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JF terra de empreendedores: Raphael Mendes, criador do Brownie do Rapha

Foto: Fernando Priamo
Foto: Fernando Priamo
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Quando a então professora Camila Pereira Dutra, em um dia como qualquer outro de 2013, decidiu alimentar – literalmente – uma de suas paixões, os doces, mal sabia que encontraria outra. Uma não, duas. Foi na lojinha autointitulada “mais charmosa do Brasil”, do Brownie do Rapha, que ela conheceu o dono do nome que ilustra a placa do local. “Sou louca por doces e me lembro de tê-lo visto na cozinha e pensado: ‘ah, esse é o famoso Rapha do brownie’. Depois ele me adicionou no Facebook e começamos a conversar. E depois de um tempo, a namorar… Ele diz que eu que o adicionei, mas foi ele! (risos)”, diz ela, que além do estado civil, mudou de profissão, e hoje é gerente da de fato charmosa loja, toda decorada com cartazes descolados e mensagens de clientes, situada na Rua Dom Silvério, no Alto dos Passos.

O pequeno imóvel, que abriga as delícias criadas por Raphael desde 2012, está com os dias contados. “Temos um apego emocional muito grande por este espaço. Viemos para cá com ideia de ser só fábrica, porque não dava mais para produzir só na minha casa, como fazíamos até então. Mas as pessoas queriam comer aqui, o pessoal sentava no passeio. Aí colocamos banquinhos lá fora, depois mesas e hoje tem um espaço interno, mas já está pequeno”, diz o empresário Raphael Mendes da Cunha Neto, acrescentando que a fábrica, que opera hoje em um imóvel na Severiano Sarmento, está de mudança para um grande galpão no Poço Rico. “Mas talvez o Rapha pense em alguma coisa para manter a lojinha. É muito significativo hoje sermos uma empresa nacional, mas com esta portinha aqui em Juiz de Fora. Tenho orgulho de ser daqui, de levar o nome da cidade ao Brasil inteiro”, observa ele, que frequentemente fala de si na terceira pessoa.

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“É algo que sempre fiz, mas que acaba vindo a calhar com a empresa (risos)”, explica Raphael, que caiu no setor de alimentação – de deleite gastronômico, para ser mais precisa – um tanto por acaso. A ideia, lá pelos idos de 2011, era concluir o curso de educação física na UFJF e atuar na área, mas o tino para os negócios acabou levando-o a trabalhar para que o consumo de calorias em vez da queima delas “Foi um momento decisivo da vida. Tinha quebrado o braço, o que me impediria de ser educador físico de imediato. Além disso, uma pensão que recebia do meu pai e me ajudava nos custos estava para acabar. Tentei várias vezes vagas no mercado, mas sempre dava alguma coisa errada. Tudo conspirava para que eu continuasse fazendo bolo de chocolate”, relembra Rapha. “De fato, o brownie fez nascer um outro Rapha. Mais determinado, com mais proatividade, menos brincalhão. Ainda tenho muito dele, mas sou mais focado, mais organizado, porque preciso”. “De vez em quando os dois Raphas entram em choque?”, pergunto. “Que nada, me dou muito bem comigo mesmo (risos)”.

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‘Troquei muita cebola’

Foto: Fernando Priamo

Como o destino é cheio das ironias, se não tivesse quebrado o braço, talvez Raphael não tivesse se aventurado a fazer os bolinhos que hoje enchem a boca e os olhos da gente. “Estava assistindo Ana Maria Braga e o convidado era o Luiz, do Brownie do Luiz, do Rio de Janeiro, que na época vendia o seu na faculdade. Vi a receita, vi que era fácil, só misturar os ingredientes… e resolvi tentar repetir. Fui ao Bahamas com minhas economias, comprei os ingredientes e decidi que tentaria reproduzir até ficar bom, o que só aconteceu no nono tabuleiro, hoje sei que por causa do meu forno. mas eu teria feito quantos fossem preciso para acertar”, recorda-se ele. Depois do acerto, os brownies passaram a ser vendidos em um cybercafé em que Rapha trabalhava, depois sua casa virou centro de fabricação dos produtos para serem vendidos em empresas, e QG de vendas por delivery, com a ajuda de um amigo que fazia as entregas de moto e outros que atuavam na produção.

Quando a fornada já saía perfeita de primeira, Raphael, inquieto, resolveu criar sua própria receita. Com a criação original, Rapha escreveu à produção do Mais Você e depois de contar sua história no programa de Ana Maria Braga, as vendas explodiram. “As pessoas descobriram onde o Rapha morava e tocavam o interfone mesmo, era uma loucura. Mas mesmo depois da loja eu perdi muito dinheiro, porque não tinha noção de administração, então troquei muita cebola, mesmo vendendo muito. Nunca parei de me especializar,e faço isso até hoje”, conta o empresário. “Não para mesmo. Aliás, como regra geral na vida, ele não para, é difícil acompanhar o ritmo, mas agora ele vai ter que desacelerar um pouquinho”, intervém Camila, com a mão na barriguinha de 4 meses que começa a aparecer, em que carrega Isabela.

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‘Não acredito em sorte’

Com a chegada de Isabela, Rapha pretende, literalmente, desacelerar um de seus hobbies preferidos: correr em motódromos. “Adoro moto, mas sei que é um passatempo perigoso, por mais que eu tenha cuidado. Posso dizer que não tenho medo de nada nesta vida, mas não quero correr o risco de não estar aqui para milha filha”, diz o empresário, decidido a não repetir uma história como a sua. “Nunca conheci meu pai, então quero que ela cresça sabendo que estou aqui: para ensinar, apoiar, para estar junto.”

Embora tenha tido ajuda de amigos e familiares, Raphael conta que muito de sua caminhada até se tornar uma das marcas mais populares no segmento, com mais de 1,5 milhão de seguidores no Facebook, foi de passos solitários. “Precisei me impor, porque minha família não acreditava que eu pudesse fazer sucesso vendendo bolo. Tive apoio, mas ninguém botava fé de que dava para viver disso”, recorda-se ele, que ainda hoje coloca a mão na massa, no sentido estrito e metafórico do termo. “Outro dia peguei a moto e entreguei um ovo de Páscoa em Matias Barbosa, porque o cliente reclamou que não tinha chegado e os Correios estavam de greve. Uni o útil ao agradável: cumpri o papel da empresa e ainda caí na estrada de moto (risos).”

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Da infância brincando nas ruas do Linhares até os dias de império de chocolate, Raphael não guarda arrependimentos. “Não acredito em sorte. Acho que tudo que a gente faz com vontade dá certo, mesmo que demore. O que acontece é que as pessoas desistem no meio do caminho. E eu não sei desistir.”

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