Apenas 11,75% da população juiz-forana tomou a dose da vacina bivalente contra a Covid-19. A informação foi disponibilizada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) Juiz de Fora. A baixa cobertura vacinal no município chama a atenção no contexto da confirmação do primeiro caso da subvariante EG.5 da Covid-19 no Brasil. Apesar de, a princípio, a nova variante não demonstrar maiores ameaças, a imunização é o principal mecanismo de combate e proteção contra a doença.
A informação da cobertura vacinal da bivalente apresentada pela SES-MG foi extraída do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) do Ministério da Saúde na quarta-feira (23). Como destacado pela pasta, os dados são parciais e estão sujeitos a alteração. As doses de reforço também demonstraram baixa cobertura vacinal no município, de acordo com informações do “Vacinômetro” disponibilizado pela SES-MG.
Em Juiz de Fora, a quarta dose foi aplicada em apenas 26,24%. Considerando a terceira dose, a adesão chega a 60,08%. Já a campanha de imunização com a segunda dose e vacinas com dose única atingiu 75,86% do público-alvo. A primeira dose contra a Covid-19 foi aplicada em 81,47% da população juiz-forana apta a receber o imunizante.
A vacinação é a principal medida para evitar a disseminação de novas variantes da Covid-19 que surgem e possam surgir, conforme o infectologista e responsável pelo Setor de Vigilância em Saúde do HU-UFJF, Rodrigo Daniel. A última vacina a ser disponibilizada foi a bivalente, que oferece a proteção contra o vírus original da Covid-19, bem como contra a variante Ômicron, da qual descende a EG.5. “As pessoas que não receberam doses da vacina bivalente deveriam recebê-la, porque isso dificulta a entrada e a disseminação dessas novas subvariantes que possam vir a aparecer.”
Variante de interesse
A subvariante EG.5 da Covid-19, a princípio, não é considerada de risco, não apresentando também alteração de sintomas em comparação com as demais. Por este motivo, ela foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “variante de interesse”, que, apesar de não existir indícios, até então, de ser mais grave, ainda deve ser monitorada, de acordo com o especialista.
“As variantes de interesse são chamadas assim porque têm alterações genéticas que podem ter potencial de dar problema, seja em números de casos, de mais pessoas se infectarem ou de maior gravidade. Nesse caso, as principais alterações sugerem que ela possa escapar da imunidade prévia anterior, mas não existem indícios de que ela tenha característica de ser mais virulenta até o momento.”
‘Vacina é prevenção’
Conforme Daniel, o surgimento de uma nova variante não é motivo de pânico, pois é normal que outras apareçam com o tempo. Porém, o infectologista destaca que a imunização deve ser priorizada enquanto o cenário epidemiológico é positivo, e não quando ocorrerem novos surtos da doença.
“Eu entendo que as pessoas ficaram esgotadas porque há muita informação de vacina, mas o ideal é que não esperassem ter um novo surto”, diz. “As pessoas só vão fazer fila (para se vacinar) se começar a acontecer tudo de novo, e aí, às vezes, elas vão ter dificuldade de receber doses porque deixaram para quando acontecesse o problema. A vacina é prevenção, não é uma medicação que você procura quando dá tudo errado. Então, agora é a hora de tomar a vacina e garantir, pelo menos, uma dose dessa bivalente e, com isso, dificultar o surgimento de novos surtos.”
Caso de nova variante é confirmado em SP
O primeiro caso da subvariante EG.5 no Brasil foi confirmado no último dia 17 pelo Ministério da Saúde (MS). De acordo com o órgão federal, o caso foi registrado no Estado de São Paulo, em uma paciente de 71 anos. Os primeiros sintomas apresentados pela idosa foram febre, tosse, fadiga e dor de cabeça em 30 de julho, sendo que ela fez a coleta para exame laboratorial em 8 de agosto. A paciente já está curada e, conforme o MS, a informação é que ela está com o esquema vacinal completo.
A pasta destaca a vacinação como principal medida de combate à Covid-19, com a atualização das doses de reforço. Além disso, a recomendação é que grupos de maior risco de agravamento pela doença continuem a seguir medidas de prevenção e controle não farmacológicas, o que inclui o uso de máscaras em locais fechados, mal ventilados ou aglomerações, além do isolamento de pacientes infectados com o coronavírus. A orientação se estende a pessoas com sintomas gripais.
Ainda segundo o MS, está disponível em toda a rede do SUS, de forma gratuita, o antiviral nirmatrelvir/ritonavir. O medicamento é utilizado no tratamento da infecção pelo vírus logo que os sintomas aparecerem e se houver confirmação de teste positivo.
Cenário epidemiológico estável
No último mês, o cenário epidemiológico da Covid-19 permaneceu estável em Juiz de Fora, com poucas novas confirmações para a doença. De acordo com o último boletim da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), do início da pandemia até o dia 16 de agosto, a cidade contabilizava 77.917 casos de Covid-19 e 2.405 óbitos causados pela doença. Um mês atrás, no boletim de 17 de julho, o número era de 77.902 confirmações e 2.401 mortes.
Por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde da PJF, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Jonathan Ferreira Tomaz, apontou que é normal que haja preocupação diante do surgimento de novas variantes, mas reforçou que o município ainda não registrou casos da EG.5. “É importante, embora que mantenhamos um cenário epidemiológico adequado, que a população continue a fazer o seu papel, buscando pela vacinação.”