstruais, não ocorrem sempre, já a tensão pré-menstrual (TPM) permanece. Ela garante se sentir mais segura após adotar o método. “Estou muito satisfeita. Não existe preocupação de ter que tomar o remédio, nem com gravidez indesejada, e nos ajuda a planejar melhor um segundo filho. É muito confortável também não ter que menstruar todo mês”, conta.

É com a esperança de ganhar qualidade de vida que uma depiladora, 40, aguarda sua vez para colocar o Mirena. A paciente sofre de lúpus, e não pode fazer uso de anticoncepcionais, pois os mesmos ativam a doença. A mulher tem o fluxo menstrual muito intenso, fica 15 dias e, eventualmente, até um mês menstruada. Além disso, diz sofrer com uma tensão pré-menstrual muito forte. O médico não garante a melhora, mas ela está na expectativa de que a tentativa dê certo “Eu espero que o DIU amenize minha TPM, estou ficando nervosa demais, está atrapalhando meu convívio social. Ninguém entende o motivo do meu nervosismo. Além do meu fluxo, que é muito intenso.”
É importante lembrar que tanto o DIU de cobre quanto o Mirena não protegem as mulheres das Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Sair da versão mobile