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Assistente social radicada em JF é indicada ao Prêmio Zilda Arns 2021

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A assistente social Lidiane Charbel Peres, natural de São João del-Rei, mas radicada em Juiz de Fora há 19 anos, onde atua em trabalhos em prol dos idosos, foi indicada ao Prêmio Zilda Arns 2021 pela Defesa e Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa. A honraria foi criada pela Câmara dos Deputados, em 2017, e homenageia a médica Zilda Arns que atuou em causas humanitárias e sanitaristas e é uma das fundadoras da Pastoral da Criança.

“Só a indicação para essa premiação, que tem amplitude internacional, já é um prêmio. É o reconhecimento de um trabalho que pessoas ou instituições desenvolvem em favor da pessoa idosa. Essa indicação veio num momento de realização no sentido de que as coisas, mesmo em um ano tão caótico com a questão da pandemia, estão começando a entrar no eixo e a fazerem sentido. Para mim, essa indicação está sendo um prêmio pela dedicação, esforço, atenção e pelo carinho que tenho nessa questão do envelhecimento”, comemora emocionada Lidiane.

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O trabalho de Lidiane em Juiz de Fora chamou a atenção do presidente da Comissão do Idoso da Câmara, o deputado Dr. Frederico (Patriota/MG), que fez a indicação do nome dela pela atuação que desenvolve, a fim de fomentar o debate para investimentos em políticas públicas que envolvam idosos e sobre a questão das instituições de longa permanência de idosos (ILPIs).

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“A pandemia trouxe à tona a realidade dessas instituições no Brasil, fazendo muitas pessoas conhecerem qual é o papel delas. Por serem um ambiente de vivência coletiva, os casos de Covid-19 começaram a surgir dentro desses espaços e, com isso, teve início um movimento nacional chamado Frente Nacional de Fortalecimento das ILPIs”, ressalta Lidiane, que é membro desse movimento como voluntária, fazendo parte de um grupo de pesquisa, em âmbito nacional, com diversos pesquisadores para monitoramento do número de ILPIs no Brasil e do perfil dessas instituições. Ainda dentro dessa Frente, ela já trabalhou em grupos para elaboração de cartilhas.

“Essa Frente Nacional começou a trabalhar com todas essas instituições do país e com vários profissionais ligados à área do envelhecimento, como médicos, promotores, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos e cuidadores com o objetivo de fortalecer o trabalho nessas instituições”, afirma a assistente social, que teve também uma trajetória de oito anos no Conselho Municipal do Idoso de Juiz de Fora, primeiro como ouvinte convidada entre 2011 e 2013, depois como conselheira, de 2013 a 2014, como secretária na Mesa Diretora, de 2014 a 2016, vice-presidente entre 2016 e 2017 e como presidente de 2017 a 2019.

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“As pessoas precisam se enxergar nesse processo e criar políticas e legislação em cima do processo real, vendo que o envelhecimento é heterogêneo e precisa abarcar idosos de norte a sul, da zona rural e da zona urbana, institucionalizados ou não”, defende Lidiane (Foto: Arquivo Pessoal)

“Desse período, destaco o trabalho no qual conseguimos trazer para o Conselho e fomentar o Fórum de ILPI, que hoje funciona de forma autônoma e se denomina Associação de ILPIs de Juiz de Fora. Também realizamos, com recursos próprios dos conselheiros, a 5ª Conferência Municipal Dos Direitos da Pessoa Idosa, que marcou muito, porque contou com um número recorde de idosos, com 80% dos participantes com idade igual ou acima de 60 anos. Também conseguimos regulamentar o Fundo do Idoso com a criação de CNPJ próprio e conta específica e, com isso, recebemos uma doação da ArcelorMittal no valor de mais de R$ 400 mil para custear um espaço de cuidado para pessoas idosas, que já está em processo de edital e aguarda o fim da pandemia para o lançamento”, disse Lidiane.

Apesar dos avanços nessa área, a assistente social considera que o Brasil ainda tem muito a fazer para melhorar a vida dos idosos. “É preciso que, minimamente, quem está envolvido nessa parte de criação de políticas e de legislação conheça questões sobre o envelhecimento, entender o que é esse processo, para que, de posse desse entendimento, consiga produzir políticas que sejam de fato eficazes no sentido de atingir a população idosa. É necessário entender que não tem diferença entre um idoso institucionalizado e um não-institucionalizado, porque observamos que existem muitas ações voltadas para o idoso que não está institucionalizado e, com isso, as ILPIs acabam ficando à deriva e ainda é preciso que algumas legislações sejam atualizadas, como o Estatuto do Idoso, que é de 2003 e só passou por três pequenas atualizações que não fizeram diferença. É preciso trazê-lo para a realidade para melhorá-lo e criar políticas ouvindo os idosos, fortalecendo os espaços onde eles participam”, ressalta.

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Ela ainda avalia que a sociedade e o poder público carecem de uma mudança no olhar para o envelhecimento. “As pessoas precisam se enxergar nesse processo e criar políticas e legislação em cima do processo real, vendo que o envelhecimento é heterogêneo e precisa abarcar idosos de norte a sul, da zona rural e da zona urbana e institucionalizados ou não”, afirma a assistente social, que também é estudante de pós-graduação em Gerontologia e Políticas sociais, Família, Criança e Adolescente.

Segundo Lidiane, a lista com indicações ao prêmio conta com 32 pessoas ou instituições. A escolha dos cinco premiados será feita no dia 18 de agosto, por um conselho composto pela segunda-secretária da Mesa Diretora da Câmara, deputada Marília Arraes (PT-PE), por membros da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa e por um representante de cada partido político com assento na Câmara, caso a bancada não possua membro titular na comissão. A previsão é de que os escolhidos recebam o prêmio em uma solenidade marcada para 29 de setembro, em Brasília, caso seja possível em razão da pandemia.

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