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Fábio Sanches, professor da UFJF, morre aos 51 anos

Fábio Sanches, professor da UFJF, morre aos 51 anos

(Foto: Arquivo pessoal)

fabio sanches
(Foto: Arquivo pessoal)
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Morreu, na manhã desta terça-feira (28), aos 51 anos de idade, o climatologista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fábio Sanches. Até o momento, a causa do óbito ainda não foi divulgada. O enterro acontecerá em São Roque, no estado de São Paulo, conforme divulgou a Universidade.

Em nota, a UFJF prestou solidariedade à família, amigos, colegas e alunos do professor, “cuja trajetória deixa um exemplo de dedicação ao ensino, à pesquisa e ao avanço do conhecimento científico”. A Associação Brasileira de Climatologia, em seu perfil no Instagram, também comunicou o ocorrido, se solidarizando com os amigos e familiares.

Thiago Lobão Cordeiro – chamado por Fábio de “Lobão” desde o dia em que se conheceram – foi aluno do climatologista na graduação da Unisal de Lorena, no curso de licenciatura em Geografia, de 2007 até 2009.

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“Foi um dos professores que me incentivou a continuar estudando. Dizia que era possível fazer mestrado em uma universidade pública mesmo vindo de uma particular e sempre contava a própria história de vida para nós. Me engajei mais nos estudos nesse período e um professor do Inpe me concedeu uma bolsa de iniciação científica. Fábio foi decisivo naquele momento da minha vida. Fico muito feliz, pois pude falar isso para ele quando nos reencontramos na UFJF.”

Esse encontro aconteceu quando Thiago ingressou no doutorado na UFJF. “Apareceu uma demanda para acessar dados climatológicos do reservatório de Chapéu D’Uvas, por conta de projetos do NIASSA, situado na fazenda experimental da universidade. Uma amiga do programa falou que tinha um professor da Geografia na área de Climatologia, e quando me falou o nome dele foi uma grande surpresa e feliz coincidência. Marcamos uma reunião e nos reencontramos depois de muitos anos. Estreitamos algumas iniciativas, ele ajudou a instalar uma estação meteorológica na fazenda e algumas ideias de projetos estavam ganhando forma”, relata.

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“É uma grande perda, lamento por ter ido embora tão cedo e com tantas coisas por fazer. A trajetória acadêmica dele foi um exemplo e um incentivo de que é possível alcançar nossos objetivos e sonhos, independente do lugar de onde veio ou de onde se formou. Sempre foi um professor amigo que interagia com os estudantes, de forma respeitosa e sem hierarquia – fazia questão disso”, destaca Thiago.

Trajetória acadêmica

Fábio graduou-se em Geografia pela Universidade de Sorocaba em 1996. Em 2002, concluiu o mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, onde investigou os efeitos da formação do reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, nas precipitações locais. Posteriormente, em 2013, obteve o doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com foco nos impactos das mudanças climáticas sobre a dinâmica da arenização no sudeste do estado.

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Na UFJF, além de suas contribuições no ensino de graduação, atuou como docente nos Programas de Pós-graduação em Geografia (PPGEO/UFJF) e em Ambiente Construído (PROAC/UFJF). Exerceu também a função de professor visitante no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal da Grande Dourados (PPGG/UFGD).

Em seu legado acadêmico, Sanches trabalhou com pesquisas voltadas à variabilidade climática, mudanças climáticas e eventos extremos, além da influência de lagos artificiais e reservatórios hídricos na climatologia local. Com reconhecimento de ser um dos principais pesquisadores do Brasil sobre esses temas, atuou na Associação Brasileira de Climatologia, onde foi Diretor-Secretário (2014-2016), Diretor-Presidente (2016-2018) e membro do Conselho Deliberativo (2018-2020).

Além disso, contribuiu como editor em importantes revistas científicas, como a Revista Brasileira de Climatologia e o International Journal of Climatology, além de atuar como revisor para periódicos renomados.

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Fábio também foi fonte para diversas matérias da Tribuna que tratavam sobre as variações do clima em Juiz de Fora. Sempre solícito e atencioso, o professor não hesitava em atender diferentes repórteres do jornal.

*Estagiário sob a supervisão da editora Carolina Leonel

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