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JF Terra de empreendedores: José Mariano, médico e empresário

Foto: Marcelo Ribeiro
Foto: Marcelo Ribeiro
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O relógio de pulso sempre à mostra marca o tempo até o próximo compromisso. O celular, cheio de notificações e chamadas, lembra das reuniões, frutos das diversas ocupações. Neto, filho e pai de médicos o anestesiologista José Mariano Soares de Moraes divide seu tempo entre as viagens em função do trabalho, as aulas em duas instituições de ensino, a coordenação de um programa de pós-graduação e o descanso na roça, com a família. Entre o jaleco, os livros e a pasta de negócios, o diretor-superintendente do Hospital Monte Sinai, presidente do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus e diretor-presidente da Faculdade Suprema acredita que sua vocação sempre foi a assistência à saúde.

Com 60 anos de idade, sua trajetória profissional se mistura à sua história. Seguindo a influência do avô e do pai, também anestesiologista, José Mariano sempre quis ser médico, objetivo que alcançou em 1979, quando se graduou em Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Apesar de nunca ter planejado se tornar um gestor, ele acredita que a vida o levou a exercer a gestão empresarial. Já ajudava o pai, sócio do antigo hospital Silveira Ramos, a administrar o empreendimento antes de finalizar a graduação. Quando se graduou, o desejo de colocar em prática todo o aprendizado fez com que se unisse a outros médicos recém-formados, formando o grupo que idealizou o Hospital Monte Sinai. A partir de 1988, quando o hospital foi inaugurado, seus compromissos com a gestão aumentaram, tornando constante a tentativa de continuar a dedicação, também, à anestesia.

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Assistência às pessoas

“Quando lidamos com a assistência a pessoas, queremos, ao terminar, ter a sensação de que fizemos o que de melhor podia ser feito. Isso, obviamente, não depende só da vontade. É necessário ter estrutura física, tecnológica e humana. Foi isso que motivou aquele grupo de profissionais a construir uma organização que aliasse tudo isso”, conta. Inicialmente formado por ele e mais três pessoas, o grupo de médicos que iniciou o empreendimento que resultou no Hospital Monte Sinai hoje tem dezenas de membros e corpo clínico aberto. Anos depois, em 2000, com o objetivo de viabilizar a assistência à saúde pública, surgiu o projeto da Faculdade Suprema. Em seguida, surgiram outras oportunidades. Com elas, responsabilidades que ele encara com seriedade.

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“Em 2005, a Maternidade Therezinha de Jesus estava em uma situação pré-falimentar, em virtude de uma série de problemas. O Governo municipal resolveu intermediar uma negociação, e a Suprema acabou assumindo a instituição. Por meio de um convênio com a Secretaria de Estado de Saúde, transformamos a maternidade em um hospital geral. Na época, havia 16 leitos, e hoje o hospital opera com 290”, lembra. “Começaram a aparecer outros desafios, como quando a administração municipal nos chamou para assumir a Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Santa Luzia. Aceitamos, e foi nessa situação que fomos convidados para ir para o Rio de Janeiro, onde fizemos o gerenciamento de cinco hospitais e quatro UPAs. Também gerenciamos uma UPA em Contagem e temos outros projetos no Brasil todo. Paralelo a isso, também no ramo de ensino, o grupo Suprema acaba de marcar o primeiro vestibular da Faculdade de Medicina de São José dos Campos (SP) e, até janeiro de 2018, faremos o primeiro vestibular da Faculdade de Medicina de Três Rios (RJ).”

Questionado sobre o sentimento de participar de tantos projetos em um segmento literalmente ligado à vida das pessoas, ele se mostra consciente. “No total, o grupo emprega mais de 12 mil colaboradores em todas as unidades. Isso tudo traz uma amplitude muito grande da organização. Atuamos no terceiro setor, na assistência à saúde pública, e é uma coisa que nos traz muito orgulho. A população mais humilde do país, principalmente hoje, está muito sofrida, então quando se encontra uma assistência tecnicamente correta, humanizada e ética, sem dúvida nenhuma, traz um retorno, que é a gratidão e o reconhecimento que a população tem.”

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Cidade especial

Nascido e criado em Juiz de Fora, José Mariano conhece várias cidades brasileiras e já morou no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos. No entanto, nunca pensou em sair de Juiz de Fora, definida por ele como uma cidade “especial”, lugar onde também se casou e criou três filhos. “Morei cerca de quatro anos em outros lugares, mas sempre tive vontade de atuar aqui. Gosto muito da cidade, e não é porque não conheço outros lugares, mas Juiz de Fora é uma cidade especial. Ela não tem os problemas das grandes cidades e também não é uma cidade pequena, está perto de grandes centros e ainda oferece qualidade de vida. Além disso, é uma cidade onde há espaço para crescer.”

Sobre as pessoas que o influenciaram durante sua trajetória, o anestesiologista pensa um pouco. Emocionado, fala sobre o pai, que faleceu quando ele ainda cursava o primeiro ano da Faculdade. “Perdi meu pai muito novo, mas sem dúvida, ele foi um exemplo motivador. Era um objetivo ser igual a ele.” O especialista, no entanto, não enumera suas referências. “Eu acho que tive várias pessoas que me influenciaram. Dizer nomes pode me levar a pecar em esquecer alguém, mas sem dúvida admiro muita gente, na minha própria formação. Muitos outros foram exemplos e cativantes para assumir esses desafios.

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União que faz a força

Marcante pelas respostas objetivas e diretas, José Mariano se lembra de, em todas elas, destacar a importância do trabalho em conjunto desenvolvido com os sócios desde o começo dos empreendimentos. Confiante na famosa máxima “a união faz a força”, ele não enxerga prejuízos na prática de se associar a outras pessoas. “Sou contra esse negócio de dizer que o sócio é um problema. Eu acho que é uma grande solução! Na vida, temos sócios dentro de casa: somos sócios dos nossos cônjuges e dos nossos filhos, por exemplo. Em tudo temos que nos associar a alguém, então, já que é para juntar forças, vamos juntar de uma maneira boa. Se não fosse por meus sócios, não teríamos o melhor hospital e a melhor escola de Medicina da região.”

Quando o assunto é empreender, ele volta a se lembrar do trabalho dos colegas e do sentimento que os uniu. “O exercício de empreender foi resultado da vontade de prestar uma assistência médica de qualidade em um ambiente tecnologicamente adequado, com um relacionamento ético e humanístico dentro da instituição.” Para o negócio dar certo, no entanto, a receita é nunca se acomodar. “O empreendimento é algo que não tem fim: se você achar que atingiu a excelência, é o momento que se começa a cair. Um hospital e uma escola, por exemplo, são organismos vivos: deve-se melhorar, aprender e construir constantemente.”

 

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